O Setecentos luso e hispânico nas Américas: perspectivas e aproximações ão seria fácil reunir em um dossiê uma amostra ainda que limitada da copiosa produção historiográfica atual sobre as Américas lusa e hispânica no período colonial. A diversidade temática ou mesmo a maior concentração de trabalhos
D. Rodrigo de Souza Coutinho (1755-1812) vem sendo alvo de atenção da historiografia nas últimas décadas. Arquétipo do reformismo ilustrado luso-brasileiro, sua influência no pensamento político dos homens que vivenciaram a conjuntura do final do século XVIII e do início do XIX, é notória e reiterada em diversas análises. O artigo pretende problematizar a ênfase excessiva nas atitudes e nos projetos que ligam D. Rodrigo aos ideais de modernidade de cunho liberal do período, elaboradas a partir da primeira biografia publicada sobre o personagem em 1908; e recuperar aspectos de seu pensamento que remetem à defesa de ideais, que chamarei de “tradicionalistas” capazes de fundamentar as escolhas feitas pelas elites que atuaram no processo de emancipação política, como o projeto de manutenção da monarquia como sistema de governo e a escravidão.
O artigo tem como propósito apresentar algumas reflexões historiográficas que permitam lançar luz ao posicionamento social de um grupo de governadores que atuou nas conquistas portuguesas, entre os anos de 1796-1803. Em um primeiro momento, contempla-se a concepção de honra e fidalguia defendida pela aristocracia portuguesa contra o que denominavam de “enobrecidos”, isto é, os que ascendiam aos cargos da Coroa pelo critério do “talento”, associado ao diploma universitário; em um segundo momento, problematiza-se o recrutamento de governadores e vice-reis, postos que – como têm demonstrado a historiografia – permitiam o acesso ao topo da aristocracia portuguesa, por meio da remuneração das casas com títulos nobiliárquicos. Ao final, demonstra-se como essa forma de ascensão social foi afetada pela valorização dos saberes universitários, colocando em exame a primeira geração de governadores formada após as reformas do ensino pombalinas, que atuou nas conquistas ultramarinas na virada do século XVIII para o XIX.
RESUMO Biografar “grandes personagens” tornou-se um desafio historiográfico desde o surgimento da chamada Nova História Política. Os caminhos teórico-metodológicos na atualidade oferecem reflexões a partir da complexa relação entre indivíduo e sociedade, como meio de romper com uma narrativa linear que descuida das hesitações e escolhas feitas por um indivíduo. Este artigo perscruta tal problemática a partir do exame da correspondência particular de D. Rodrigo de Souza Coutinho, escrita entre 1778 e 1796, guardada na Coleção Condes de Linhares do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Questionam-se algumas interpretações sobre este personagem central da administração portuguesa do final do século XVIII: ele foi de fato preparado pelo marquês de Pombal para assumir as funções que o notabilizaram? A imagem de “gênio visionário” corresponde à sua trajetória? Problematizam-se as vicissitudes vividas por D. Rodrigo e seus familiares na disputa pelos principais cargos da monarquia, permitindo a desconstrução mítica do personagem.
Resumo: A Universidade de Coimbra foi responsável pela formação de gerações de letrados que integraram as elites políticas portuguesas entre os séculos XVI a XIX. Sua instalação em Coimbra em 1537 promoveu a formação de uma identidade específica da cidade, impactando sua configuração espacial. O cotidiano citadino, marcado pela presença dos estudantes, foi organizado de acordo com os interesses do Estado, no que respeita o controle sobre a educação moral da juventude. O presente artigo combina três objetivos: analisar a relação entre a cidade e a universidade nos séculos XVII e XVIII, atentando para o cotidiano estudantil; discutir, no contexto das reformas pombalinas, o papel da Universidade como locus de irradiação dos saberes ilustrados; e, por fim, demonstrar que o diploma conimbricense garantia a formação de laços identitários e clientelares, fundamentais à configuração das elites dirigentes. Palavras-Chave: Universidade de Coimbra; letrados; Ilustração. Abstract:The University of Coimbra was responsible for training generations of scholars who have integrated the Portuguese political elites between the sixteenth and the nineteenth centuries. Its setting in Coimbra in 1537 led to the creation of a specific identity of the city, impacting its spatial configuration. he city daily life, marked by the presence of students, was organized according to the state's interests with regard the control on the moral education of youth. This article combines three objectives: to analyze the relationship between the city and the University in the seventeenth and eighteenth centuries, paying attention to the students' daily lives; to discuss, in the context of Pombal reforms, the role of the University as an irradiation locus of illustrated knowledge; and, finally, to demonstrate that Coimbra degree earned the formation of identity and clientelist ties, the basic configuration of the ruling elites.
Resumo: O artigo discute a noção de propriedade e direitos à terra no pensamento de José Bonifácio de Andrada e Silva a partir da problematização e análise de dois manuscritos da Coleção José Bonifácio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro: “O governo deriva da propriedade” e “Apontamentos sobre as sesmarias do Brasil”. Tais escritos foram produzidos durante o processo de Independência e integram seu programa de reformas para o Brasil naquele contexto. Para tanto, analisam-se as sesmarias e as regras para sua limitação; a formação de pequenas e médias propriedades rurais; e o papel desempenhado pela agricultura como fonte de riqueza. Por fim, o artigo contribui para a desconstrução do mito Bonifácio, de um homem à frente de seu tempo, situando o diálogo que ele estabeleceu com o pensamento econômico do século XVIII.
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