Este artigo analisa a gênese da institucionalização da ação política do cooperativismo rural no Paraná com o intuito de estudá-lo enquanto uma das formas de representação política empresarial no Brasil. Utilizando documentos e entrevistas, a pesquisa contemplou o período de 1907 à criação da OCEPAR (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná) em 1971, uma das mais importantes entidades representativas do cooperativismo no Brasil. Tal estudo se mostrou importante para a análise da relação entre cooperativismo e interesses empresariais no Brasil e em particular no Paraná, e dos fatores que ainda hoje influenciam a sua ação política. Constatamos as particularidades históricas e legais do cooperativismo no Brasile a necessidade de construir categorias analíticas que dêem conta da complexidade de sua dimensão empresarial, as cooperativas empresariais.
Resumo: Este artigo analisa o processo de recrutamento dos dirigentes da entidade de representação política do cooperativismo empresarial, os quais compõem o que chamamos de elite cooperativista. O objeto é o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (OCEPAR) nas duas últimas décadas. A pesquisa considerou, de um lado, os condicionantes institucionais, externos e internos a esta entidade e, de outro, os aspectos sociais dos membros desta elite. Além da produção de categorias analíticas que deem conta das particularidades desta elite, foram utilizados a legislação brasileira relativa ao cooperativismo, dados econômicos, documentos da OCEPAR e de outras entidades do cooperativismo e entrevistas. Constatamos que os aspectos institucionais do cooperativismo empresarial e as características sociais dos dirigentes desta entidade ajudam a explicar o fato de os presidentes das maiores cooperativas agroindustriais ocuparem de forma majoritária a diretoria da OCEPAR e, assim, se constituírem enquanto um canal de poder político entre tais cooperativas e a entidade, e desta com as autoridades e instituições políticas. Portanto, verificamos que alguns aspectos institucionais e sociais impactam fortemente o recrutamento desta elite cooperativista e, assim, a constituição do cooperativismo agroindustrial enquanto ator político, dimensão de grande relevância para tratarmos da sua importância econômica.
O cooperativismo agropecuário ocupa papel relevante na economia do Paraná, alcançando elevado percentual no PIB estadual, bem como respeitável número de participação humana (OCEPAR, 2013). Em análise histórica do “movimento cooperativo” notamos a presença de intensa tutela estatal nas cooperativas até 1988. Para entendimento da dimensão e influencia do Estado em um setor privado da sociedade, procedemos análise das ações estatais, incluindo a atividade legislativa, no período de (1907-1988). Comprovamos a influencia do Estado desde a formação dos grupos organizados cooperativos até a o apoio à estruturação da entidade de representação, sendo esta presença do Estado elemento essencial na arquitetura que resultou a estruturação do “sistema cooperativo” paranaense da atualidade. Metodologicamente dividimos a análise em quatro períodos históricos principais: (i) definição legal das primeiras organizações cooperadas (1907-1938); (ii) estruturação dos grupos cooperativos (1944-1964); (iii) institucionalização da entidade de representação (1965-1971); (iv) regulação do cooperativismo – criação e extinção da tutela estatal nas organizações cooperativas (1971-1988). As conclusões preliminares demonstram que o cooperativismo passou por diversas fases de desenvolvimento até alcançar o pleno estabelecimento de uma organização liberta do Estado com ação em prol dos interesses de seus membros (OLSON, 2011; MANCUSO, 2007; COSTA, 2012).
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