Esse artigo tem como objetivo discutir o conceito de práxis em Marx, o conceito de intelectual orgânico em Gramsci e as suas inter-relações em vista da efetivação emancipação humana, uma vez que, em ambos, está contida a concepção teórico-práxica, inerente ao método materialista histórico e dialético. O artigo traz a fundamentação dos conceitos a partir das obras de Marx, Marx e Engels e de Gramsci, assim como de comentadores. É possível inferir, que a práxis, segundo a perspectiva de Marx requer sujeitos concretos para sua efetivação e esse conceito está diretamente relacionado ao intelectual orgânico, na obra de Gramsci. Ambos, portanto, atuam na perspectiva da efetivação da emancipação humana.
ResumoEste trabalho tem como objetivo discutir o contexto da proibição do ensino de filosofia no período da Ditadura Militar no Brasil e a luta pelo seu retorno, inserido no conjunto das lutas em defesa da educação e da redemocratização do país. Para isso, utilizamos principalmente as obras de Cartolano (1985), Ridenti (2010), Saviani (1980, 2007) e Moraes e Carminati (2000). A retirada do ensino de filosofia e sua proibição no segundo grau se deu a partir da Lei n. 5.692 (1971), por não atender aos interesses políticos, ideológicos e econômicos e, em seu lugar, de maneira estratégica, foram inseridas as disciplinas de Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Educação Moral e Cívica, com o Decreto-Lei n. 869 (1969). Não se tratava de qualquer filosofia que foi retirada do currículo, mas aquela que constituía ameaça ao poder e à ordem vigente e caracterizava subversão política. A Ditadura Militar impôs a educação tecnicista, voltada aos valores morais e patrióticos, obscurecendo as ações repressoras e autoritárias do Regime Militar. Esse período foi acompanhado de resistência por parte de grupos organizados, movimentos estudantis, trabalhadores do campo e da cidade e de organização de professores nas universidades, no qual o ensino de filosofia se inseria. No final de década de 1970, os debates em torno do ensino de filosofia se fortalecem e, no ano de 1982, é permitido como optativo no então 2º grau.
Esse artigo objetiva discutir a eleição de José Rodrigues Vieira Netto como deputado estadual pelo Partido Comunista Brasileiro, no Paraná, em 1947, no contexto da legalidade do partido (1945-1947) e a construção de um projeto societário comunista em vista da transformação social. Apoia-se nas fontes arquivadas pela Delegacia de Ordem Política e Social no Paraná (DOPS-PR) que serviram para fichar, monitorar e processar os militantes comunistas a partir da década de 1930. Esse estudo insere-se no âmbito da História Intelectual e trabalha a partir do conceito gramsciano de intelectual orgânico na tentativa de mostrar as ações do partido no Paraná, privilegiando um olhar sobre o projeto societário comunista no estado e a eleição de Vieira Netto.
O trabalho de pesquisa aqui apresentado tem uma importância fundamental para se examinar e debater as reformas da educação propostas (ou impostas) pelo governo de plantão. Assume ainda uma relevância maior quando inserido na fase atual da luta de classes no Brasil, num momento de grave crise orgânica do capitalismo internacional cuja solução econômica e política parece distante. Neste momento de disputas geopolíticas marcadas pela ascensão de organizações de extrema-direita, o pensamento crítico sofre uma ofensiva ideológica de dimensões gigantescas, que faz emergir problemas sociais crônicos que estavam submersos no inconsciente coletivo revelando ao mundo as nossas contradições históricas.
Este artigo discute a intervenção política de Suplicy de Lacerda e Vieira Netto, no contexto paranaense entre as décadas de 1940 e 1970. Apoia-se em fontes históricas e nos conceitos de intelectual guardião da ordem moralizador ou de instituição e intelectual orgânico para problematizar os modos de atuação política dessas desses dois professores da Universidade Federal do Paraná. Assim, de um lado pode-se dizer que Suplicy de Lacerda personifica o modelo de intelectual que defende a universidade em nome de valores que ele considerava de ordem suprema (nação), cujo resultado foi a submissão dos interesses acadêmicos à lógica do campo político. De outro que Vieira Netto simboliza o intelectual orgânico, cuja preocupação é mostrar que conhecimento e interesse social são indissociáveis, evidenciando uma crítica à ideia de existência de neutralidade dos valores e a dessacralização da autorrepresentação do intelectual guardião da ordem moralizador.
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