O automóvel figura em destaque no rol dos bens mais cobiçados, sendo sobrepujado apenas pela casa própria e pelo próprio negócio -associados, respectivamente, à conquista de segurança e à independência. Mesmo assim, ocupa, para muitos, o primeiro lugar nessa lista, pois expressa status, prestígio, poder, realização, liberdade. "A imagem de que mais gosto é me ver refletido naquelas vidraças dos prédios dirigindo o meu carro", declarou um motorista a uma revista especializada em automóveis. O carro é uma vitrina.Bens inacessíveis para a expressiva maioria da população -alguns de seus modelos chegam a custar mais do que imóveis de médio padrão -, os automóveis podem ser classificados em diferentes categorias: novos e usados, nacionais e importados, instrumentos de trabalho e de passeio, esportivos e conservadores, populares e luxuosos etc.Os mais desejados são, sem nenhuma dúvida, os novos. O carro OK exala o característico cheirinho de novo. O plástico que recobre seus bancos evoca a integridade do hímen. Para o seu proprietário, a nota fiscal da concessionária equivale a um atestado de virgindade -"eu fui o primeiro!". Recente anúncio publicado em jornais diários de circulação nacional estampava os seguintes dizeres: "Nova concessionária Honda. Venha tirar o plástico dos bancos". Macluhan (1979, p. 246) já rotulara o automóvel de objeto sexual, chamando-o de "noiva mecânica".
Professor titular do Departamento de Antropologia -USPO ano: 1978, salvo engano. O professor João Baptista Borges Pereira anunciava que o professor Egon Schaden decidira entregar a prestigiosa Revista de Antropologia, órgão oficial da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), aos nossos cuidados. "Nossos" traduzia o restrito nú-mero de professores que integravam a área de Antropologia do então Departamento de Ciências Sociais da FFLCH-USP.A Revista seria nossa, mas sob certas condições. Em primeiro lugar, dever-se-ia manter seu tradicional projeto gráfico, sobretudo a cor amarela, sobre a qual se destacavam, na capa, as letras impressas em preto. Cláusula de preservação da identidade do periódico, não caberia justamente aos antropólogos desacatá-la. Em segundo, era preciso reorganizar e ampliar o arquivo de endereços dos pesquisadores e das instituições para os quais o professor Schaden remetia, pessoalmente, os exemplares da Revista, e com isto obtinha, mediante permuta, preciosos periódicos nacionais e estrangeiros para o acervo de nossa biblioteca. Foi providencial um auxílio financeiro da Fapesp para que essa tarefa se completasse. E, por último, a cada novo número um artigo de etnologia deveria abrir a publicação, em respeito à política editorial até então adotada (reconhecedora da importância dos povos indígenas), que incluía, ademais, o incentivo à elaboração de resenhas.Ficou estabelecido que a direção da Revista caberia ao professor João Baptista, e a mim, a função de secretário. A cada nova edição apresenta-
Este artigo analisa, de uma perspectiva evolucionária e interdisciplinar, critérios de escolha de parceiros heterossexuais com base no fator idade. A pesquisa em que se fundamenta focaliza um total de 3.000 proclamas de casamento publicados no jornal Diário de Notícias de São Paulo, em setembro e outubro de 1996. A publicação de proclamas é um requisito formal para a legalização de uma união civil. Os homens, de modo geral, preferiram casar-se com parceiras mais novas que eles, aumentando essa diferença de idade à medida que se situavam em faixas etárias mais avançadas. A única exceção ficou por conta daqueles que se casaram muito jovens, com menos de 20 anos, que buscaram parceiras um pouco mais velhas que eles próprios. As mulheres jovens, por sua vez, casaram-se com homens mais velhos, mas esta tendência diminuiu com o aumento da idade, chegando a se inverter nas faixas de idade mais avançada. De forma geral, o padrão de preferência pela idade do parceiro contraria a regra da atração pelo similar, um dos princípios de seleção de parceiros melhor estabelecidos, mas é compatível, grosso modo, com os pressupostos da teoria evolucionária.Palavras-chave: seleção de parceiros, evolução, estratégias reprodutivas.
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