ResumoHá uma descontinuidade entre os enunciados acerca da circunstância técnica e os recursos que a constituem em matéria; mas será esta descontinuidade, este hiato, apreensível sob o vocativo da "técnica"? Talvez não; e por isso seja preciso da "técnica" se desviar. E assim fez Gilbert Simondon; mas não o Simondon das bem conhecidas teses de doutoramento, mas o autor dos técnicos cursos ministrados entre 1960-70 que exibiam estreitos exercícios textuais analítico-descritivos de algumas circunstâncias técnicas específicas.Evidenciam os cursos pós teses do autor uma apuração metodológica até então inexistente em sua obra: a de uma oscilação entre a escala e a recursividade de esquemas funcionais. Palavras-chave:Simondon; técnica; escala. AbstractThere is a discontinuity between the enunciation around the technical circumstance and the resources which form its matter. But is this discontinuity, this hiatus, understandable under the vocative of "technic"? Maybe not; it may be necessary to divert from it. And for such reason Gilbert Simondon made his detour; not the one known for writing his well-known main and complementary doctoral thesis, but the unknown one who had teached technical courses in 1960-70 featuring strict analytical and descriptive textual exercises on some specific technical circumstances. These post thesis courses point out a methodological improvement that didn't exist previously in the author's work: that of an oscillation between scaling and recursive procedures of functional schemas.
A era industrial efetivou a maquinaria entre os humanos, mas as Ciências Sociais do início do século XX pouco se ocuparam das máquinas, alocando-as com frequência como corolário do desenvolvimento das sociedades humanas. Não são as máquinas produtoras objetivas das condições materiais da vida coletiva de inúmeras sociedades? Não poderiam assim as máquinas ocuparem um ponto de distinção na história das Ciências Sociais? A aposta de Jaques Lafitte, na primeira metade do século XX, foi de que uma ciência social das máquinas não só seria possível como imprescindível à história futura de viabilidade das Ciências Sociais. Lafitte formulava, nessa lacuna, a mecanologia: um esforço de ciência social em torno das máquinas. Sua mecanologia avançava em direção à Sociologia francesa e radicalizava uma de suas expressões: se a Sociologia é capaz de fundar sua tecnologia , é preciso que esta seja devidamente tratada como uma incursão social no reino dos seres mecânicos.
A tênue ousadia de uma proposta 1 Em 1935, ocorria a primeira impressão de L'encyclopédie française, que, assegurada e planejada no início da década pelos historiadores Lucien Febvre (1878-1956) e March Bloch (1886-1944), distribuía entre vinte tomos uma ilustre seleção de intelectuais franceses abordando imensas tematizações. Artes, matemática, biogênese, evolução humana, religião e tantas outras temáticas derivadas passaram pela famosa compilação, que sobreviveu até 1966. Mas ela é aqui, em verdade, apenas uma escusa; é o futuro intuitivo de um de seus colaboradores o motivo dessa menção. André Leroi-Gourhan, responsável pelo capítulo I da seção A do tomo VII. "O homem e a Natureza" (L' homme et la nature), abre como um peculiar verbete a seção "Formas elementares da atividade Humana" (Formes élémentaires de l'activité humaine) já com a assertiva: "[…] [a] Tecnologia é o estudo dos meios pelos quais o homem reage ao seu ambiente. Mais especificamente, é o estudo dos procedimentos que lhe permitem utilizar os materiais disponíveis em seu ambiente físico" (Leroi-Gourhan, 1936:10-3). Poderia, se rememorasse Leroi-Gourhan seus contemporâneos, ter iniciado esse verbete com os velhos e previsíveis, mas não menos comuns e desejados na Sociologia/Etnologia francesa da época, exemplos entre o natural indomado, aquele da óbvia e sublime rusticidade mágica, e o humano sagaz, aquele da superação estratégica do que lhe era instintivo e, por isso, um catalizador negativo de sua transgressão à natureza. Mas não o fez; vinha, afinal, Leroi-Gourhan por uma estranha trajetória intelectual: um conhecedor do oriente, tendo realizado missões de pesquisa arqueológicas no pré-guerra no Japão, alguém dotado de denso conhecimento linguístico de mandarim e russo, o que lhe garantiu uma posição menos dolorosa na resistência francesa quando retornando ao país em 1939. Não obstante, mesmo nos turbulentos tempos de guerra, manteve essa estranha trajetória em contínuo desvio em relação às expectativas institucionais sobre os produtos de suas pesquisas. Por que optou Leroi-Gourhan, jovem pesquisador adjunto ao grupo de estudantes responsáveis pela reorganização do antigo museu pariense etnográfico de Trocadero, em quebrar uma óbvia expectativa intelectual em um verbete anexado à seção nomeada como uma "introdução" à Antropologia, Etnologia
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