Ao considerarmos as obras que compõem a Literatura de Testemunho, podemos observar a prevalência de textos autobiográficos relatando as atrocidades da perseguição nazista e dos campos de concentração. No entanto, há também muitas obras ficcionais, de teor autobiográfico ou não, que narram tais experiências e outras relacionadas aos sofrimentos causados pelo nacional-socialismo a grandes parcelas da população europeia. Ao analisarmos a obra Der Tod des Widersachers, de Hans Keilson, procuramos determinar os índices de ficcionalidade que a afastam de uma possível leitura autobiográfica e refletir sobre as implicações éticas e estéticas de Keilson haver ficcionalizado experiências próprias.
As obras publicadas pelos escritores alemães no período em que se exilaram da Alemanha nazista compõem a chamada Literatura de Exílio, A este conjunto pertencem numerosas publicações de características bastante distintas, contudo, o engajamento é marca recorrente de muitas obras que procuraram denunciar a violência do nacional-socialismo. Paralelamente à publicação de obras literárias, muitos exilados envolveram-se na divulgação de revistas de literatura, arte e política, editadas em diversos países. Este artigo tem por objetivo apresentar as propostas e conteúdo de alguns desses periódicos, comentando uma amostra de textos e editoriais e apontando para a importância de tais revistas enquanto veículo de articulação de uma resistência intelectual ao nazismo.
O período conhecido como fin-de-siècle, que compreende a passagem do século XIX para o século XX, foi marcado por intensas mudanças no cenário artístico europeu; da tendência simbolista ao decadentismo, das vanguardas europeias aos primórdios do modernismo, a época foi de muitas propostas e experiências pelo novo. Ao traçarmos um breve panorama das principais questões sociais e filosóficas que marcaram o cenário português do período, procuramos neste ensaio mostrar de que formas a poesia portuguesa, do simbolismo à Geração de Orfeu, de fato se apropriou das tendências que estavam presentes no discurso de artistas e críticos da época. Trazendo como exemplo alguns trechos de poemas do período, percorremos uma época tendo como fio condutor a postura existencial do eu poético que se sente exilado, não-pertencente ao mundo em franca modernização que o cerca.
Durante o período entre guerras na Alemanha, conhecido como República de Weimar, prevaleceu enquanto tendência literária a Nova Objetividade, que preconizava uma escrita objetiva, documental e engajada em contribuir para a politização do público leitor. Este artigo tem como objetivo analisar o primeiro romance publicado por Hans Keilson, Das Leben Geht Weiter (1933), e apontar de que maneiras a obra, confessamente inspirada em experiências pessoais do autor, insere-se e destaca-se no escopo da Nova Objetividade. Procuramos investigar no texto do romance a representação da sociedade alemã na mencionada época, que se faz, sobretudo, através da perspectiva subjetiva do protagonista Albrecht Seldersen.
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