RES UMO: Este artigo é parte de uma Dissertação de Mestrado -"Mito e Paródia: sua estrutura e função no texto literário" -defendida em novembro de 1983 no Instituto de Estudos da Lingua gem / Unicamp . A passagem aqui reproduzida pertence ao capitulo que trata da conceituação do mito.Ela procura apreender alguns de seus aspectos básicos dinamicamente, na transição de sua forma origi nai, tal como ocorre nas sociedades primitivas e arcaicas, para seu sucedâneo ideológico, no contexto das sociedades históricas.UNI TE RMOS: Mito; mitologia; consciência mítica; ideologia; sagrado e profano; narrativa.o conceito de mito, de maneira geral, se refere a um procedimento mental nos quadros da cultura arcaica ou selvagem. Neste sentido, um mito apenas o é até que seja percebido como tal numa avaliação externa, entrando assim em crise. O prisma que va mos abordar agora reflete o sentido oposto: para o pensamento não arcaico ou selva gem, um mito passa a sê-lo depois de identificado como tal, e sua conotação mais dire ta é a de uma crença rudimentar e enganosa, uma ficção, uma mentira, enfim. É neste contexto que se chama "mitômano" ao mentiroso compulsivo.No primeiro caso, devido a deslocamentos profundos na superestrutura de deter minada cultura, que podem provir de mudanças operadas na infra-estrutura e na inte ração entre ambas dentro de um processo histórico -como é o caso das transforma ções no mundo grego entre 8 e 4 a.C.(21) -ou por interferência abrupta e radical de elemento externo -da civilização européia nas culturas ditas primitivas, por exemplo -a consciência mítica e o universo sobre ela estruturado entram em crise e são substi tuídos por outra episteme: os mitos do universo agonizante deixam de ser mitos no pri meiro sentido passando a sê-lo no segundo. No outro caso, no contexto desta nova episteme, algum elemento, até então não problematizado é a uma certa altura posto em questão -passa a ser percebido como falso, ou se percebe que algo era tomado como o que não era, ou se lhe denuncia o caráter fetichista e passa a ser um "mito". A pala vra é usada neste espectro -com alguma'variação -quando se diz que ' 'a democracia social escandinava é um mito", isto é, uma ficção, ou "Marilyn Monroe foi um mito sexual dos anos 50" e outros clichês jornalísticos do gênero " Pelé, os Beatles ou Stalin são mitos", isto é, desumanizados e revertidos à condição de ídolo ou fetiche como al vo de adoração (ou de ojeriza). Este.prisma diz respeito a esta passagem: quando o mi to deixa de (ou começa a) sê-lo, isto é, passa a ser reconhecido cc,mo tal? Quais as ca-*
RESUMO: Trata-se aqui de esboçar aspectos do pensamenJo -em seu sentido conceitual e sistemático -de Stendhal, seu discurso reflexivo, manifesto no estilo narrativo através do romanCe, sobretudo em Le Rouge et le Noir.UNITERMOS: Narrativa; romance; discurso reflexivo; desejo : mediação."A insi, apre s , trois heures de dialogue, Julien obtint ce qu' i I avait désiré avec tant de passion pendant les deux premieres. Un peu plus tôt arrivés, le retour aux sentiments tendres, l' éclipse des remords chez Madame de Rênal eussent été un bonheur divine; ainsi obtenus avec art, ce nefut plus qu'un plaisir" . 1.Em Stendhal, a busca da felicidade -sua meta explícita -esbarra nos percursos próprios à razão, sofrendo desvios, se complicando. Os sentimentos da amante, na passagem acima, provocados a partir de um desempenho do herói, escapam da esfera da
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.