A partir de 1990, iniciou-se um esforço para uma mudança radical no perfil acadêmico do corpo docente, com substituição progressiva de professores sem titulação em nível de doutorado por professores com titulação e com produção científica qualificada. Utilizando o competente sistema de bolsas de treinamento no exterior oferecido pela CAPES e pelo CNPq, jovens com perfil para a vida acadêmica foram enviados para programas de doutorado, programas de doutorado Sandwich e programas de pós doutorado em algumas dos mais importantes centros acadêmicos da América do Norte e da Europa, incluindo: instituições americanas como Harvard, Boston, Johns Hopkins, Cleveland Clinic, Duke, Carolina do Norte, Emmory, Washington; centros canadenses como Toronto e Ottawa; e centros europeus como Munique, Londres e Pisa. O programa de treinamento do corpo docente foi planejado de forma a evitar a endogenia e, aproveitando diferentes oportunidades, capacitar médicos pesquisadores em quase todas as áreas da cardiologia.Os jovens pesquisadores que retornavam de períodos de treinamento no exterior passavam a desenvolver suas atividades de pesquisa na UFRGS, apoiados pelo Programa de Pós-graduação em Cardiologia. Assim como outras universidades federais brasileiras, a UFRGS tem como importante limitação a estabilidade de seu corpo docente, que associado ao fato da grande maioria dos professores da Faculdade de Medicina aposentarem-se somente aos 70 anos, impede uma renovação adequada. Além disto, a limitada disponibilidade de novas vagas por parte do Governo Federal para admissão de novos professores contribui para este quadro. Em meados dos anos 90 realizou-se um movimento para exigir o título de doutor para todos os futuros concursos para professores na UFRGS, o que permitiu a alguns recém doutores a integração o corpo docente da Faculdade de Medicina. Uma segunda estratégia de renovação utilizou a condição de empresa pública de direito privado do Hospital de Clínicas de Porto Alegre para renovar o corpo de médicos contratados, exigindo também a titulação de doutor para estes profissionais, que passaram, por sua vez, também a integrar o corpo docente da Pós-graduação. No final dos anos 80, o Programa de Pós-graduação em Cardiologia contava com apenas três professores orientadores com titulação em nível de doutorado e identificação com o Serviço de Cardiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O esforço de formação de recursos humanos resultou que hoje em dia este grupo inclua 21 doutores, sendo que 14 tiveram formação pós-graduada no exterior.Aos poucos foi se delineando nova filosofia para o desenvolvimento da pesquisa, alicerçada no perfil pesquisador/orientador de seus professores, com conseqüente modificação no processo seletivo