, amigos novos e antigos, por compartilharem, cada um à sua maneira, histórias e leituras de mundo nas infindas conversas; a Deco, Gui e Flávia Helena, pelo carinho e apoio incondicionais; e, claro, a Ana Maria e Pierre, por compreenderem, sempre.
Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que a publicação original seja corretamente citada. http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR http://dx.doi. org/10.15448/1984-7726.2017.2.26080 A personagem de autoficção: anotações de uma hipótese para textos futuros A maior tentativa é sugerir que o pacto ficcional forte e inequívoco que o romance firmou talvez seja uma exceção na história da literatura e que o pacto ambíguo que a autoficção agora propõe talvez seja uma espécie de reedição da instabilidade ontológica que foi suprimida pelo romance tradicional. Palavras-chave:Autoficção; Romance; Personagem; NarradorAbstract: This article has the strange attempt to gather some initial ideas for future approaches on the phenomenon of autofiction. Without disregarding the long and controversial debate around the term, it seeks to analyze it in the light of the classic A personagem de ficção and of the insufficiency of the concept of fiction as proposed by Catherine Gallagher (2009). The major attempt is to suggest that the strong and unequivocal fictional pact that the novel established may be an exception in the history of literature and that the ambiguous pact that autofiction now proposes may be a kind of update of the ontological instability which has been suppressed by the traditional novel.Keywords: Autofiction; Nnovel; Character; Narrator You know who I am / you've stared at the sun Well I am the one who loves / changing from nothing to one Leonard CohenPerto do final de Em busca do tempo perdido, o narrador relembra o momento em que recebeu a notícia da morte de Robert de Saint-Loup, amigo de longa data que acabara de retornar ao front da Grande Guerra. Abalado, ele adia planos e se põe a recordar passagens da amizade, desde o dia em que haviam se conhecido num hotel à beira-mar até os relatos que agora lhe chegavam e diziam que Saint-Loup por generosidade se lançara às trincheiras inimigas.E tê-lo visto, em suma, tão pouco, em sítios tão vários, em circunstâncias tão diversas e separadas por longos intervalos, naquele hall de Balbec, no café de Rivebelle, no alojamento dos oficiais de cavalaria e nos jantares militares em Doncières, no teatro onde esbofeteara um jornalista, em casa da princesa de Guermantes, dava-me, de sua vida, quadros mais sugestivos, mais nítidos, da sua morte um sofrimento mais lúcido do que os em regra deixados por pessoas mais amadas, vistas, porém, tão continuamente que a imagem se lhes dilui numa espécie de vaga média de uma infinidade de figuras insensivelmente diferentes (PRouST, 2006, p. 186-187).Centenas de páginas depois, o narrador conta que estava chegando a uma recepção no palácio dos Guermantes quando um desnível nas pedras do pátio o fez recordar do calçamento de uma igreja veneziana, e foi justamente essa recordação involuntária, essa reminiscência do corpo que então o fez refletir sobre a natureza do tempo e da memória e conce...
O artigo busca representar um processo de releituras, reescrituras, reaproveitamentos e reflexões acerca de determinados autores contemporâneos do romance e da historiografia. Em comum, esses romancistas e historiadores teriam uma escrita que enfatiza o próprio escrever do texto e, com isto, coloca o narrador em outra posição dentro da estética realista e da retórica historiográfica. Por meio de procedimentos textuais que descrevem e simulam o esboçar, o rasurar, o reescrever, o revisar, o refutar, o recomeçar e o continuar a escrever, os autores analisados entram no texto, questionam e reformulam tanto o realismo dito formal e oitocentista, quanto o método empírico da pesquisa histórica, igualmente associado ao século XIX – ambas as escolas com sobrevivências e desdobramentos ao longo dos últimos cem anos. No movimento de escrita do artigo, a leitura, a análise e a releitura desses autores abrem espaço para alguns imprevistos e reflexões acerca da forma do texto acadêmico.
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