Trabalhar hoje as relações literatura-psicanálise exige do crítico não só um conhecimento dos dois saberes, mas a flexibilidade suficiente para não confundir os objetivos dos dois campos e estabelecer as relações não a partir da psicanálise nem da literatura, mas da procura de uma compreensão maior do ser humano, objetivo comum compartilhado por todas as ciências humanas. No entanto, os dois saberes se diferenciam no objeto e na estratégia, o que será detalhado no texto que segue. As artes, tendo o poder de suspender o sujeito, contribuem para o conhecimento não por serem admiradas, mas, segundo o narrador proustiano, por mergulhar o homem na cultura, oferecendo-lhe outra visão do mundo ou outro sentido para certos acontecimentos. A psicanálise, desfazendo o estabelecido e os preconceitos, exige uma narrativa do analisando que lhe permita reconstituir uma história singular. A partir da mesma problemática nos perguntamos se escrever, pintar, esculpir ou inventar uma melodia substitui uma análise.
O artigo trata de abrir o campo da crítica literária a outros pesquisadores pouco visitados em geral e articular as descobertas relativas ao cérebro às pesquisas sobre os processos de criação e a rasura.
Trata-se de uma homenagem ao Prof. Alfredo Bosi falecido recentemente.
Desenhar o estado atual da crítica genética hoje no Brasil é um desafi o. A Associação dos Pesquisadores em Crítica Genética (AP-CG), ex-APML (Associação dos Pesquisadores do Manuscrito Literário) reúne a maioria dos grupos, elencados em parte no número especial dedicado à crítica genética na revista da SBPC de janeiro de 2007, * mas, se olharmos os grupos de pesquisa do CNPq, veremos que outros pesquisadores trabalham com a crítica genética.Desde sua fundação em 1985, a APML estava concentrada no estudo dos manuscritos literários. No entanto, no decorrer das pesquisas e com a integração de novos membros, notadamente pesquisadores da PUC de São Paulo que estudam as artes e as mídias, a APML operou três mudanças, e percebeu, primeiro, que o estudo da crítica genética não abrange necessariamente e somente os manuscritos literários, mas o universo sem fi m da criação humana, incluindo as artes, a literatura e até mesmo a mídia; segundo, que o objeto da crítica genética se concentra no estudo dos processos de criação que podem ser captados tanto nos rascunhos, croquis ou esboços quanto na obra exposta para o pintor, no texto publicado para o escritor, na dança executada para o dançarino ou no jogo do ator para o teatro etc., sem o estudo obrigatório do que antecede as obras; terceiro, que a crítica genética ainda é possível na era do computador, já que o disco rígido mantém todas as mudanças provocadas pelas rasuras ou substituições do escritor.
Um detalhe anotado no Carnet zéro de Gustave Flaubert, um guarda-sol com borlas referente a moeda do rei Antipas I, permite reler o conto Hérodias e alargar a compreensão do ato criador na escritura. Reelaborando o conceito de repetição de Ricoeur e o definindo como o advento de uma possibilidade do ser já constituido e não como abertura de suas múltiplas possibilidades, esse artigo delinea uma memória da escritura fundamentada no inconsciente da gênese. Constatando em seguida que a informação do Carnet vem historicamente após a degolação de João Batista, motivo do conto, suspeita-se da intervenção da quarta dimensão na constituição da memória da escritura e de um funcionamento original dessa memória.
A detail observed in the Carnet zero of Gustave Flaubert, an umbrella surrounded with fringes, emblem of the king Antipas I 's coinage, which permits to read the tale story Hérodias and to widen the comprehension of the creative act in the scripture. To work out again the concept of repetitun of Ricoeur and defining it as the notification of a being's possibility already established and not as an opening of this multiple possibilities, this article describes a memory of the scripture based on the genesis 's unconscious. Then verifying that the Cornet's information arrives after the john Batist 's beheading, tale 's motive, we suspect the intervention of the fouth dimension in the constituion of the scripture 's memory and the discovery of an original mechanism
RESUMO: Comparar e diferenciar o tempo das árvores e o tempo dos homens e, portanto, sua respectiva memória será o primeiro passo deste artigo. Muitas vezes esquecidas apesar de sua longevidade muito superior à do homem, as árvores impõem uma reflexão ecológica sobre a memória. Em um segundo passo, comparar o tempo de memória do hoje ilustrado pelas árvores, num objeto feito com inteligência artificial e no exigido pela arte.
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