Este artigo propõe a análise e a discussão, com base na Neurolinguística Discursiva, dos aspectos neurofisiológicos, psíquicos, cognitivos, linguísticos e sociais pertinentes ao processo de aquisição de linguagem de crianças ouvintes com “Apraxia de Fala”. A partir da revisão bibliográfica da área, recobrindo avaliação e tratamento fonoaudiológico tradicionalmente destinados àquelas crianças, ampliamos, com base em uma abordagem discursiva de língua e linguagem, nossas reflexões sobre a criança com apraxia. Observamos, assim, que, para além das alterações fonoarticulatórias, estão envolvidas na criança questões importantes, pertinentes e referentes ao seu período de balbucio, à conformação neurofuncional da memória dos gestos articulatórios e aos processos constitutivos do diálogo enquanto matriz de significação.
Este estudo se inscreve no campo da prática clínica fonoaudiológica do processo de linguagem, língua, fala e discurso de um menino de sete anos de idade com apraxia de fala na infância. A proposta recobre os aspectos clínico-teórico-práticos que interrogaram a fonoaudióloga ao longo do acompanhamento longitudinal de 3 anos e dois meses. As interrogações não se limitam à cena terapêutica, mas delineiam também o movimento linguístico da criança que se dá fora dela (família, escola, ambientes sociais) e retorna, pulsionando a prática clínica. A mãe da criança é a narradora do que acontece fora da cena terapêutica em meio à entrevista semiestruturada realizada pela fonoaudióloga. O encontro da profissional, mãe e criança revela um determinado percurso clínico no acompanhamento de uma criança com apraxia de fala na infância, marcado especialmente pela atuação terapêutica e de orientação familiar e escolar da fonoaudióloga, pelo papel desempenhado pela mãe, pela análise do percurso de subjetivação da criança na língua.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.