De cassange, mina, benguela a gentio da Guiné.Grupos étnicos e formação de identidades africanas na cidade de São Paulo (1800-1850)
Para Marco, de quem gosto imenso, por me acompanhar pela vida.3 AGRADECIMENTOS À professora Leila Leite Hernandez, que orientou este trabalho, participando ativamente, fazendo leituras atentas e rigorosas e sugestões muito importantes.Agradeço também pelo privilégio da convivência durante toda a minha formação, na qual exerceu papel fundamental, ensinando-me a gostar de História da África, e pelo carinho com que sempre me tratou.Ao CNPq, à CAPES e à FAPESP, que, em momentos diferentes, financiaram a pesquisa e sem os quais este trabalho dificilmente seria realizado. O meu carinho às minhas tias Teresa e Tita, ao meu tio César e aos meus primos Bia e Thiago, pelo apoio de sempre, e ao meu irmão Rogério, o grande -culpado‖ por eu ter enveredado pelos caminhos da História. Meu agradecimento, pelo incentivo e dedicação, à minha mãe Wilma e ao meu pai Antonio, que, mesmo não estando mais aqui, continua muito presente. E a Marco Aurélio Vannucchi, grande companheiro de todas as horas. Ajudoume a superar muitos momentos difíceis na vida e, sobretudo ao longo deste trabalho, incentivando-me desde o início, quando eu ainda tinha dúvidas sobre a viabilidade desta pesquisa. Além de mostrar que este sonho era possível, acompanhou-me em todas as etapas. Com sua imensa paciência, ouviu as inúmeras angústias, ajudou a desvendar problemas e também fez uma leitura atenta da tese. Sem a sua presença seria muito difícil este trabalho ser concluído. 6 RESUMOAs dimensões da resistência em Angoche: da expansão política do sultanato à política colonialista portuguesa no norte de Moçambique (1842Moçambique ( -1910.A presente tese tem por objetivo examinar a formação da coligação de resistência organizada, no final do século XIX, por chefes de Angoche, Sangage, Sancul e Quitangonha, dos grupos macua-imbamela e namarrais, às interferências da política colonialista portuguesa no norte de Moçambique. Esses chefes efetuaram vários ataques aos postos administrativos e militares portugueses, postergando a ocupação efetiva daquele território até 1910. O principal objetivo da coligação era a preservação da autonomia política, ameaçada pelas iniciativas de ocupação territorial e pela instituição de mecanismos coloniais, como o controle do comércio e da produção de gêneros agrícolas, a cobrança de impostos e o trabalho compulsório. Os participantes da coligação estavam inseridos num complexo de interconexões gerado pelas múltiplas relações estabelecidas por meio dos -espaços‖ políticos, culturais, religiosos e de trocas comerciais, que envolviam não apenas as sociedades islâmicas da costa, as do interior e as do -mundo suaíli‖, como o sultanato de Zanzibar, as ilhas Comores e Madagascar, mas também indianos, portugueses, ingleses e franceses. Essas relações eram definidas pelo parentesco, pela doação de terra, pela religião islâmica e pelos contatos comerciais.Essas conexões facilitaram a formação da coligação de resistência no final do século XIX.Palavras-chave: Moçambique, resistência, sultanato de Angoche, colonialismo 7 ABSTRACTThe dimentions...
O objetivo deste artigo é analisar a relação entre as pia-mwene, representantes das linhagens nas sociedades do norte de Moçambique, e o governo português no final do século XIX. Diante das interferências das autoridades portuguesas nos processos sucessórios das sociedades locais, é possível observar as estratégias utilizadas pelas pia-mwene na tentativa de preservar a autonomia e a legitimidade política.
Resumo O artigo tem por objetivo apresentar os principais fatores desencadeadores e as formas de mobilização dos agentes envolvidos na "coligação de resistência" organizada, no final do século XIX, por chefes de Angoche, Sangage, Sancul, Quitangonha e dos grupos macua-imbamela e namarrais, às interferências da política colonialista portuguesa no norte de Moçambique, dando destaque para as dimensões das relações entre os diversos agentes históricos na região. Palavras-chaveMoçambique -conexões históricas -mecanismos coloniais. ContatoRua Marquês de São Vicente, 225 Edifício da Amizade/Ala Cardeal Frings -sala F512 22453-900 -Rio de Janeiro -Rio de Janeiro
Resumo. Este artigo tem por objetivo apresentar um perfil dos grupos étnicos dos africanos na cidade de São Paulo, na primeira metade do século XIX, salientando as suas formas de organização social, em particular no que se refere às manifestações culturais e religiosas. Pretende-se discutir, baseando-se no conceito de grupo étnico fornecido pelo antropólogo Fredrik Barth, as formas de atribuição e de identificação desses grupos por agentes externos como a Igreja Católica e os proprietários de escravos. Esse conceito também tem como pressuposto a incorporação pelos próprios africanos, que passaram a se identificar com esses grupos éticos direcionando suas formas de organização, sobretudo por meio da associação em irmandades religiosas, "ajuntamentos" em batuques, capoeiras, danças. A intenção é perceber como a incorporação a determinados grupos étnicos direcionou as formas de organização, as manifestações de suas tradições por meio de aspectos culturais e religiosos, a relação com os diferentes grupos étnicos e com outras camadas da sociedade. Palavras-chave: População africana. Grupos étnicos. Formas de organização social.
Cores, ClassifiCações e Categorias soCiais: os africanos nos impérios ibéricos, séculos XVI a XIX http://dx.Resumo: O norte de Moçambique era marcado pela intensa circulação de pessoas, produtos, ideias e saberes no século XIX. Era possível encontrar uma variedade de grupos, tais como suaílis, macuas-imbamelas e namarrais, mujojos e muzungos. Essas categorias sociais revelam formas de classificação e identificação baseadas em diferentes critérios: localização geográfica, religião, aspectos culturais, ocupação, cor, condição econômica e social. O principal objetivo deste artigo é analisar como essas categorias sociais foram construídas historicamente e as conexões culturais e identitárias existentes em torno delas.Palavras-chave: classificações sociais; conexões culturais; norte de Moçambique. Abstract:The northern Mozambique was marked by the intense circulation of people, products, ideas and knowledge in the nineteenth century. The northern Mozambique was a socio-cultural mosaic in the nineteenth century, marked by the intense circulation of people, products, ideas and knowledge. It was possible to find a diversity of groups, such as Swahili, Makua-Imbamela and Namarral, Mujojo and Muzungo. These social categories reveal forms of classification and identification based on different criteria: geographic location, religion, cultural aspects, occupation, color, economic and social condition. The main objective of this article is to analyze how these social categories were constructed historically as well as the cultural and identity connections existing around them.Resumen: El norte de Mozambique era marcado por la intensa circulación de personas, productos, ideas y saberes en el siglo XIX. Era posible encontrar una variedad de grupos, tales como suaíles, macuas-imbamelas y namarrais, mujojos y muzungos. Estas categorias sociales revelam formas de clasificación y identificación basadas en diferentes criterios: localización geográfica, religión, aspectos culturales, ocupación, color, condición económica y social. El principal objetivo de este artículo es analizar cómo estas categorías sociales fueron construidas históricamente y las conexiones culturales e identitarias existentes en torno a ellas. Palabras clave: clasificaciones sociales; conexiones culturales; norte de Moçambique. Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que a publicação original seja corretamente citada. https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR dados biográficos da autora_biographical data of the author Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, v. 44, n. 3, p. 457-469, set.-dez. 2018 R. A. Mattos | Entre suaílis e macuas, mujojos e muzungos Recebido: 01 dez. 2017; aprovado: 29 jun. 2018.
This study attempts to unravel the relations established among several social players when a "resistance alliance" was organized by chiefs from Angoche, Sangage, Sancul and Quitangonha and the macua-imbamella and namarrais groups in the face of Portuguese government interference that resulted in a series of actions such as firearms, ammunition and warriors exchange and simultaneous attacks to administrative posts and Portuguese military in northern Mozambique (Nampula Province) at the turn of the XIX th century 1 .The term "resistance alliance" is frequently found in source documents used in research for this project and it will be used in this paper with the same meaning, that is, to describe the relationship established among main political representatives in the region that confronted Portuguese colonial political mechanism at the turn of the XIX th century. The set of sources used for research includes letters, minutes, reports, travel journeys and memoires from different archives and libraries in São Paulo, Rio de Janeiro, Lisbon, Paris and Maputo. In this sense, letters from northern Mozambique sultans and chiefs at the Mozambique Historical Archive are worth mentioning due to the richness of details and the intimacy with facts that deal with the daily life aspects of these relationships 2 .There are few historiographical papers on the history of northern Mozambique societies and more specifically, on the makeup of the "resistance alliance" at the turn of the XIX th century (
Partindo de um passado conectado por experiências sociais compartilhadas de colonização e escravização na América Latina e em Moçambique, o artigo tem por objetivo refletir sobre processos históricos enfrentados por duas comunidades especificamente – a Boca do Mato no Rio de Janeiro e a Cidade Macuti, na Ilha de Moçambique. Destacamos os aspectos comuns que dizem respeito à ocupação desses espaços desde o início do século XIX por escravizados fugidos ou libertos, conhecidas como quilombos (Serra dos Pretos Forros) ou mussitos (Ilha de Moçambique), e que são fruto do processo de territorialização, percebido também em outras partes da América Latina, como os cumbes, na Venezuela e os palanques, na Colômbia; bem como a arquitetura das moradias que remontam às técnicas africanas com o uso da terra, madeira e cobertura com fibras vegetais. Quanto às representações sobre as populações e suas manifestações culturais analisamos alguns casos de perseguição e depreciação das práticas religiosas e culturais, como os cultos de matriz africana e os chamados batuques, resultado da produção de imaginários culturais ligados também ao processo de territorialização colonial. O segundo eixo apresenta uma reflexão sobre um processo marcado por ações sanitaristas e por discursos higienistas diante das epidemias que assolaram esses espaços entre meados do século XIX e o início do XX, e que foram atrelados a projetos “modernizadores” das cidades. Analisamos nessa seção como a febre amarela no Rio de Janeiro e a peste bubônica na Ilha de Moçambique, bem como as políticas de saúde pública atreladas a uma ideologia racial, impactaram as populações da Boca do Mato e da Cidade Macuti. Quanto ao restante da América Latina, uma conexão possível é feita com alastramento da chamada "febre do temperamento", do Brasil em direção a Montevidéu e Buenos Aires, em meados da década de 1850. Ambos resultaram na marginalização racial e na exclusão social de indivíduos negro-africanos habitantes dessas comunidades.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.