Eventos adversos (EAs) são definidos como complicações indesejadas decorrentes do cuidado prestado aos pacientes, não atribuídas à evolução natural da doença de base. Afetando em média 10% das admissões hospitalares, constituem atualmente um dos maiores desafios para o aprimoramento da qualidade na área da saúde: a sua presença reflete o marcante distanciamento entre o cuidado ideal e o cuidado real. Quando decorrentes de erros, são denominados EAs evitá-veis. Cabe ressaltar que 50% a 60% dos EAs são considerados passíveis de prevenção. Em geral, a ocorrência destes eventos inesperados não acarreta danos importantes aos pacientes. Entretanto, incapacidade permanente e óbito podem ocorrer. Estima-se que 1.000.000 de EAs evitáveis ocorram anualmente nos EUA, contribuindo para a morte de 98.000 pessoas. Eventos adversos cirúrgicos e aqueles relacionados ao uso de drogas correspondem às categorias mais freqüentes. Alguns fatores favorecem sobremaneira a ocorrência de EAs, destacando-se a idade dos pacientes, a gravidade do quadro clínico inicial, a existência de comorbidades, a duração e a intensidade do cuidado prestado, a fragmentação da atenção à saúde, a inexperiência de jovens profissionais envolvidos no atendimento, a sobrecarga de trabalho, as falhas de comunicação, a introdução de novas tecnologias e o atendimento de urgência. A presença de EAs deve ser interpretada como decorrente de falências nos complexos sistemas técnicos e organizacionais relacionados à atenção à saúde e não como resultado de ações isoladas praticadas por profissionais incompetentes. A adoção de medidas punitivas frente aos erros, prática muito freqüente na área médica, gerando atitudes de medo e desconfiança nos indiví-duos, em nada contribui para a prevenção dos mesmos, uma vez que induz à ocultação das falhas cometidas. O reconhecimento da real dimensão destes problemas representa uma oportunidade ímpar para o aprimoramento da segurança dos pacientes. Com o aprimoramento e difusão dos exames de imagem, cada vez mais nos deparamos com o diagnóstico incidental de lesões hepá-ticas nodulares. Muitas vezes, a ultra-sonografia solicitada para investigação de síndrome dispéptica, pré-natal ou mesmo seguimento sistemático em populações de risco, aliada à maior qualidade e rapidez das imagens, nos fornece como diagnóstico principal ou secundário este tipo de lesão.
RENATA MAHFUZ DAUD GALLOTTIO aprimoramento do diagnóstico frente a esta situação continua sendo um desafio, visto que dispomos de um amplo arsenal diagnóstico. Devido à elevada morbidade e mortalidade de lesões hepáticas malignas, quando não tratadas precocemente, este diagnóstico preciso se faz necessário.Por outro lado, muitas vezes, este processo investigativo é complexo, demorado e oneroso, além de gerar uma grande expectativa no doente, perda de horas de trabalho e exposição a riscos em alguns exames.A ausência de fatores de risco e sinais de alerta, tais como neoplasia maligna atual ou pregressa, emagrecimento, icterícia, hepatites B ou C, cirrose hepática, história familiar...