Resumo Apoiados em uma demarcação sintética sobre as três fases das pesquisas de Michel Foucault, procuramos destacar a importância e necessidade de uma revisão da questão do sujeito em sua obra, em particular após suas pesquisas sobre a problemática da ética na Grécia e Roma antigas. Concluímos que essa revisão traz uma consequência importante para orientar pesquisas na psicologia ou ciências humanas, de modo geral.
É mais que conhecida entre os leitores de Deleuze a relação entre o pensamento do filósofo francês e a filosofia de Platão. Trata-se de um diálogo constante, mas com tons de conflito: em momentos distintos, o que Deleuze afirma intentar realizar é justamente o que ele chama de reversão do platonismo. O risco é que, ao lermos a obra do filósofo francês e ingressarmos em seu intricado pensamento, nos esqueçamos da referência ao original grego: se Deleuze critica Platão, ou melhor, um certo platonismo que seria o esqueleto conceitual subjacente a boa parte da produção filosófica do Ocidente, faz-se necessário que se leia o próprio Platão. É o que tentamos fazer neste pequeno texto: uma leitura tanto de Platão quanto da sua crítica deleuziana. Para isso nos focamos com mais minúcia nos conceitos de imagem, cópia e simulacro, tal qual Platão nos apresenta em alguns de seus diálogos (em especial O Sofista) e na retomada destes por Deleuze. Com efeito, pode-se dizer que a crítica de Deleuze a Platão centra-se sobretudo nesses conceitos, e a reversão do platonismo almejada se dá, é possível notar, numa espécie de reversão do estatuto do conceito de simulacro. Se para Platão o simulacro é como que o avesso da filosofia (uma cópia malfeita, mas, mais que isso, uma má cópia cujo escopo é passar-se pelo modelo real e ludibriar seus espectadores) e a filosofia, por sua vez, a busca por cópias cada vez mais fidedignas do seu objeto de estudo, para Deleuze o simulacro ganha um estatuto novo e passa a ser um conceito impulsionador do pensamento filosófico. Nosso objetivo central é apresentar um paralelo dos conceitos supracitados nos autores em questão e, mais precisamente, mostrar o caminho intelectual que levou Deleuze a afirmação da reversão do platonismo.
A teoria freudiana da feminilidade é objeto de vários estudos. Tencionamos trazer uma contribuição a esse debate, mas, em vez de abordarmos os textos em que a mulher aparece explicitamente sob a pena freudiana, cuidamos de ler um texto específico de Freud em que ela não aparece, mas deveria aparecer. Trata-se do texto Zur Gewinnung des Feuers, de 1932, em que o pai da psicanálise interpreta o mito de Prometeu. O fato é que, em Hesíodo, a figura da primeira mulher (Pandora) é central, e sem ela o mito não pode ser compreendido em sua inteireza. Na versão de Freud, Pandora inexiste – ela não entra em consideração e não é sequer mencionada. Por isso, em vez do mito de Prometeu e Pandora, temos em Freud o mito de Prometeu – e isso não é sem consequências. Assim, a escrita masculina de Freud jazeria não somente ali onde ele discorre sobre a mulher, mas também onde ela sequer aparece.
Neste artigo, pretendemos reavaliar a querela tradutória em torno do Trieb freudiano. Primeiro, destacamos trechos em que Freud, ao citar Frazer, Trotter e Le Bon, traduz o termo “instinct” ora por “Instinkt”, ora por “Trieb”, de forma indiferenciada. Também retomamos a tradução que Freud fez de livros de Bernheim, em que emprega “Instinct” para traduzir o “instinct” francês. Na segunda seção do artigo, abordamos criticamente a opção tradutória hoje mais aceita no Brasil: “pulsão”. Esboçamos uma pequena história dessa escolha tradutória, tendo em vista que, enquanto Freud era vivo, ele jamais se opôs ao uso de “instinto”. A escolha por “pulsion” (arcaísmo obsoleto por séculos) ocorreu primeiramente na França, porém não somente por motivos etimológicos ou semânticos, pois também fez parte de toda uma reinterpretação (antinaturalista) da teoria freudiana. O termo “pulsion” – de certa forma o epicentro vocabular dessa releitura francesa – disseminou-se, tornando-se uma verdadeira visão consolidada, aceita tacitamente por boa parte dos tradutores de Freud não só na França, como no Brasil, na Argentina, na Itália. A partir de considerações teóricas sobre o estatuto do Trieb na teoria freudiana, e munidos dos fatos tradutórios discutidos na primeira seção do artigo, esboçamos então uma crítica ao uso de “pulsão”.
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