Introdução: A anemia falciforme (AF) é uma hemoglobinopatia hereditária que cursa com anemia hemolítica crônica e, frequentemente, provoca crises álgicas. Gestantes com AF podem apresentar complicações obstétricas e hematológicas, além de serem mais susceptíveis às infecções e alterações bucais. Objetivo: Relatar as alterações bucais e fatores associados em uma gestante com anemia falciforme. Métodos: A gestante foi convidada a participar do estudo durante o pré-natal na Unidade de Saúde de referência. Após seu devido consentimento, os dados foram coletados por meio de entrevista e avaliação clínica. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSJ pelo parecer número 3.614.386, CAEE 20648719.3.0000.5545. Resultados: A paciente teve o diagnóstico tardio de AF, aos 22 anos, durante a 23ª semana de sua primeira gestação. No entanto, a mesma não realizava acompanhamento e terapia específica e aderia ao tratamento medicamentoso apenas em crises e gestações. Possui histórico de desfechos gestacionais desfavoráveis: neomorto (primeira gestação) e gestação molar (terceira gestação). Além da AF, a gestante foi diagnosticada com sífilis nesta gestação e na anterior, e apresenta infecções de repetição do trato urinário. Ao exame clínico bucal, com 38 semanas e 3 dias de gestação, a paciente apresentava 28,1% (9) elementos dentários ausentes, 9,4% (3) elementos cariados, 62,5% (20) dentes com desgaste inciso-oclusal e 6,25% (2) elementos cariados com envolvimento pulpar e abscesso. A gestante ainda apresentava péssima higiene bucal, perda óssea generalizada, gengivite, periodontite, pigmentação e palidez da mucosa, queixa de dor difusa na cavidade bucal e articulação temporomandibular, além de parafunção noturna com excursionamento (bruxismo). A paciente foi encaminhada para tratamento odontológico nas Unidades de Saúde de referência. Discussão: A ocorrência de alterações bucais, em pacientes com AF, está intimamente ligada ao próprio mecanismo patogênico da hemoglobinopatia. No entanto, pode ser agravada pelo não estabelecimento da terapia profilática e até mesmo, por hábitos de higiene insuficientes. Neste contexto, o diagnóstico tardio desta paciente pode ter contribuído para a orientação insuficiente da mesma e não adesão ao tratamento, que poderiam ter evitado ou atenuado, o surgimento de complicações bucais e o sofrimento da mesma. Conclusão: Devido ao impacto da AF sobre a saúde bucal dos pacientes, o atendimento multidisciplinar aos mesmos deve ser incentivado, com o foco principal na prevenção das alterações. No entanto, os estudos acerca da abordagem odontológica destes pacientes ainda são escassos, principalmente em relação ao período gestacional
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