Este texto busca analisar a tradução de um trecho do dossiê de candidatura do Sítio Arqueológico Cais do Valongo a Patrimônio Mundial da UNESCO pela lente da Linguística Sistêmico-Funcional. O cais, descoberto em 2011 durante os trabalhos de reurbanização no centro do Rio de Janeiro, foi construída em 1811 para o desembarque dos africanos escravizados no país. A análise enfoca um trecho do dossiê que descreve a chegada e o processamento dos africanos recém-chegados no Rio de Janeiro e as traduções para o inglês produzidas por alunos de tradução. Partes do texto em que as traduções dos alunos divergem do original são analisadas, trazendo à tona aspectos marcantes do texto, como a utilização de nominalizações e de construções verbais passivas, induzindo um efeito de apagamento dos atores históricos e distanciamento dos autores dos acontecimentos que narram. Alterações sutis identificadas em algumas das traduções, como a troca de construções passivas por verbos na voz ativa, ou vice-versa, revelam a agência ou interferência do tradutor na representação do texto de origem.
O presente trabalho oferece uma análise crítica do estado da arte sobre a tradução de textos não literários para língua estrangeira (L2), em especial o inglês, como objeto de estudo acadêmico e prática mercadológica. A revisão bibliográfica aqui apresentada procura identificar: (a) de que formas o discurso dentro dos Estudos da Tradução vem se construindo a respeito da tradução para L2; (b) quais as características do inglês que o diferencia de outros idiomas quando se trata da tradução; (c) que questões são abordadas em pesquisas sobre a direcionalidade; e (d) como os dados levantados podem ser aplicados à formação de tradutores, especialmente no Brasil. A superioridade da tradução para L1 vem sendo desafiada dentro dos Estudos da Tradução, devido, entre outros fatores, a pesquisas sobre o assunto oriundas de países de línguas de menor difusão, onde a tradução para L2 é praxe. Como o inglês é a L2 mais falada no mundo, há mais materiais e recursos disponíveis, facilitando a tradução para esse idioma. Estudos mostram que a direcionalidade é apenas uma das variáveis que afetam a qualidade das traduções, outras incluindo a experiência do tradutor e o tipo de texto. No Brasil, há alguns estudos sobre direcionalidade, mas ainda poucas opções de formação em tradução para L2.
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