O mapa-múndi de Hereford, maior mapa que sobreviveu à Idade Média, apresenta uma síntese do conhecimento medieval sobre o mundo. Entre seus diversos conjuntos iconográficos, a representação dos povos distantes ocupa espaço relevante. A análise da representação dos povos de Gog e Magog, que têm a descrição mais completa, nos ajuda a compreender a percepção medieval do Outro.
Neste artigo, apresentamos uma reflexão sobre o processo de construção e os usos dados às imagens de monstros na cultura medieval. Monstro, etimologicamente, vincula-se à ideia de mostrar. A natureza e suas criaturas eram percebidas em dois níveis, um literal e outro alegórico. As figuras monstruosas, quer tenham sido grafadas em algum suporte ou apenas referidas em textos e falas, apresentavam-se como construções compósitas, em que cada elemento trazia uma nova camada de sentidos possíveis e ampliavam seu sentido alegórico. A realidade desses seres era averiguada a partir de critérios de conveniência em relação aos sentidos que carregavam. A análise destas figuras passa, necessariamente, por um processo de interpretação que deve levar em conta a ambiguidade intrínseca a esses seres e as múltiplas funções que desempenhavam
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