Resumo O sistema penitenciário funciona como um ponto de reflexão de várias questões históricas inerentes à formação da sociedade brasileira. Uma dessas questões se refere aos modos patriarcais que foram estabelecidas as relações de gênero no país. Nesse sentido, a partir da relevância desta realidade, há a necessidade de a Psicologia investigar o sistema prisional feminino sob a luz da produção teórica acerca das relações de gênero. Este estudo objetiva analisar comparativamente os Levantamentos Nacionais de Informações Penitenciárias Mulheres (Infopen Mulheres) de 2014 e 2018 com a finalidade de mapear e problematizar questões e desafios pertinentes à pesquisa psicológica. Para tal, utilizam-se como métodos a análise documental, como recurso válido para a investigação com dispositivos públicos, e o ensaio teórico, como uma prática de análise que busca desvelar novos saberes sobre uma dada realidade. Pontua-se que há um contexto no sistema prisional feminino marcado pelo agravamento dos problemas crônicos comuns ao masculino, em decorrência da invisibilidade das especificidades femininas. Destaca que o perfil das mulheres apenadas se constrói como uma questão interseccional, pois a grande maioria é constituída por negras, pobres, mães solteiras, que entraram no crime através de funções subalternas no tráfico. Problematiza-se que os atenuantes da vida prisional, como o desenvolvimento educacional e as atividades laborais, são subaproveitados, articulando esse problema a repercussões na dimensão psicológica das apenadas. Por fim, aponta-se que os Infopen revelam vários desafios para a pesquisa em psicologia, suscitando que a comunidade científica possa desenvolver novas pesquisas nesse campo de atuação e investigação.
O objetivo desta pesquisa é, a partir da noção foucaultiana de discurso, tomando a trama saber-verdade-poder, analisar como se movimentam as aproximações e os distanciamentos entre os discursos acerca da formação docente na Educação Especial/Inclusiva do professor regular da rede de ensino municipal de São Luís e os discursos nos dispositivos oficiais que versam sobre a temática. Os procedimentos metodológicos escolhidos para este agenciamento como pesquisador são as cartografias, as entrevistas semi-estruturadas, questionários e a análise documental. Como fontes têm-se 20 professores escolhidos nos núcleos que compõem a zona urbana de São Luís e variados dispositivos oficiais, entre os anos de 1988 e 2009. Como resultado, desenha-se a invenção do professor inclusivo, que é um novo professor que serve para dar conta da Educação Inclusiva. No que tange aos discursos dos professores e dos dispositivos, identifica-se a manutenção da idéia que associa diferença e deficiência. O discurso na Educação Especial em São Luís se ordena, buscando compreender o impasse entre a concepção de diferença que articula a formação discursiva inclusiva e as condições de sistema para incluir sob esta perspectiva.
Este trabalho tem como objeto de estudo uma experiência de estágio em Psicologia Social em um Terreiro de Tambor de Mina, situado em um quilombo urbano, em São Luís/MA. Objetiva analisar como a formação profissional pode ocupar um lugar estratégico nas políticas educacionais para igualdade racial. Como metodologia, utiliza-se do ensaio teórico, compreendendo-o como um exercício do pensamento que produz novos saberes. Como resultados, apontam-se: perspectivas para construção de uma Psicologia Afrocentrada brasileira; maior aproximação da Psicologia com saberes e questões do povo de terreiro; criação de espaço de agenciamento político em prol da igualdade racial entre estudantes. Considera-se que a experiência aponta a necessidade de docentes problematizarem as temáticas raciais na formação.
O termo pardo carrega um sentido de indefinição, remete a uma condição “nem preta e nem branca”, designando aqueles sujeitos que não se encaixam numa razão dual racial. Com a adoção da política de ações afirmativas por universidades, o debate sobre qual é o lugar do pardo reacendeu. Para o Estado e movimentos sociais os sujeitos que se identificam como pardos pertencem à população negra, entretanto tal convenção não é um consenso entre a população. O presente ensaio teórico tem como objetivo refletir sobre a posicionalidade do pardo a partir da discussão da mestiçagem em duas perspectivas: a) a mestiçagem como dispositivo político; e b) a mestiçagem enquanto processo que tensiona categorias fixas com base nos conceitos de “hibridismo” e “la consciencia mestiza”.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.