Este texto apresenta histórias, narrativas e formas de vida construídas em Campos dos Goytacazes, cidade localizada no interior do Estado do Rio de Janeiro (norte fluminense). Tendo a questão da diversidade sexual e de gênero como eixo de análise, apresento e problematizo os mecanismos, as estratégias e possibilidades (ou os limites) de negociações forjadas por sujeitos nomeados como lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). Considerando as mobilizações organizadas em Campos nas últimas décadas, apresento “saberes localizados” forjados a partir das diversas formas de mobilização de pessoas autodenominadas como LGBT. Interesso-me, sobremaneira, por privilegiar as formas de resistência, as estratégias de criação de modos de vida e possibilidades de agência em contextos considerados hostis e inabitáveis. Dialogando com as proposições dos estudos de gênero e sexualidade e em interface com os movimentos sociais, focalizo, por meio de entrevistas e análise de jornais impressos, histórias vividas em uma “cidade interiorana” entre os anos de 1970 e 2017.
Neste artigo apresentamos algumas problematizações sobre a noção de criança viada a partir da exposição “Queermuseu: cartografias da diferença na arte brasileira”, promovida pelo Santander Cultural em Porto Alegre, e censurada em setembro de 2017, após alguns meses em cartaz. Para compreender o contexto histórico e político de tal exposição, recorremos a uma explicação sobre o significado da expressão queer e algumas possibilidades de seu uso, mesmo no contexto brasileiro, seja como conceito e área de estudos acadêmicos, ou como expressão usada para se referir às posições de identidade que questionam a heteronormatividade. Optamos por destacar duas obras apresentadas nessa exposição que permitem uma reflexão sobre o potencial crítico da produção artística e seu caráter histórico. Essa abordagem, bem como a escolha do tema, se deram em função da pertinência da discussão em um contexto de produção de pânicos morais associados à diversidade sexual e de gênero, particularmente quando relacionadas a uma etapa do curso de vida ainda pouco pensada criticamente: a infância.
Este texto tem como propósito apresentar as bases de uma reflexão sobre a histórica formação da ideia de um modo de vida prescritivo. Para tanto, aproprio-me da reflexão feita por Michel Foucault sobre o que é um modo de vida; pretendo considerar como esta possibilidade criativa de uma existência ética e livre pode ser transformada em uma reiteração das normas e hierarquias existentes, particularmente a partir de dois marcadores sociais: o gênero e a sexualidade.
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