A teoria econômica do oligopólio, que serviu de ponto de partida para os estudos de organização industrial, assinala que, em face de um pequeno número de grandes vendedores, os ajustamentos de posição realizados por uma firma podem afetar sensivelmente os preços ou os volumes de vendas das demais firmas da indústria -aumentando a complexidade da decisão preço-produção pela necessidade de antecipar a reação dos concorrentes. Uma vez reconhecida essa mútua interdependência, e sendo pequeno o número de firmas, elas poderão achar praticável o controle do mercado, na tentativa de estabelecer uma política de maxímízação conjunta de lucros. Ademais, a quebra de acordo por parte de qualquer firma, por afetar as demais, provocaria retaliação, operando, por conseqüência, como um fator de estabilidade do arranjo.Dessa relação de interdependência entre as firmas resultam duas proposições teóricas: a) quanto maior o grau de concentração, maior a interdependência oligopolística; b) quanto maior o grau de concentração, tanto maior a probabilidade da adoção conjunta de combinação preço-quantidade mais próxima do monopólio. Inversamente, quanto menor o grau de concentração do oligopólio, maior a probabilidade de alguma rivalidade entre as firmas e, portanto, mais se aproximará a determinação do preço e produção de uma situação de concorrência. estabelecer se a concentração elevada se devia a barreiras naturais ou artificiais à entrada. Três grandes tipos de barreiras foram identificados: a) diferenciação de produtos; b) vantagens absolutas de custo; c) vantagens advindas de economia de escala das grandes empresas. 3 Em um estudo de 20 indústrias, Bain concluiu que em parte delas o tamanho real das empresas excedia, substancialmente, o tamanho necessário para atingir o desempenho econômico ótimo. A implicação desse fato era a de que barreiras naturais, como economias de escala, não representavam motivo suficiente para os altos níveis de concentração existentes. Tamanho elevado de empresas e alta concentração eram manifestações de barreiras artificiais à entrada de novos concorrentes. Em resumo, o tamanho, por si só, não era condição essencial para a eficiência econômica.A maior deficiência desses estudos é a ausência de uma explicação teórica de natureza comportamental para as relações, estatisticamente observadas, entre concentração e lucros. Alguns autores chegam a admitir que uma razão fundamental para a emergência da teoria da organização industrial orientada para o estudo da estrutura industrial foi a ausência de uma teoria geral do comportamento oligopólico das empresas.A contribuição teórica de Sylos-Labini veio, exatamente, ao encontro dessa necessidade e, curiosamente, as formulações deste autor, embora não se enquadrem na linha de investigação proposta por Bain, são quase conRev. Adm, Empr.Rio de Janeiro, 24(3): 25-33 jul./set. 1984