Poucos transtornos na medicina em geral e na psiquiatria em particular têm uma distribuição por gênero tão assimétrica quanto os transtornos alimentares (TA), com apenas 10% dos casos ocorrendo no sexo masculino. Esta disparidade pode ser atribuída a fatores biológicos e culturais, mas também indica a existência de dificuldades no diagnóstico dos TA em homens. Embora tenha crescido o interesse pelos TA nas últimas décadas, seu reconhecimento no sexo masculino ainda é pobre e limitado por estereótipos. O presente estudo tem como objetivo discutir as semelhanças e diferenças dos TA em homens e mulheres, enfatizando os tópicos que têm implicações práticas para os profissionais de saúde mental. Resumo Descritores Abstract Keywords IntroduçãoApesar do crescente número de estudos publicados sobre os transtornos alimentares (TA) nas três últimas décadas, a anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN) em homens permanecem pouco compreendidas. A baixa freqüência dos TA no sexo masculino contribuiu para que fossem por diversas vezes menosprezados e até mesmo ignorados, chegando-se inclusive à crença de que homens não sofrem desses distúrbi-os. A falta de familiaridade de profissionais de saúde com o assunto tem dificultado o diagnóstico, atrasado o tratamento e, consequentemente, aumentado o risco de complicações clíni-cas dos TA em pacientes masculinos 1 . O objetivo do presente estudo é revisar as características desses transtornos em homens e alertar para as armadilhas que costumam levar ao subdiagnóstico na clínica. HistóricoOs homens são citados em artigos e tratados científicos desde o início da história médica dos TA. Entre as possíveis razões para essa exclusão, ao longo de quase um século, podemos citar: o baixo número de casos, que eliminava os homens de qualquer estatística; a compreensão psicanalítica, na década de 40, da anorexia como sintoma de um suposto medo de fecundação oral, o que também exclui os homens; e a falsa crença de que o TA é um distúrbio limitado ao gênero feminino. 4,5 EpidemiologiaA taxa exata de TA no sexo masculino ainda não foi completamente estabelecida, [6][7][8][9][10] até porque os homens são excluídos de muitos estudos em razão do baixo número de casos. 11,12A proporção de homens com TA relatada na literatura é, via de regra, 1:10, variando de acordo com os critérios utilizados entre 1:6 e 1:20. 11,13,14 Para alguns autores, entretanto, o número está consideravelmente subestimado.14 Tal como ocorre no sexo feminino, entre os homens, a BN é mais freqüente do que a AN. 15,16 Não há conhecimento de nenhuma publicação de estudos epidemiológicos sobre TA em homens na América Latina. Na experiência do Setor de TA e Obesidade do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, em 150 pacientes consecutivos, 13 (8,67%) eram homens -três com AN, três com BN e sete com outros TA não especificados.A idade de início do quadro é um ponto controverso. Para alguns pesquisadores não há diferença entre os gêneros, 17 mas outros afirmam que os homens desenvolvem os TA mais t...
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