Discute as condições de existência e as características do que denominamos de cenografias de desempenho. Essa categoria é discutida como possibilidade interpretativa que permite dar a conhecer nuances e variantes de subjetividades empreendedoras de si (LAVAL; DARDOT, 2013; HAN, 2019). A construção dessa categoria é presidida por um debate conceitual acerca da ideia de desempenho, situada aqui como indício de uma racionalidade neoliberal e também das sujeições da chamada sociedade de plataforma (VAN DIJCK, POELL, DE WALL, 2018). Convocamos, ainda, aportes que permitam dar conta da noção de cenografia, debate que se ancora sobretudo em perspectivas discursivas (MAINGUENEAU, 2008a; MAINGUENEAU, 2008b; BARONAS; COX, 2014) mas também na discussão da ideia de visualidade (MIRZOEFF, 2016). Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa exploratória alicerçada em triangulação de fontes de dados (DUARTE, 2009; FÍGARO, 2014), cuja coleta se deu no aplicativo Instagram. Os resultados permitem inferir que as cenografias de desempenho buscam se validar pela naturalização do individualismo, pelo apelo aos corpos e rostos humanos, bem como pelo apagamento de conflitos e diferenças, em meio às circunscrições oriundas da natureza empresarial e mercantil das plataformas.
Algumas teorias sobre pressuposição (STRAWSON, 1952; KEENAN, 1971) em enunciados e sobre cenas de enunciação (MAINGUENEAU, 2008) são revisitadas neste artigo, cujo objetivo é identificar como e onde os pressupostos pragmáticos aparecem num corpus composto de quatro vídeos postados no repositório Youtube. Tais vídeos são parte de um fenômeno virai da internet e reproduzem uma mesma cena do filme alemão A Queda, acrescendo a ela legendas em que o conteúdo original do filme dá lugar a diálogos sobre temas contemporâneos. A análise nos autoriza a concluir que a figura de Adolf Hitler, principal personagem do trecho de filme reproduzido, passa por uma mudança de cenas enunciativas englobantes e genéricas, a partir da qual é possível reinseri-lo em determinados contextos. Daí emergem pressuposições que ora o satirizam, ora o ridicularizam.
Nos últimos anos, o debate público sobre a necessidade de combater a desinformação e a importância de garantir a liberdade de expressão se tornou um campo de disputa de diferentes narrativas. Aborda-se o problema numa perspectiva antagônica e excludente: ou se combate a desinformação ou garante-se o direito à liberdade de expressão. Afinal, há direito à liberdade de expressão sem direito à informação confiável? Esse é o foco da discussão proposta pela pesquisadora Helena Martins nesta entrevista concedida à Linguagem em Foco. Martins é docente na Universidade Federal do Ceará e estuda a imbricada relação entre política, tecnologia e o mercado da comunicação. A entrevista foi conduzida pelo professor Rafael Rodrigues e pelo doutorando Paulo Jefferson Barreto. São oito perguntas, abordando o cenário da desinformação no Brasil poucos dias após as eleições presidenciais de 2022; o papel e as respostas das grandes empresas de mídias digitais diante da problemática; o avanço dos discursos de ódio; a atual crise de confiança que afeta as instituições democráticas e o futuro do ecossistema da comunicação num contexto de recrudescimento da desinformação.
Este artigo tem como objetivo identificar os sentidos postos em circulação pelos discursos de jornalistas e do jornal Diário do Nordeste em razão do anúncio do fim de circulação da versão impressa do referido jornal. Para tanto, realizamos uma análise discursiva de editoriais e reportagens publicados pelo Diário do Nordeste sobre o fato e de postagens de 16 jornalistas na plataforma de rede social Instagram. Verificamos a manutenção do ethos discursivo de modernização tecnológica do jornal (SILVA, 2011) e da evocação de uma memória discursiva (PÊCHEUX, 1999) sobre o jornalismo para qualificar a interrupção de circulação do impresso, a qual assume diversos sentidos, por exemplo, sendo apontada como inerente às transformações produtivas contemporâneas e como uma ameaça à profissão.
As técnicas de identificação a partir de atributos corporais remontam à adoção dos primeiros bancos de dados de inteligência policial. Hoje, o reconhecimento facial figura como instrumental de vigilância pertinente às ciências forenses mas também às discussões sobre os regimes de subjetivação. Esta pesquisa discute como a negociação das visibilidades em redes sociotécnicas é desencadeada por processos de reconhecimento facial no Facebook. O estudo é exploratório, com aplicação de questionário com 152 usuários dessa plataforma. Os resultados indicam que a visibilidade proporcionada pelo reconhecimento facial não é adotada por esse grupo de usuários em razão da privacidade, apesar de estes terem atuado como gestores da visibilidade de outros usuários por meio da marcação manual em fotografias.
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