Este artigo é resultado de parte da pesquisa desenvolvida para a elaboração da minha tese de doutorado, realizado entre 2014 e 2018, e tem como objetivo compreender de que maneira a entrada das Organizações Globo no mercado cinematográfico nacional oferece novos contornos à própria maneira de se fazer cinema no Brasil. Para tanto, observa o processo de aproximação dos campos do audiovisual, sobretudo o cinema e a TV, e o posicionamento estratégico da Globo neste contexto. O que se percebe é que, com o advento das transformações nas tecnologias de informação e comunicação, a Globo recorre a outras esferas da produção audiovisual para sustentar e ampliar sua hegemonia nos meios de comunicação, reestruturando a cadeia produtiva do cinema.
O artigo tem como objetivo central observar as complexidades da formação profissional em cinema e audiovisual em nível superior no Brasil atentando para as recentes transformações nas políticas públicas educacionais nas últimas décadas, tomando como recorte empírico o período de 1995 a 2016. Observa-se que, embora o crescimento significativo no número de cursos e matriculados em instituições públicas, notadamente, nas Universidades Federais seja de grande importância, as instituições privadas de ensino ainda assumem posição central na formação de profissionais do cinema e do audiovisual. Articulada a essa observação, nota-se também a centralidade que as exigências do dinâmico mercado de trabalho no campo do cinema e do audiovisual ocupam na estruturação dos cursos de nível superior.
A reestruturação produtiva no último meio século e suas consequências no mundo do trabalho fizeram emergir no campo das Ciências Sociais debates que colocaram em questão a centralidade do trabalho para a compreensão das novas dinâmicas do capitalismo. Deste debate participaram nomes como André Gorz, Claus Offe e Jürgen Habermas, por um lado e por outro, autores como István Mészáros, Sérgio Lessa e Ricardo Antunes. Ao retomar na obra marxiana a dimensão mais ampliada da categoria trabalho e situá-lo em sua perspectiva ontológica, é possível compreender a complexidade das formas de trabalho no capitalismo contemporâneo analisando-o a partir das suas metamorfoses e do surgimento de novas – e precárias – formas de assalariamento.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.