Neste artigo problematizo o uso de instrumentos e as práticas educacionais para o ensino da leitura. A partir de uma posição discursiva, parto da compreensão que capacitar/preparar/adequar promove, como efeito, o apagamento do trabalho simbólico do discurso, do trabalho que demanda uma posição significativa por parte do sujeito, isto é, daquilo que se constitui na/pela relação com o significante – a interpretação. Neste trabalho também mostro, a partir da análise de corpus, uma possibilidade de promover o deslocamento do sujeito de uma posição que busca a identificação de sentidos numa determinada superfície material, para uma posição que o coloque numa relação com o objeto simbólico que o provoque à produção de conhecimento à medida que o articula com os processos significativos da sua vivência no mundo.
As reflexões e as análises produzidas neste artigo derivam de um gesto de leitura filiado à Análise de Discurso sobre um arquivo constituído a partir de recortes midiáticos de circulação nacional e internacional. Analisamos nesse arquivo o funcionamento ideológico das formas discursivas – tais como "isso é uma gripezinha", "Eu sou, realmente, a constituição" e "E daí?" – que materializam a produção do "Brasil em diminutivo". Esse funcionamento estabiliza o universo semântico no qual se articulam sentidos de (des)compromisso com sujeitos, com espaços, com instituições, enfim, com trajetórias históricas, se ritmando por um trabalho partitivo em detrimento do coletivo, ou seja, esse funcionamento (re)produz uma política governamental que vai contra aquilo que seria próprio a um estado de direito: a responsabilidade com a(s) coletividade(s). Esse funcionamento ideológico que produz como uma de suas evidências "o Brasil em diminutivo" acirra a polaridade política, expondo a contradição de um governo que se retroalimenta pela prática da mistura entre evidência e absurdo, (re)produzindo formas totalitárias de poder e de dizer. A compreensão desse funcionamento torna visível, ainda, que, ao ser impactada discursivamente pela diminuição das questões sociais brasileiras, a cena política de hoje, no Brasil, é determinada pelo jogo político que (de)nega, silencia e censura as condições reais nas quais e por meio das quais a(s) coletividade(s) se (de)bate(m), demandando o reconhecimento de sua existência.
Em 10 de junho de 2020, o Pós-Graduação em Linguística teve a satisfação de receber o Prof. Dr. Pedro de Souza, docente da Universidade Federal de Santa Catarina, para uma entrevista sobre a canção em tempos de pandemia, realizada no ambiente Collaborate Ultra. Publicamos, nas páginas que se seguem, a versão impressa da entrevista. O Prof. Dr. Pedro de Souza é bolsista de produtividade do CNPQ. Em seu doutorado, realizou pesquisa sobre a performance vocal nos ditos e escritos de Michel Foucault. A voz e a palavra cantada são elementos que dão corpo às pesquisas por ele conduzidas. Em seus atuais projetos, ele investiga a constituição enunciativa e discursiva do sujeito e da voz em narratividades cinebiográficas que perfazem a história da MPB e em documentários sobre a vida de cantores. Nesta entrevista, ele dispõe elementos sobre a voz, o silenciamento, o sussurro e o grito, os quais nos afetam sobremaneira. Articulados às condições de produção atuais, nas quais o cenário que se desenha intensifica desigualdades, dissimetrias e violências em meio à situação pandêmica, Pedro nos presenteia com análises teoricamente consistentes, marcadas pela poética das canções derivadas de seus trabalhos e da força política de suas palavras. Palavras-chave: canção, pandemia, corpo, voz, análise de discurso.
ResumoO presente artigo objetiva discutir a infância no Brasil, baseado em fundamentos histórico-filosóficos que contribuam com noções de pessoa e dos processos contemporâneos de institucionalização para a adequação da criança às condições capitalistas. A ampliação desse debate é necessária para o direcionamento de ações pedagógicas que sejam voltadas para as reais proposições da educação, escapando dos efeitos que impelem a movimentos de medicalização da infância e da educação. Palavras chave: linguagem; sujeito; infância; educação; escola; escrita. AbstractThis article discusses childhood in Brazil based on historical and philosophical foundations that contribute to notions of personhood and contemporary processes of institutionalization to the adequacy of the child to capitalist conditions. The extension of this debate is required for targeting of educational activities that are geared to the actual propositions of education, escaping the effects that drive the movements of medicalisation of childhood and education.
Resumo: Partindo do domínio das Ciências da Linguagem, neste artigo objetivo apresentar observações analíticas a respeito dos efeitos da materialidade digital sobre os processos de escrita e de existência do sujeito numa relação entre os espaços físico e digital. Para isso, volto-me para os modos como são produzidos textos em dispositivos eletrônicos enquanto os sujeitos percorrem trajetos no espaço urbano. Como efeito, venho considerando que esse processo se dá por sujeitos do conhecimento, e não por usuários de dados numéricos/eletrônicos, possibilitando a sua existência.Palavras-chave: Escrita; Linguagem; Discurso; Tecnologia.Abstract: Domain Based on the Language Sciences, this article aim to present conjectures about the effects of digital materiality of the writing process and the existence of the subject in a relationship between the physical and digital space. For this, I turn to look at the ways in which texts are produced in electronic devices as subjects traverse paths in the urban space. In effect, I have been considering that this process occurs by subject knowledge, not by numerical / electronic user data, allowing its existence.Keywords: Writing; Language; Discurse; Technology. IntroduçãoNeste trabalho, apresento um percurso de pesquisa objetivando expor observações analíticas a respeito dos efeitos da materialidade digital e sobre os processos de escritura e de existência do sujeito numa relação entre os espaços físico e digital. Para isso, volto-me para aplicativos de dispositivos eletrônicos a fim de pensar o sujeito e a sua constituição na relação com a escrita no espaço digital.De modo diferente do que já foi discursivizado como análise de discurso na linguística e no campo da tecnologia da informação, voltando-se ao uso (pragmática) da tecnologia para operacionalizar uma análise textual 1 Pesquisa realizada durante o estágio Pós-doutoral realizado no Laboratório de Estudos Urbanos, na UNICAMP.
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