Partindo de imagens coletadas ao longo de dois anos de pesquisa etnográfica em Santo António do Rio das Mortes Pequeno, distrito rural de São João del Rei, o texto abordará os retratos de família no seu potencial antropológico. Acredita-se que a fotografia, na sua qualidade de fluir entre o visível e o não visível, na composição de indícios de significação sociocultural de uma época, se constitui como olhares sobre as realidades sociais. Se olhares são escolhas e, portanto, o resultado de processos sociais, as fotografias possuiriam lugares sociais de produção, obedecendo a padrões formais, estéticos e morais de uma época. Considerando os diversos aspectos e papéis das fotografias e dos fotógrafos em espaços rurais, serão propostas reflexões sobre os usos da fotografia na prática etnográfica, apontando para o seu potencial na sugestão/revelação do "olhar" que a produziu. Em seguida, serão propostas breves leituras de imagens coletadas nos arquivos familiares, destacando, como base para a reflexão, as noções de performatividade e de representação no sentido da montagem/construção imagética diante da pretensão de memória. Palavras-chave: fotografia, etnografia, família, memória, espaço rural introdução: guArdAr, congelAr e eternizAr pArA, enfim, circulAr A Fotografia é uma linguagem compreendida por todos os povos. Ela é testemunha dos sofrimentos, das lutas e vitórias dos homens, ajudando-os a vencer o espaço e o tempo, perpetuando e universalizando a imagem e a 1 Doutorando em Antropologia Cultural PPGSA/IFCS. Membro colaborador do Núcleo de Antropologia Visual e da Arte NAVA/CRIA, Lisboa. Trabalho apresentado nas Conferências NAVA, Antropologia Visual em Rede: Usos da imagem. Pesquisa, Rodagem, Montagem. Lisboa, 24 de Maio de 2014. Contato do autor: guto.franco@ gmail.com. pag. 112 CADERNOS DE ARTE E ANTROPOLOGIA história dos indivíduos e da Humanidade. As civilizações que não conheceram a Fotografia morreram duas vezes.
Resumo O crédito/dívida é objeto privilegiado para a compreensão tanto das dinâmicas de reafirmação do capitalismo no tempo, quanto da democracia, ao passo em que se torna política pública de “inclusão financeira”. No Brasil, nas duas últimas décadas, foi implantada e ampliada a oferta de crédito subsidiado para pequenos agricultores cuja base da mão de obra é familiar (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf). Como parte de um estudo etnográfico realizado entre 19 unidades familiares de cafeicultores do Caparaó mineiro (2015-2018), abordarei neste artigo o acesso, a prática e os sentidos dados por esses “beneficiários” ao Pronaf. Demostrarei que o crédito/dívida é fator importante para a participação desses agricultores no chamado jogo do café, plano no qual as decisões da economia e do trabalho podem ser tomadas com maior autonomia. No entanto, ao mesmo tempo em que isso anuncia tempos melhores, também coloca para esses agricultores desafios e tensões constitutivas de um processo caracterizado por dilemas e aprendizados junto a sujeitos, artefatos, conceitos ligados direta e/ou indiretamente ao sentido capitalista do mercado, no qual diferentes sentidos dados à dívida compõem um debate crítico.
PhD in Cultural Anthropology (UFRJ) and currently postdoctoral researcher at the Department of Anthropology of the Faculty of Philosophy, Letters and Human Sciences of the University of São Paulo (FFLCH/USP).Raymundo Faoro (1925Faoro ( -2003, jurista, historiador e escritor brasileiro, é considerado um dos principais intérpretes da sociedade brasileira no século XX. Entre 1943 e 1952, dos 18 aos 26 anos de idade, quando cursava a Faculdade de Direito em Porto Alegre, ele escreveu 20 volumes de diários, totalizando, aproximadamente, 6.800 páginas manuscritas cujo conteúdo esteve, até então, inédito. O objetivo deste artigo é lançar luzes a uma parte do processo de construção desses documentos, descrevendo e analisando a escrita cotidiana de seu autor. Concebendo a escrita enquanto prática, buscarei, etnograficamente, pelos gestos, isto é, pelas ações que, repletas de experiências, motivações e significados, teriam presidido o curso dessa escrita sempre em relação com o contexto da época. Ao deter-me nos 3 primeiros volumes dos diários (1943 -1946), concentrarei as descrições no período em que o autor experimenta os seus primeiros anos vivendo em Porto Alegre. Argumento que, mais do que apresentar aspectos inéditos sobre a formação de Faoro, os diários revelam aspectos relevantes sobre a cultura e a sociedade da época, fornecendo pistas sobre os requisitos de ingresso em trajetórias intelectuais na Porto Alegre e no Brasil dos meados do século XX. Além de uma contribuição aos estudos dos diários enquanto gêneros literários e intelectuais, lanço reflexões ao terreno da antropologia histórica sobre a escrita.
Writing gestures in the diaries of Raymundo Faoro
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