ResumoPersonagem-fi ltro, intérprete, mas também interventor, prescrevendo, legitimando e ordenando o universo tipográfi co, o editor surge como fi gura múltipla e socialmente investida de atributos e práticas mediadoras na sua relação com o dado textual. Produtor de valor e materialidade, o editor inscreve o projecto do livro num espaço social colaborativo de trabalho, o campo da edição. Este artigo procura sistematizar teoricamente alguns tópicos relativos à articulação do editor com a construção social do campo editorial e a edifi cação da cultura impressa. Empreender semelhante exploração é abdicar forçosamente de uma visão linear, unidimensional e historicamente asséptica do mundo social e cultural do livro, cuja morfologia e suportes conhecem crescentemente os desafi os da desmaterialização.
Palavras-chaveEditor, edição, construção, mundo social do livro.
Figuras do editorEm documento formativo, a UNESCO [1990] acomete ao editor de livros três funções: a de decidir o que é e não é publicado, a de correr os riscos inerentes às indeterminações fi nanceiras das suas decisões, a de coordenador, ou maestro, das funções do autor, dos compositores e do impressor, intervindo ainda directamente na promoção e até na distribuição. Noutros fóruns ainda, o editor é o destino da convergência de múltiplos epítetos: homem de negócios, gramático, intelectual, agente publicitário, tutor do conhecimento e da criação. Não passível de redução dimensional, semelhante ofício corresponde ao encargo com um empreendimento cujos objectivos e bases, nas palavras de Stephen Graubard [1963: 3], desafi am qualquer defi nição imediata. Com efeito, este actor do
33Revista Angolana de Sociologia Junho de 2012, n.º 9, pp. 33-48