RESUMOAs discussões sobre a lepra, assim denominada antes da terminologia Hanseníase, remontam à Idade Média e seguiram até os dias atuais com a participação de inúmeros pesquisadores internacionais e brasileiros, pautados na etiologia e na terapêutica da doença. As políticas de saúde da Hanseníase configuraram uma trajetória de repercussões sociais que estão ligadas à implementação de políticas rigorosas, instituídas pelos governos e médicos especialistas da área, caracterizadas pelo isolamento, tratamentos dolorosos e de pouca eficiência (até a década de 1940) e pelo estigma e preconceito históricos. Diante dos contextos históricos da saúde pública no Brasil e do conhecimento de algumas políticas públicas da Hanseníase que determinaram seu controle no país, pontuar-se-á a Hanseníase na cidade de Governador Valadares/MG. Este município, situado no leste do Estado de Minas Gerais, na mesorregião do Vale do Rio Doce, será enfocado privilegiando-se a década de 1980. A intenção, portanto, é aproximar os leitores das apropriações dos sujeitos, das memórias coletivas, das suas percepções em relação * Pesquisadora do NEHT e do Observatório Interdisciplinar do Território/Univale. Docente do curso de História e do Mestrado em Gestão Integrada do Território/Univale. ** Enfermeira CREDEN-PES/SMS/GV/ Docente do Curso de Enfermagem/Univale.
Resumo A incidência da hanseníase em Governador Valadares nos anos 1980 propiciou à cidade tornar-se uma das pioneiras na introdução da poliquimioterapia. O objetivo aqui é compreender as relações entre os diversos “atores” inseridos nesse contexto, especialmente os funcionários da Fundação Serviço Especial de Saúde Pública e os pacientes. Para a identificação dos territórios que essas relações necessariamente constituíam, foram utilizados diversos instrumentos teóricos, como o “dramatismo” (Burke) e a performance (Turner). Buscou-se, com a metáfora teatral, uma dinâmica na qual os diversos atores não só se apresentassem, mas também estabelecessem as suas relações mais significativas, num processo dinâmico de constituições e reconstituições de territórios.
O ensaio aborda a imbricada rede familiar que gravitava ao redor dos barões de Juiz de Fora, Santa Helena e S. J. Nepomuceno, principais acionistas do Conselho Diretor da Estrada de Ferro União Mineira (EFUM). A pesquisa utilizou os pressupostos da Análise de Redes Sociais (ARS), da Genealogia e da Prosopografia. Essa opção resultou numa metodologia que permite levantar, visualizar (sociograma) e avaliar os nexos relacionais de um grupo amplo, envolvendo famílias tradicionais da Zona da Mata Mineira.
Os Krenak, remanescentes dos antigos botocudos, passaram por várias investidas governamentais que pretendiam a eliminação ou a civilização dos nativos. As primeiras ações do Estado foram fundamentadas na edição da Carta Régia de 1808, que estabeleceu as Divisões Militares do rio Doce com o intuito de ocupar demograficamente este território e eliminar os botocudos, tidos como um entrave para o crescimento econômico da região. Esta política, iniciada ainda no período colonial e intensificada no Segundo Reinado, não obteve o sucesso pretendido e o vale do rio Doce passou a ter uma ocupação demográfica significativa apósa implantação da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), na década de 1910. Este artigo discute a construção do território Krenak, em Resplendor/MG, no vale do rio Doce, tendo como base os exílios, as diásporas e a reconquista, ocorridos entre 1958 e 1997. Abordaremos, por um lado, a ação efetuada pelo extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e pela Funai com o objetivo desterritorializar os indígenas. Por outro lado, trataremos o mesmo processo na perspectiva dos indígenas, enfocando os vínculos sagrados estabelecidos com oselementos da natureza e sua influência na constituição de um território sagrado para os Krenak
RESUMOO bairro de São Tarcísio, próximo ao rio Doce -Governador Valadares, Brasil -é o cenário de um território factível onde uma porção específica de terra associa-se de modo vago (frouxo) com um solonatureza e a alguns traços humanos especiais marcados culturalmente. Na realidade, este ensaio lida com três dimensões ao mesmo tempo: o rio, o bairro e os seus moradores. Tendo presente um processo histórico, um 'clima' de sentimentos e algumas categorias como imaginário, representações, códigos sociais e identidade como os principais instrumentos, pode-se encontrar um caminho de se chegar ao de produção e reprodução simbólica deste processo de territorialização. O território é compreendido como o produto de uma cena de um território factível através da apropriação material e simbólica de um espaço. Esta apropriação vincula-se profundamente ao imaginário, à experiência, ao mítico, à vida cotidiana e códigos culturais.
Esse artigo reflete sobre algumas questões que tangenciam o ser humano e sua relação com os espaços na contemporaneidade, principalmente com os espaços não pensados, a princípio, para as práticas teatrais. Propõe-se, por isso, uma aproximação entre os Estudos Territoriais (Território) e as Artes Cênicas (Teatro) a partir de três movimentos. Primeiro, uma breve reflexão sobre a interdisciplinaridade e a fenomenologia como instrumentos para se pensar a imbrição entre Teatro e Território. Segundo, os diálogo pertinentes entre a Geografia Cultural e o Teatro, vislumbrando as múltiplas faces do território, a microterritorialidade/microterritorialização e a relação entre a microterritorialidade e o teatro em espaços alternativos. Terceiro, uma reflexão sobre o fenômeno teatral na Geografia Humanista-cultural. Conclui-se que as encenações em espaços impregnados de singificados simbólicos, de históricidade e memória, propiciam uma interferência na percepção do público em relação ao espetáculo uma vez que implica em uma ressignificação dos espaços alternativos e na produção de microterritorialidades na cena urbana, redimensionando transitoriamente os territórios estabelecidos na cidade.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.