A idade – especialmente no caso de indivíduos mais velhos – tem sido um tema ainda pouco discutido pela área da Administração, apesar de o envelhecimento populacional já ter se revelado uma realidade no Brasil. Partindo da ideia de que as representações sociais sobre o que é ser velho e/ou idoso em nossa sociedade produzem e reproduzem situações de discriminação e preconceito que levam a desigualdades sociais torna-se pertinente refletir sobre como as ações e práticas organizacionais estão ao mesmo tempo afetando e sendo afetadas pelo envelhecimento intensificado da população e, ainda, como os pesquisadores e acadêmicos da área estão abordando estes temas. Realiza-se, neste artigo, um levantamento das publicações, na área da Administração, a respeito do tema envelhecimento, a fim de identificar como este assunto tem sido abordado pelos estudos organizacionais. Partiu-se da contextualização do processo de envelhecimento e de como este fenômeno vem ocorrendo no Brasil, delineando também um panorama dos estudos sobre o tema. Em relação ao método, optou-se pela meta-análise qualitativa. A coleta de dados foi realizada nos anais do Encontro Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração – ENANPAD – (de 1997 a 2011), em todas as seções temáticas. Para a busca, utilizaram-se as seguintes palavras-chave: envelhecimento, velhice, idoso (a), velho (a), terceira idade, quarta idade, aposentadoria. Após a análise de 26 artigos, os resultados revelaram que o fenômeno tem sido pouco explorado pela Administração. As áreas de trabalho de Gestão de Pessoas e Marketing concentram a maioria dos estudos publicados, nos quais se pode identificar maior direcionamento para temáticas como aposentadoria e comportamento do consumidor.
O envelhecimento da população brasileira tem demandado atenção, principalmente, no que tange ao cuidado para com o público idoso. Apesar de a legislação brasileira estabelecer que esta responsabilidade é de competência primordial da família, a dinamicidade do contexto social e a atual fluidez dos relacionamentos familiares têm implicado alterações nessa obrigatoriedade. Nesse contexto, as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) oferecem serviços de assistência social e à saúde, prioritariamente, para idosos que não possuem família ou quando essa não apresenta condições para assumir seu cuidado. Tendo-se presente o fato de que, muitas vezes, as instituições asilares são rotuladas pela sociedade de maneira preconceituosa, este estudo buscou identificar e analisar as representações sociais de idosos institucionalizados sobre a velhice e sobre a sua condição de idoso. Nesta pesquisa qualitativa, adotou-se o método de estudo de caso. A coleta de dados foi operacionalizada por meio de observação, entrevistas com idosos institucionalizados e classificação de imagens. Os resultados do estudo apontaram representações sociais distintas: algumas com foco nas perdas, na qual a velhice foi associada a abandono, solidão, conflitos, pobreza e doença, e outras com foco nos ganhos, a exemplo das representações da velhice como uma fase ativa, propícia a envolvimentos amorosos e ao descanso.
ResumoEste artigo analisou como as relações entre emoções e trabalho, presentes nas falas sobre a assistência social, configuram o sentido de envelhecimento para os profissionais dessa área de atuação em uma instituição de longa permanência para idosos. Articulou-se a abordagem contextualista dos estudos das emoções entremeadas com o processo de constituição subjetiva dos assistentes sociais. Para a coleta de dados foi realizada pesquisa em documentos disponibilizados pela instituição e entrevistas semiestruturadas com a assistente social, duas estagiárias deste segmento profissional e quatro idosos residentes na instituição pesquisada. Os resultados evidenciaram uma polarização entre dois modelos hegemônicos de entendimento da velhice, em que o engajamento emocional atua como a esfera subjetiva que permite a objetivação desse processo de clivagem social. Por meio das análises do engajamento emocional nas atividades de trabalho da assistência social, foram identificadas as práticas organizacionais que reafirmam o modelo de pauperização e de abandono dos idosos na sociedade.
AbstractThis article examined how the relationship between emotions and work, present in the discourses about social care, configure the meaning of aging for professionals in this area in a Long Term Care Institution for Elders. The contextualist approach of studies of emotions was theoretically articulated intertwined with the process of subjective constitution of the social workers. In order to collect the data a documental research was provided by the institution, and semi-structured interviews with the social workers were carried out, two interns of the professional segment and four elderly residents of the institution. The results demonstrated a polarization between two hegemonic models of understanding of old age, in which emotional engagement acts as the subjective sphere that allows the objectification of this process of social cleavage. Through the analysis of emotional engagement in the social care work activities, we identified organizational practices that confirm the model of impoverishment and neglect of older people in society.
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