O livro organizado pela filósofa Sandra Caponi, em parceria com outros autores, dentre os quais destacamos Marta Verdi, Fabíola Brzozowski e Fernando Hellmann, lança diferentes olhares para o fenômeno da medicalização da vida que se exacerba no contemporâneo. As análises são feitas a partir de referenciais teóricos distintos, contemplando desde análises sociológicas orientadas pelo referencial de Michel Foucault até o entrelace da medicalização da vida com as implicações éticas e os desafios para a saúde pública brasileira.O livro é dividido em cinco partes, reunindo trabalhos em cinco grandes áreas: I -Ética, Pesquisa e Indústria Farmacêutica; II -Ética e Medicalização da Vida; III -Bioética e Políticas Públicas de Saúde e Educação; IV -Bioética e os desafios do Comitê de Ética em Pesquisa e V -Desafios Éticos para a consolidação do SUS. A diversidade de temáticas faz do livro uma leitura obrigatória não só para a área da saúde, as ciências biológicas e humanas, que vivenciam intensamente o fenômeno da medicalização da vida, mas também a todos que desejam compreendê-lo, bem como compreender o funcionamento e as consequências da maquinaria científico-tecnológica, mas também subjetiva, que é hoje a indústria farmacêutica.Nesse ínterim, na primeira parte da obra os artigos fornecem um amplo panorama da indústria farmacêutica contemporânea, privilegiando polêmicas como o duplo standart, ou seja, a adoção de diferentes normas para países pobres e países ricos, o uso de placebo, e outras novas diretrizes -ou velhas revisitadas -da Declaração de Helsinque em sua última revisão, em 2008. Luis Castiel propõe uma análise dos aspectos sociológicos da vida medicalizada pelo viés da hiperprevenção, explorando na esteira de Zygmunt Bauman nosso medo líquido produtor de estratégias preventivas para quaisquer riscos detectados, enquanto Ethel Maciel sugere uma reflexão sobre as doenças negligenciadas que existem na fronteira entre a lógica do capital, orientada para o lucro, e o valor da vida humana, mercantilizada pela indústria farmacêutica. Na parte II do livro, diversos autores versam sobre temas prioritários na agenda de quem se propõe a discutir a medicalização da vida: medicalização da infância, do crime e do sofrimento psíquico. Sandra Caponi discute a produção -ou prescrição? -de subjetividades pelos diagnósticos, a medicalização da depressão e a petite biologie ou biologia menor, por meio da qual a ausência de explicações biológicas para fenômenos como a depressão produz explicações pautadas nos efeitos dos psicofármacos. A autora questiona a lógica da produção de psicofármacos, que recai numa espécie de explicação circular, onde contraditoriamente a terapêutica passa a determinar a causa do fenômeno. No artigo de Kleber Prado Filho, traduz-se a dinâmica da sociedade contemporânea ocidental pela ótica foucaultiana da biopolítica, situando a medicalização como uma tecnologia do biopoder. O autor investiga a genealogia de práticas de normalização que, manifestadas de forma difusa em nossa sociedade, utilizam-se dos ins...
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.