Em 6 de agosto de 2007, na solenidade de abertura da primeira das três semanas da avaliação trienal 2004-2006 dos 3.400 cursos de pós-graduação stricto sensu no Brasil, o diretor presidente da Capes/MEC, prof. Jorge Guimarães, anunciou que, no período, o crescimento da produção científica no país tinha sido de 33% (Portal Capes, Sala de Imprensa, na mesma data). O nú-mero de cursos avaliados em 2004 tinha sido 1.819. Segundo ele, na mesma ocasião, em comparação com a produção científica mundial, que cresce continuamente, a participação brasileira pulou de cerca de 1% em 2000 para quase 2%. O fenômeno (no sentido coloquial mesmo) desperta reflexões, pois se conhece como gradual a curva ordinária de amadurecimento de uma comunidade científica.Especifi camente na área de Administração, Contabilidade e Turismo, os números fi nais da produção acadêmica são ainda mais expressivos, mesmo tomando-se apenas o crescimento comparativo de 2004 a 2006, viabilizado pelos dados disponíveis no site da Capes.1 A produção em anais, periódicos e livros, aceita no Sistema Qualis, da Capes, de autoria dos docentes permanentes dos 86 programas cresceu 37%, e considerando-se a variação ocorrida no número de docentes (per capita), o crescimento foi de 55%. Os números ainda indicam dois fatos: a) a produção ponderada segundo os pesos de cada publicação -considerada nos percentuais acima -é maior que a dos dados brutos, mostrando que houve melhoria na qualidade, segundo a Capes; b) a produção de autoria discente cresceu ainda mais que a docente: respectivamente 40% e 67% (neste último caso, o per capita). Como se vê, as novas gerações refl etem mais rapidamente as tendências.Como, na ocasião de início citada, o próprio ministro da Educação, presente, parabenizou a comunidade de pesquisadores, é legítimo que uma das refl exões possíveis seja dirigida ao que esses números representam para eles. Quem acompanhou de perto esse processo nos últimos dez anos, desde que foi feita a mudança decisiva na sistemática de relatórios e mapas, que inclui, no último triênio, grande avanço da informatização, sabe o que não aparece sob os atuais resultadoso que de fato signifi cam na vida dos programas e na agenda de trabalho de cada pesquisador. À fl or da pele, está a pressão institucional por publicação. Ela motiva por toda parte mudanças em rotinas e normas, discussões, queixas e até observações jocosas, como aquela que nos associa glamourosamente ao "publish or perish" de nossas matrizes acadêmicas, ou aquela outra do professor-professor: "esqueceram de mim" -as aulas e orientação de alunos não valem nada na pontuação feita pelo Sistema Capes.Não cabe, ao discutir o assunto, pôr em dúvida a importância e utilidade do trabalho feito pelo Sistema de Avaliação da Capes dos cursos de pós-graduação e da produção acadêmica neles. Iniciado há mais de 30 anos, seu reconhecimento internacional deve, no mínimo, lançar a discussão além de níveis primários, tais como tentativas de ridicularização do detalhamento das informações estatísticas ("lógica dos pontinhos...
Nas classes e palestras de introdução à administração, desperta sempre a curiosidade do auditório lançar a pergunta: "O que vocês acham: Administração é ciência ou arte?" Estamos diante de um dictum interessante e estimulante à discussão. O artigo tem dois objetivos: desvendar a ambiguidade da perguntatalvez uma das razões de sua sobrevivência -e, a partir dela, examinar a adequação de discutir-se "cientificidade" em nosso saber, questão importante para os rumos da academia nessa área. Para o primeiro objetivo, mais modesto, nos valeremos de análise pragmática e semântica da linguagem, para o segundo, que concentra a maior parte do texto, das teorias sobre a natureza da ciência e a pretendida distinção entre ciência e não ciência. Surgem, então, evidências de que o dictum encerra um mal-entendido. palavras-chave Cientificidade em administração, administração-ciência, administração-arte, atividade acadêmica, demarcação científica.
e=3&Numero=2&Ano=2004 ©Copyright, 2004, RAE-eletrônica. Todos os direitos, inclusive de tradução, são reservados. É permitido citar parte de artigos sem autorização prévia desde que seja identificada a fonte. A reprodução total de artigos é proibida. Os artigos só devem ser usados para uso pessoal e nãocomercial. Em caso de dúvidas, consulte a redação:
Em artigos, dissertações e teses em administração que desenvolvem estudos de caso e análises segundo a tradição "pesquisa qualitativa" ocorre os autores advertirem o leitor que suas conclusões são restritas e que não podem ser generalizadas, autoridade que lhes seria, ao contrário, conferida por métodos estatísticos de análise. Entende-se por "generalização" a inferência de qualidades de casos ou unidades singulares de análise para outros ou conjuntos deles que, de fato, não foram objeto de observação e análise. O objetivo deste ensaio é esclarecer criticamente o sentido da ressalva-título, supondo-se aí implícita uma ampla questão metodológica. Definida a discussão (Introdução), examinam-se alguns de seus pressupostos, sobretudo a força paradigmática do positivismo. Na sequência, visita-se perspectiva de pesquisa bem diversa, a de Max Weber, a fim de experimentar salutar deslocamento epistêmico em relação à prática metodológica anterior. Volta-se à questão da generalização e examinam-se certas variações mais elaboradas dela, segundo a tradição "qualitativa", que acabam por confundir o processo lógico em questão. Pondo, finalmente, "os pingos nos is" da ressalva, conclui-se pelo caráter puramente valorativo desta e toma-se posição sobre generalização indutiva e pesquisa qualitativa, centrais ao contexto da discussão.
R R R R RESUMO ESUMO ESUMO ESUMO ESUMOEste trabalho trata de um aspecto particular da questão dos mestrados profissionais em administração: seu trabalho final, ou dissertação. Na Portaria n. 47, de 17/10/95, a CAPES incentiva e regula a matéria. Defende-se a posição de que, assim como as boas dissertações acadêmicas, as dissertações em mestrados profissionais: a) cabem no conceito de ciência, guardada a condição essencial desta, e, por isso, a pós-graduação stricto sensu é seu locus adequado; b) têm características próprias. O texto desenvolve-se em quatro partes. Na primeira se trata da oportunidade da pergunta-título e seu caráter problemático. Na segunda, se faz uma análise crítica das dissertações no meio acadêmico, com especialidade o da administração. Na terceira, mais longa, se discute a questão central do que seja um trabalho científico. Na quarta, se definem características das dissertações de mestrados profissionais em administração, e se exploram alternativas de estratégia e estrutura para elas.Palavras-chaves: dissertações-metodologia, mestrados profissionais em administração, trabalho científico. A A A A ABSTRACT BSTRACT BSTRACT BSTRACT BSTRACTThis article deals with a particular aspect of the question of master courses for nonacademic professionals in administration: the dissertation, their final work. CAPES (Brazil's federal agency for development of higher education personnel), in its Governmental Order (Portaria n. 47, of 17/10/95), stimulates and regulates the matter. The author stands that this kind of dissertation, like good academic dissertations: a) fits the concept of science, as long as the essencial condition of it is kept. Thus, graduate studies are its adequate locus; b) has its own peculiarities. The text comprises four parts. The first deals with the opportunity of the question-title and its problematic feature. In the second, a critical analysis of dissertations in academic milieu is made. In the third, the longest, the central question of what is a scientific work is discussed. In the fourth, some distinguishing traits of dissertations of master courses for professionals in administration are defined and some options of strategy and structure for them are explored.
Este ensaio busca uma interpretação conceitual que ajude a entender melhor as diferenças entre a produção acadêmica e a chamada literatura do mercado de consultoria em administração. Seu foco é teoria administrativa como linguagem. O desenvolvimento do tema acaba levando a outra questão fundamental: o uso de teoria administrativa nas escolas e situações de treinamento. A interpretação conceitual é encontrada no campo da análise pragmática do discurso, na forma não empírica como procede a filosofia da linguagem. O pensamento de Wittgenstein ocupa o centro da estrutura argumentativa do artigo e se faz completar por outros autores, como ele, hoje, amplamente referidos. A reviravolta pragmática (formular a compreensão a partir da ação lingüística e não de objetos conceptualizados) parece não ter chegado bem à discussão acadêmica sobre administração e gerência, paradoxalmente instâncias de ação. Em sua parte final, o texto faz reflexões aplicadas e apenas introdutórias sobre pontos onde afloram, mais preocupantes, os problemas de início referidos.
Os conflitos do que se identifica como opções metodológicas na estruturação de produtos acadêmicos, especialmente dissertações e teses, têm, a um tempo, revelado e acentuado a necessidade de se buscar um sentido maior que oriente aquele trabalho e não o deixe exposto ao sério risco de perder-se no formalismo. Este parece uma ameaça, tanto mais quanto metodologias se porfiam na busca mais adequada de representação do real. Qual o sentido daqueles produtos acadêmicos? Este ensaio propõe, como alternativa preferível, que se adote o próprio sentido pragmático deles, caracterizado-os como ações comunicativas assertivas, uma retórica racional argumentativa, conceito aristotélico reelaborado por Perelman e Olbrechts-Tyteca. Põe-se em contraste, portanto, a análise hermenêutica do discurso com o paradigma epistemológico do conhecimento moderno. À discussão teórica seguem-se, na parte final, sugestões práticas de como poderiam estruturar-se dissertações, teses e mesmo artigos acadêmicos, geralmente também elaborados com sentido assertivo em comunicação à comunidade científica.
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