A apropriação de obras musicais por linguagens midiáticas diversas é prática frequente, na cultura das mídias. No caso de uma peça musical, modificadas as condições de escuta iniciais, a recepção passa a se dar por outros canais, para além da sala de concerto: filmes, novelas, peças publicitárias (dentre outros). Ocorre, assim, uma ressemantização da obra. Partindo do uso de Clair de Lune, de Claude Debussy, na peça publicitária Chanel nº 5 (2004) pretendemos demonstrar como o processo de nomadismo da obra opera; mais precisamente, como as características formais da obra contribuem para a vinculação de sentidos, especialmente os de natureza simbólica. Para tanto, serão utilizados os referenciais teóricos estabelecidos por Baitello (semiótica da cultura e da mídia), Schafer (paisagem sonora), Debord (espetáculo) e Zumthor (movência, performance). Palavras-chave: Cultura das mídias. Música. Publicidade. Nomadismo. Clair de lune. Chanel nº 5.
Este artigo analisa os usos de composições do brasileiro Heitor Villa-Lobos nas telenovelas brasileiras. Partimos das minisséries A Muralha e Hoje é dia de Maria; e das novelas Amor, eterno amor e A lei do amor, e das composições usadas nessas obras audiovisuais. Assim como o uso do repertório sinfônico é comum em produções audiovisuais, a obra de Villa-Lobos aparece nessas produções e se mostra eficiente como trilha musical. As características do discurso musical do compositor foram aqui analisadas em relação às novelas e minisséries televisivas selecionadas, apoiadas na teoria das tópicas e da musemática, de Philip Tagg. Conclui-se que, devido às suas características intrínsecas, obra Villa-Lobos se amolda adequadamente à poética audiovisual, razão pela qual se faz presente para além das salas de concerto – para aonde foi inicialmente concebida.
Esse artigo analisa o uso das canções francesas presentes na minissérie televisiva brasileira Presença de Anita (GLOBO, 2001). Como parte da pesquisa de doutorado do autor a respeito do cancioneiro francês no Brasil, a presente obra audiovisual despontou como rico material para debater as hipóteses de como esse repertório se consolidou na memória e no imaginário brasileiro. Notou-se que as canções dos anos 1950-1960 ainda predominavam pelo menos até os anos 2000 como símbolos de música francesa. A cantora Maysa, por sua vez, se destaca como ponte entre a música popular brasileira e a francesa do período citado, criando um possível modelo performático para cantores nacionais que desejam visitar esse repertório.
Este artigo é fruto da pesquisa de mestrado de um dos autores e visa apontar os maestros arranjadores das rádios e gravadoras como peças-chave na produção fonográfica entre as décadas de 1940 e 1950, no Brasil. Verifica-se o protagonismo de Radamés Gnattali no cenário da época, seguido de outros nomes como Guerra-Peixe, Lyrio Panicalli, Leo Peracchi, Nicolino Coppia, Osvaldo Borba, Guaraná e Enrico Simonetti. Estes maestros estão relacionados à criação de um gosto estético no processo de composição dos arranjos e orquestrações das canções, o que terá implicações nas performances artísticas. Este texto aponta dados sobre a produtividade destes profissionais da música e sua relação estreita com o trabalho de alguns intérpretes. Para se chegar a estes resultados foram consultadas pesquisas feitas nos acervos da Rádio Nacional e Rádio Record, listas de canções de sucesso – hit parades, capas de disco e notas de imprensa. Conclui-se que o trabalho destes músicos acabou por formular um panorama estético-midiático na paisagem sonora do período.
Esse artigo analisa como se dá a transmissão de memórias individuais e coletivas por meio das canções e dos processos de performance midiatizada (ZUMTHOR, 1997; 2012; VALENTE, 2013). Escolhemos os anos 1950 por se tratar da gênese da indústria fonográfica brasileira, época a qual temos dedicado nossas pesquisas, elegendo duas cantoras populares do rádio: Juanita Cavalcanti e Dalva de Oliveira. A primeira, de carreira breve, atuou na Rádio Gazeta em meio ao cast lírico; a segunda, de longeva carreira, atuou, sobretudo, em rádios e gravadoras do Rio de Janeiro. Analisando a formação de personas vocais (TAGG, 2012) compreendem-se as influências estéticas, sociais e midiáticas das cantoras, levando em conta a oralidade e as materialidades, e como se criam gostos estéticos e interpretações que marcam períodos e transitam por épocas.
Este artigo apresenta um estudo da música midiatizada na programação de rádio das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo entre as décadas de 1940 e 1950. Por meio de análises comparativas, percebeu-se que o rádio nas duas maiores cidades brasileiras se relacionava de maneira dialógica com suas respectivas sociedades, refletindo seus projetos estéticos musicais na programação transmitida, ao mesmo tempo em que buscavam atender às demandas de consumo locais. Deu-se ênfase para a análise da Rádio Gazeta, de São Paulo, de modo a perceber o elitismo cultural adotado pela emissora, com uma programação marcada pela música erudita e pelo diálogo com a imigração italiana. Trazendo as memórias de duas cantoras que atuaram concomitantemente na Gazeta - Niza Tank, lírica, e Juanita Cavalcanti, popular -, foi possível perceber a necessidade da coexistência de práticas musicais diversas na rádio, bem como os elementos de escuta e memória da música midiatizada capazes de produzir padrões estéticos e de consumo.
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