Os conceitos de parataxe e dupla consciência, o primeiro originário da lingüística, o segundo do pensamento negro norte-americano do século XIX, podem, apesar de gêneses tão diversas, tornar-se instrumentos integrados de crítica cultural e textual, estabelecendo uma ponte sobre o hiato que se formou entre os estudos lingüísticos e literários nas últimas décadas. A pesquisa “Parataxe e memória”, desenvolvida por Myriam Ávila, é uma tentativa nesse sentido.
O artigo propõe uma aproximação entre o sertanejo descrito porEuclides da Cunha em Os sertões e aquele representado pelo viajanteinglês James Wells em Três mil milhas através do Brasil. Partindo dapremissa de que Euclides conhecia a obra do engenheiro inglês, publicadaem 1876, apresenta-se a imagem euclideana do sertanejo como uma“resposta” ao texto de Wells.
A PERCEPÇÃO VISUAL DO MUNDO, QUE SE DETALHA EM NUANÇAS DE FORMAS, CORES E MOVIMENTOS, É UM VEIO POUCO EXPLORADO NA POESIA BRASILEIRA, EM CONTRASTE, POR EXEMPLO, COM A NORTE-AMERICANA. A FUGA DA SUBJETIVIDADE POR MEIO DA CISÃO ENTRE O VEDOR E O VISTO, ENTRE O OBJETO E A MÁQUINA-POETA QUE O OBSERVA SEM COM ELE INTERAGIR, NÃO DEIXA, COM SEU TRAÇO MINORITÁRIO, DE CONSTITUIR UMA ATRAENTE VIA DE EXPRESSÃO PARA A NOVA GERAÇÃO DE POETAS BRASILEIROS, E COMO TAL É ABORDADA NESTE ARTIGO.
Quase simultaneamente, a escritora, artista plástica e professora Vera Lins publica um livro de ensaios, O poema em tempos de barbárie, e um de ficção autobiográfica, Desejo de escrita. Eles parecem obedecer a impulsos opostos: um de estudo e rigor, um de jogo e casualidade. Num, fala de poesia. No outro, exercita a prosa literária. Mas que dizer da proximidade amiga que consegue manter com o leitor nos ensaios? E da habilidade manhosa com que nos guia pelos meandros de um diário baralhado? Se você gosta de poesia, leia os ensaios de Vera para se encantar com a propriedade com que ela aproxima representações poéticas da guerra em diversos momentos da história e em pontos diversos do planeta com expressões desiludidas de versos mais próximos de nós no tempo e no espaço. E ainda, para conhecer e apreciar melhor os simbolistas brasileiros, lidos, inclusive, através dos prismas de Agamben e Castoriadis. Ao longo do livro, você se verá diante de uma outra arte, a pintura, capaz também de aguçar nossos sentidos para o poé-tico. Tudo isso com qualidades de leveza e precisão que é raro mostrarem-se juntas em textos desse teor.Se você gosta de diários, da escrita não totalizante do momento, de correr o olhar sem compromisso de cronologia pelos papéis alheios (como apreciamos eu e mais 90% da humanidade), por mais leituras desse tipo que já tenha feito,
A autobiografi a tem atraído cada vez mais a atenção dos estudiosos em diversas áreas. Antes ocupando um lugar modesto e marginal no conjunto da obra de escritores, fi lósofos, artistas e cientistas, passou, nas últimas décadas, a texto-chave para a avaliação dessa mesma obra ou documento inestimável de uma época e de um Zeitgeist. Para a literatura, o gênero autobiográfi co levanta instigantes questões sobre as negociações entre fi cção e realidade, identidade narrador-autor e em torno do pacto que busca estabelecer com o leitor. Carla Milani Damião, com seu livro Sobre o declínio da "sinceridade". Filosofi a e autobiografi a de Jean-Jacques Rousseau a Walter Benjamin, discute um aspecto complexo da escrita autobiográfi ca que a crítica literária tem tratado com certa rapidez: o do compromisso com a verdade. Se o reconhecimento do papel da linguagem e dos processos narrativos na mediação entre realidade e texto parece nos resguardar sufi cientemente de uma leitura ingênua, a verdade
This paper draws on a research focused on Brazilian literary life in the first half of the 20th century. Taking up the idea that Brazilian culture and Brazilian literature must be approached as a language in itself, it aims to contribute to throw light upon the crucial decades in which Europe’s influence as trendsetter begins to fade. A survey of letters sent from abroad by Brazilian writers to their colleagues in that period will show how displacement influenced their views on literature and life and the depth of their dependence on keeping up dialogue with home-staying literary friends. Most of Brazilian authors living in foreign countries in the 40s and 50s of last century displayed in their letters the need to remain in touch with their national literature, whereas searching to establish contact with writers from the countries they were residing in was seldom a priority.
<p> </p> <p> </p> <p> </p> <p> </p> <p>Em suas memórias de infância, os escritores quase sempre inserem uma ou mais cenas contendo sinais, freqüentemente em forma de um livro específico, que pressagiariam sua futura carreira literária, muitas vezes em contraste com um cenário de grande pobreza material e intelectual, ou de discriminação e desvalorização da criança. Esse recurso chega a constituir quase um <em>topos </em>na escrita memorialística e foi estudado por Sylvia Molloy, no memorialismo latino-americano, sob a denominação de “a cena da leitura”. Textos tão distantes quanto os de Tolstói e Oswald de Andrade podem ser explorados desse ponto de vista, suscitando questões sobre filiação intelectual.</p> <p>In their memoirs of childhood, writers often insert one or more scenes that bring out pressages, generally under the sign of a specific book, of their future literary career, frequently against a background of great material and intelectual want, in which the child is overlooked and discriminated. This resource can be said to constitute a <em>topos </em>in the genre and has been investigated by Sylvia Molloy concerning Latin American autobiographic writing, under the concept of “the scene of reading”. Authors as far apart as Oswald de Andrade and Tolstoi can be examined from this perspective, giving rise to reflections on intelectual affiliation.</p>
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