Resumo: Na tentativa de compreender o dilema entre "os valores da civilização alemã e as forças destruidoras no seio do mesmo povo que os criou", Carpeaux refuta três teorias então vigentes e considera Nietzsche, o "Dionísio Crucificado", como aquele que experimentou e antecipou as forças contraditórias do espírito alemão. Após fazer um balanço dos mal-entendidos em torno da recepção de Nietzsche tanto na Alemanha quanto na Europa até o ano de 1942, o autor então parte da tese de que o pensador alemão seria simultaneamente poeta, filósofo e profeta, algo que somente seria possível no interior de um "homo religiosus", daquele que vivenciaria o conflito oriundo da antiga barbárie nórdica e da barbárie dos novos burgueses alemães. Dotado de um intelecto que possuía uma "estrutura heraclítica", tal como o de Hegel, Nietzsche, no entanto, na qualidade de "profeta do niilismo europeu", teria não somente descoberto "a estrutura heraclítica do espirito alemão", mas, sobretudo "o caminho da autodestruição deste espírito". Ou seja, antecipado "o caminho do nacionalismo e do socialismo à fusão no nacional-socialismo". Palavras-chave: Nietzsche -espírito alemão -conflitoniilismo-nazismo.A nenhum homem sério poderia deixar de preocupar a grave discrepância entre os valores da civilização alemã e as forças destruidoras no seio do mesmo povo que os criou. A civilização, a nossa e a universal, seria estropiada, se lhe faltassem o sério da consciência de Lutero, a catedral invisível de Bach, o céu olímpico de Goethe, a visão histórica de Hegel, e tantos outros; o que importa não são as obras de alguns gênios, é o espirito que
E sabido que o termo "Barroco" foi por muito tempo um sinônimo de "decadência das artes". Desde a vitória do classicismo na França, e do neo-classicismo na Alemanha, as comparações entre a arte clássica da Renascença e a arte "moderna" do Barroco pululam, e estas comparações sempre produzem maus resultados para o Barroco. As primeiras edições do Cicerone, de um tão grande conhecedor como Jacob Burckard testemunham-no; mesmo os Kunstgeschicbtliche Grundbegriffe de seu sucessor Heinrich Woefflin, em 1915, ressentem-se desse fato. E perfeitamente possível que uma fina sensibilidade dos historiadores, a maioria deles protestantes, para a alma católica do Barroco tenham alguma responsabilidade nisso.Desde há algumas décadas, esse aspecto mudou radicalmente. O Barroco, sua arte, sua literatura, sua ciência, sua política, foram objeto de muitos estudos, de um interesse apaixonado até ao modismo esnobe. Assistimos a uma verdadeira revalorização do Barroco. Bartolomé Manuel Cossio, Eugenio d'Ors, e os historiadores literários pós-menendizianos na Espanha, T.S. Eliot e Sacheverell Sitwell na Inglaterra, Paul Frankl e Ernst Cysarz na Alemanha, a lista deveria continuar; mas pouco adiantaria citar aqui nomes e obras. O movimento "barroquista" mereceria um estudo à parte, pois não se trata aqui de um negócio dos especialistas ou dos esnobes. Nosso tempo tem certas afinidades com o tempo barroco: nossas angústias religiosas, nossos abalos políticos e sociais, nossas preferências artísticas fizeram-nos compreender o Barroco, por mais de um motivo. Compreendemos nele, agora, um "sistema de civilização", o último "sistema fechado de civilização", o último "estilo" que a Europa produziu. O Barroco deixou de ser um fato histórico, para ser uma atualidade viva.A alma da vida barroca é de substância latina, mediterrânea. É entre os povos latinos que o Barroco floresceu principalmente, e A.E. Brinckmann (1) sustenta uma afinidade especial entre as civilizações mediterrâneas e as expressões barrocas. Mas certas expressões artísticas do Barroco -a decoração das igrejas e dos conventos, sobretudoelevam-se a seu ponto mais alto na Bélgica, na Alemanha Meridional, na Áustria, entre os povos germânicos, muito longe do Mediterrâneo, ligados às civilizações latinas apenas pela fé comum, a fé católica reafirmada pelo Concílio de Trento.Com efeito, as fronteiras geográficas do estilo barroco parecem coincidir com as fronteiras das religiões no século XVII, fronteiras criadas por esse grande movimento eclesiástico pós-tridentino que se chama, um pouco erroneamente, "Contra-Reforma". O Barroco floresce em Roma e em toda a Itália, sobretudo nas regiões muito fiéis, em Nápoles e no Piemonte; o Barroco floresce na Espanha e em suas possessões americanas, na Áustria, na Baviera e Francônia, na Bélgica; na Alemanha, a fronteira das confissões coincide exatamente com a fronteira dos estilos. A França, ao contrário, profundamente perturbada pelas discussões jansenistas, abandona logo o Barroco; Bernini nao podia ter lugar aí, e o classicismo venceu, na...
Destruíram tudo, igrejas, chafarizes, enseadas, a própria Natureza. Tam bém destruíram a Livraria José Olympio. Sei que será reconstruída. Mas já não será a mesma, essa loja pequena, escura e quente como o diabo. Foi ali que tive a sorte, por volta de 19 4 1 ou 19 4 2, de entrar em contato com os representantes de um período esplêndido, talvez o ponto mais alto em toda a história da lite ratura brasileira. Quase todos eles, conheci-os ali. Mas nem todos eles costumavam freqüen tar com pontualidade a livraria. Quase nunca: Otávio de Faria, descansando, du rante o dia, do trabalho noturno; Augusto Meyer, marcando encontros no Insti tuto Nacional do Livro, ou antes desencontros; e Cecília Meireles, da qual só muito mais tarde ousei aproximar-me. Não tão raros os caríssimos Lúcia Miguel Pereira e Otávio Tarquínio de Sousa, mas conheci-os ali. Raros, porém, o queri
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