Esta pesquisa de campo teve como objetivo mergulhar na polêmica entre Ciência e Religião, no contexto brasileiro da pandemia de COVID-19, para além do posicionamento de autoridades científicas e lideranças religiosas. Ouvidas 570 pessoas, os resultados indicam uma dissintonia entre os pronunciamentos de algumas lideranças religiosas contrárias à quarentena e a opinião dos seus próprios fiéis que, neste assunto, seguem a ciência. Esta conclusão desconstrói um preconceito ideológico dos participantes não-religiosos para com os religiosos, tidos como menos esclarecidos cientificamente por aqueles. A análise qualitativa das relações que a ciência e religião assumem para a população brasileira no início da pandemia de COVID-19, valeu-se, principalmente, da tipologia quádrupla de Barbour: Conflito, Independência, Integração e Diálogo
O objetivo do presente artigo é levantar a discussão sobre os limites das noções de corpo e humanidade baseadas em uma ontologia fundamental, a partir da antropogênese que dá forma ao pensamento moderno ocidental, performando um caminho provocativo através de noções outras de corpo e humanidade, aqui pautadas pelo Perspectivismo Ameríndio enquanto síntese teórica. Nesse sentido, buscou-se trabalhar a representatividade de dois corpos (o David, de Michelangelo, e o xamã yanomami Davi Kopenawa) e a potencialidade de se pensar humanidades outras por meio das implicações de uma ontologia anímica como exercício (antropofágico) de descolonização do pensamento também para as discussões teórico-epistemológicas da ciência da religião.
The essay emphasizes the unsolvable tension between activity and passivity implied in Kierkegaard’s reduplication as an author of authors. To characterize the different approaches to pseudonymity, I will use the term Halvbefaren [the inexperienced seaman] to refer to a reading that appeals only to Kierkegaard’s or to the pseudonyms’ authority over the authorship, and Helbefaren [the experienced seaman] to refer to another interpretation that recognizes that unsolvable tension between them. Recurring to the sailing metaphor implicit in these terms that appear in Climacus’ Postscript, I defend the thesis that the pseudonyms open the authorship from within, overcoming Kierkegaard as a usual author, as the only captain of the entire authorship. The mutiny performed by the pseudonyms cannot be resolved by simply transferring the authority to the pseudonyms themselves, and it creates a subjective space in the authorship so it becomes a matter of the experience of the reader.
O levantamento da percepção ambiental e das atitudes de grupos humanos em relação ao meio ambiente são importantes para a educação ambiental. Algumas teorias do campo da Psicologia Social consideram a atitude como a relação entre fatores: cognitivos, afetivos e comportamentais. Atentando-se a essa abordagem, o presente trabalho buscou investigar a relação de alunos de Ensino Médio com a fauna sinantrópica, por meio de uma sequência metodológica que buscou levantar seus sentimentos, conhecimentos e comportamentos em relação a essa fauna, contidos em seus discursos e na sua expressividade artística. Além disso, o trabalho buscou promover, através das diversas práticas adotadas, a participação dos alunos na reflexão sobre as representações dessa fauna. A sequência metodológica incluiu o uso de grupos focais e dinâmicas diversas. A análise dos resultados baseou-se no arcabouço teórico da Análise Textual Discursiva. Foi possível observar que, mesmo havendo a demonstração de alguns conhecimentos, os alunos apresentam uma visão negativa da fauna sinantrópica, influenciada por componentes afetivos e por visões antropocêntricas desta. A abordagem utilizada chama a atenção para a consideração dos aspectos que compõem as atitudes nas pesquisas em educação, bem como para a necessidade de permitir que o aluno seja sujeito reflexivo e ativo na mudança de atitude que se espera dele. Objetiva-se, portanto, com este trabalho, contribuir com as investigações de aspectos que permeiam a construção de atitudes pró-ambientais e, consequentemente, com o ensino de Ciências e Biologia.
Atualmente a competitividade na indústria alimentícia vem aumentando gradativamente, fazendo com que as empresas sofram pressões para aprimorar o meio produtivo, buscando melhorias dos processos. O estudo tem como objetivo a aplicação do Lean Manuacturing na linha de produção do biscoito torradinha alho, na busca por melhorias e otimização de processos. Onde no estado atual a produção é realizada de forma não sincronizada e sem padronização, assim, havendo movimentação desnecessária de funcionários por distanciamento das células de produção, empilhamento de tabuleiros e interrupção no processo para coleta de materiais. Com aplicação da metodologia a empresa atingiria um excelente índice de produtividade, sendo capaz de reduzir sua movimentação em 37% e 62% do seu custo, e ainda assim, conseguindo alcançar mais uma redução de 1,61% no custo geral da produção e o aumento de 155 quilos de produto acabado.
O presente artigo é fruto do estudo de caso da polêmica que se desenrolou a partir da internet, envolvendo o lançamento do episódio Especial de Natal: a Primeira Tentação de Cristo (2019), produzido pelo grupo de humor Portas dos Fundos e distribuído pelo site de streaming, Netflix. O objetivo foi investigar, por uma fenomenologia aplicada, como o indivíduo, religioso ou não, se comporta quando a sua religião é abordada tendo o cômico como critério hermenêutico. Como resultado, através da análise dos mais de setecentos formulários coletados, irradiaram-se pelo menos quatro camadas que podem caracterizar a dinâmica entre a fé e o riso. Para discuti-las, utilizou-se Baudelaire—(i) para colocar a ambivalência do interdito cristão ao cômico, Freud—(ii) para averiguar se essa interdição pode se comportar como um tabu, Bergson—(iii) para entendermos como o cristianismo pode ser apropriado pelo riso, e Eliade—(iv) para uma intersecção entre a essência do riso com a essência da religião, o sagrado.
A obra de Søren Kierkegaard (1813 – 1855) é marcada por uma grande articulação estilística entre forma e conteúdo. Para a sua filosofia da existência, o “que” se produz sobre o existir deve necessariamente articular com o “como” se produz. Em uma abordagem indireta do tornar-se si mesmo, a nossa maior tarefa enquanto indivíduos, Kierkegaard esquivará de escrever sistemas filosóficos ou doutrinas religiosas. Para isso, ele recorrerá a figuras de linguagem, humor, ironia, pseudonímia e, no caso de nossa presente análise, à apropriação de personagens bíblicos enquanto modelos subjetivos de tal tarefa. O presente artigo busca uma análise pontual desta última questão aplicada a dois de seus discursos edificantes. Em um primeiro momento, exporemos as bases de uma antropologia religiosa em que Kierkegaard irá basear aquele movimento em que o ser humano se torna um si mesmo, superando sua condição de pecado e desespero, através de um salto da fé. Em um segundo momento, analisaremos como ele se apropria das figuras de Jó e da Pecadora para, menos do que explicar ou fornecer diretrizes para este movimento existencial, prover modelos pelos quais aquele salto da fé pode ser observado e, enfim, apropriado pelo leitor.
A Modernidade pode ser entendida pelo processo de interiorização do fundamento metafísico para o âmbito do sujeito de tal modo que a interioridade moderna, sob o mote da autenticidade e da autonomia, pode se tornar um essencialismo. Ao produzir subjetividades fechadas sobre si mesmas, esta atomização ontológica contribui para o afloramento de problemas como o relativismo, o subjetivismo e o individualismo. Esta tese mostrará que a superação destes problemas não pode se dar em se apelando para mediações universais e objetivantes – que chamaremos de externalidades –, mas em se promovendo o exílio radical do fundamento metafísico do âmbito do sujeito – que chamaremos exterioridade. Para tanto, identificamos que, já no século XIX, a obra kierkegaardiana se apresenta como uma precursora deste exílio ontológico que tomará força principalmente com o pós-estruturalismo francês do século XX e suas discussões sobre alteridade. Desde a sua pseudonímia, e apelando a um paradigma protestante para promover tal exílio ontológico, a obra kierkegaardiana desautoriza Kierkegaard (19813 – 1955) enquanto autor moderno, ao mesmo tempo em que performa a desconstrução daquela interioridade do sujeito moderno enquanto fundamento ontológico de sua própria individualidade. Isto quer dizer que, a partir deste exílio, o indivíduo torna um si mesmo não mais por um processo de autoconhecimento de sua voz interior, mas da resposta a uma convocação exterior ao exercício de si mesmo. É neste contexto que a presente tese proporá o conceito de exterioridade, referindo-se constantemente à pseudonímia kierkegaardiana para discutir as implicações existenciais e, sobretudo, éticas deste exílio ontológico. Pois quando o indivíduo e a multidão deixam de ser o critério para o próprio devir, aqueles problemas modernos podem ser encaminhados: a tautologia moderna se esgota em um paradoxo. Uma vez que a relação com esta exterioridade radical demanda uma relação que foge da mediação logocêntrica, o devir se torna, portanto, uma questão que compete à religião – um outro paradigma de subjetividade, menos autoritário, é colocado. Por isso mesmo, por depender de um critério radicalmente fora dos limites da especulação, o conceito de exterioridade mostra a sua relevância para a delimitação epistemológica de nossa área: o conceito de exterioridade é um dos poucos que é próprio do estudo pela Ciência da Religião.
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