O livro de Maria Inês Nogueira vem em boa hora. A despeito de estar acontecendo uma grande discussão na área da epistemologia, capitaneada pelas ciências hard em alguns meios acadêmicos (embora ainda sejam poucos, e tal discussão seja praticamente ignorada nas ciências sociais), muito pouco se vê aqui no Brasil. Este livro trata, na verdade, de uma discussão epistemológica que se coloca por meio da formação do profissional em medicina. Com base no conceito de estilo de pensamento desenvolvido por Fleck, a autora encaminhou seu trabalho para a possibilidade de pensar-se em transformações epistemológicas. Na prática, só por meio dessas poderão verdadeiramente se fazer valer os preceitos constitucionais de 1988 consubstanciados no Sistema Único de Saúde. Palavras suas: "para que se possa modificar um estilo de pensamento médico, há que se modificar a compreensão do processo saúdedoença e o modo de fazer clínica" (p. 16). Isso é epistemologia. Este livro, resultado de estágio pós-doutoral, é leitura obrigatória para todos aqueles preocupados com o tema saúde em geral.No capítulo 1, A Reorientação da Formação Médica: De um Olhar Anatomoclínico para um Olhar Ampliado, a autora apresenta seu quadro teórico, partindo dos estudos de Michel Foucault. Esse autor chamou de anatomoclínico o olhar que passou a existir quando se deixou de lado a vida para ver a morte, e o hospital passou a ser o centro não só do tratamento de doenças, como também da produção de verdades. No Brasil, aponta a autora, diferentemente do que acontece em outros países, a clínica, por meio da Saúde Coletiva, tornouse objeto de investigação. O debate que se coloca aqui procura dar conta de compreender a construção de práticas de cuidado integrais no sentido de que o trabalho em saúde seja realmente humanizado. Assim, os conceitos de "tecnologias leves" (que dizem respeito às relações) e "necessidades de saúde" (condições físicas, emocionais e sociais dignas de viver) vão ao encontro de outro olhar, de outra compreensão do processo de adoecimento humano que procura fugir do paradigma cartesiano tão bem representado no modelo flexneriano de organização da formação médica.No capítulo 2, O Quadro Metodológico da Investigação, é apresentado o campo de pesquisa, a Escola Médica da Universidade Federal Fluminense (UFF). A escolha deveu-se ao processo de mudança curricular desenvolvido por essa instituição desde 1992, cuja intenção era articular as relações entre universidade e sociedade por meio do serviço de saúde. O novo currículo, implantado em 1994, privilegiava a inserção do aluno, desde o início do curso, na rede de serviços e práticas comunitárias, retirando-o, nesse primeiro momento, da estrutura hospitalar. Tal inversão, ao deixar de ver a morte imediatamente -por meio do hospital -e procurar ver a vida, ficou representada principalmente nas disciplinas de Trabalho de Campo Supervisionado (TCS I e II, que aconteciam nos dois primeiros anos), coadjuvadas pelas de Saúde e Sociedade e Epidemiologia. Tendo o princípio da integralidade como arcabouço anal...
O livro de Maria Inês Nogueira vem em boa hora. A despeito de estar acontecendo uma grande discussão na área da epistemologia, capitaneada pelas ciências hard em alguns meios acadêmicos (embora ainda sejam poucos, e tal discussão seja praticamente ignorada nas ciências sociais), muito pouco se vê aqui no Brasil. Este livro trata, na verdade, de uma discussão epistemológica que se coloca por meio da formação do profissional em medicina. Com base no conceito de estilo de pensamento desenvolvido por Fleck, a autora encaminhou seu trabalho para a possibilidade de pensar-se em transformações epistemológicas. Na prática, só por meio dessas poderão verdadeiramente se fazer valer os preceitos constitucionais de 1988 consubstanciados no Sistema Único de Saúde. Palavras suas: "para que se possa modificar um estilo de pensamento médico, há que se modificar a compreensão do processo saúde-doença e o modo de fazer clínica" (p. 16). Isso é epistemologia. Este livro, resultado de estágio pós-doutoral, é leitura obrigatória para todos aqueles preocupados com o tema saúde em geral.No capítulo 1, A Reorientação da Formação Médica: De um Olhar Anatomoclínico para um Olhar Ampliado, a autora apresenta seu quadro teórico, partindo dos estudos de Michel Foucault. Esse autor chamou de anatomoclínico o olhar que passou a existir quando se deixou de lado a vida para ver a morte, e o hospital passou a ser o centro não só do tratamento de doenças, como também da produção de verdades. No Brasil, aponta a autora, diferentemente do que acontece em outros países, a clínica, por meio da Saúde Coletiva, tornouse objeto de investigação. O debate que se coloca aqui procura dar conta de compreender a construção de práticas de cuidado integrais no sentido de que o trabalho em saúde seja realmente humanizado. Assim, os conceitos de "tecnologias leves" (que dizem respeito às relações) e "necessidades de saúde" (condições físicas, emocionais e sociais dignas de viver) vão ao encontro de outro olhar, de outra compreensão do processo de adoecimento humano que procura fugir do paradigma cartesiano tão bem representado no modelo flexneriano de organização da formação médica.No capítulo 2, O Quadro Metodológico da Investigação, é apresentado o campo de pesquisa, a Escola Médica da Universidade Federal Fluminense (UFF). A escolha deveu-se ao processo de mudança curricular desenvolvido por essa instituição desde 1992, cuja intenção era articular as relações entre universidade e sociedade por meio do serviço de saúde. O novo currículo, implantado em 1994, privilegiava a inserção do aluno, desde o início do curso, na rede de serviços e práticas comunitárias, retirando-o, nesse primeiro momento, da estrutura hospitalar. Tal inversão, ao deixar de ver a morte imediatamente -por meio do hospital -e procurar ver a vida, ficou representada principalmente nas disciplinas de Trabalho de Campo Supervisionado (TCS I e II, que aconteciam nos dois primeiros anos), coadjuvadas pelas de Saúde e Sociedade e Epidemiologia. Tendo o princípio da integralidade como arcabouço an...
Introdução: O Reiki figura atualmente como uma das técnicas integrativas e complementares de maior uso e interesse no mundo. Sua utilização crescente vem chamando a atenção da ciência, que busca investigar seus possíveis efeitos a fim de verificar e disponibilizar aos seus usuários informações a respeito de sua eficácia e segurança. Entre os recursos utilizados nestas avaliações estão cada vez mais presentes as escalas psicométricas, que buscam mensurar aspectos subjetivos da natureza do ser humano, como níveis de ansiedade, depressão, stress e qualidade de vida. Objetivo: Descrever as principais escalas psicométricas utilizadas em ensaios clínicos que investigaram os possíveis efeitos do Reiki, analisando seu papel diagnóstico nestes estudos. Método: A partir dos descritores "Reiki" e "Scales", foi realizada revisão e análise de artigos publicados, nos últimos 10 anos, nas bases de dados PubMed, Scielo Atualmente, onde se discute o estabelecimento de um padrão ouro para pesquisas que abordem as práticas integrativas também são polêmicas as discussões a respeito do emprego correto destas ferramentas.Palavras-chave: Reiki. Escalas. Avaliação.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.