Resumo Estudos sobre recrutamento ministerial têm identificado a presença tanto de políticos profissionais quanto de técnicos no gabinete ministerial brasileiro. Todavia, análises de carreira têm se restringido apenas aos técnicos, enquanto estudos sobre ministros políticos focam majoritariamente o critério partidário de recrutamento. Este artigo possui dois objetivos: demonstrar empiricamente as diferenças e semelhanças entre as carreiras dos ministros políticos e dos não políticos (“técnicos”) durante os governos do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e do Partido dos Trabalhadores (PT), entre 1995 e 2014; e explorar os principais aspectos relativos à profissionalização dos ministros políticos, a partir de suas experiências em cargos eletivos e de alto escalão de governos estaduais e municipais. Os resultados indicam que tanto políticos como não políticos possuem larga experiência profissional, inclusive administrativa, embora os não políticos possuam maior afinidade com a área ministerial para a qual foram nomeados. Por sua vez, ministros filiados ao partido do presidente possuem maior afinidade com a área de jurisdição ministerial quando comparados com os ministros filiados a partidos da base aliada. A despeito dessas nuanças, não foram constatadas diferenças significativas entre os governos peessedebistas e petistas quanto à expertise dos seus ministros.
O artigo analisa a presença proporcional de estados e regiões nos gabinetes ministeriais formados nos governos de Cardoso (1995-2002), Lula da Silva (2003-2010) e Rousseff (2011-2016). A partir do local de origem política de 265 ministros de Estado, desenvolvemos um índice para mensurar a taxa de coalescência federativa dos gabinetes. O índice serve para estimar a proporcionalidade da representação estadual das equipes ministeriais ano a ano nos diferentes governos. Mais do que a sobrerrepresentação de alguns estados em relação ao peso efetivo de suas bancadas nos partidos aliados no Congresso Nacional, nossos resultados permitem comparar a intensidade e o padrão da coalescência federativa com a coalescência partidária ao longo do tempo para diferentes presidentes.
O artigo faz uma análise das origens partidárias e da natureza das trajetórias profissionais dos ministros de Estado no Brasil durante cada um dos governos dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. O objetivo é comparar as diferentes estratégias políticas das quais eles lançaram mão ao recrutarem seus colaboradores. As variáveis explicativas mobilizadas neste estudo são: tempo de carreira e número de cargos antes de assumir a pasta ministerial, setor de origem profissional e filiação partidária. Os resultados, com base nos diferentes perfis dos ocupantes de todos os ministérios nomeados entre 1995 e 2010, indicaram poucas diferenças nos padrões de recrutamento para os cargos de primeiro escalão quando comparados os dois governos. Os dados mais discrepantes dizem respeito à maior extensão das carreiras dos ministros de Cardoso e à maior partidarização das equipes formadas nos governos de Lula, principalmente com a expressiva presença do PT.
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