Com o propósito de internacionalização, a pesquisa acadêmica vem sendo amplamente traduzida e publicada para o inglês. No Brasil, existem várias publicações bilíngues em todas as áreas acadêmicas disponíveis no Portal SciELO. Em áreas relacionadas às Ciências Humanas, a necessidade de traduzir referências culturais tende a ser mais frequente do que nas Ciências Exatas e Naturais. A pesquisa em Ciências Humanas está principalmente concentrada em questões culturais como crenças, rituais, comportamentos, hábitos, etc. Este artigo apresenta um estudo de caso de um artigo acadêmico publicado de forma bilíngue sobre a História da Escravidão Brasileira. A análise é baseada em como as referências culturais brasileiras são representadas em inglês e os possíveis efeitos que podem causar nos leitores do texto-alvo. Considerando as especificidades de textos acadêmicos nas Ciências Humanas, nosso referencial teórico está fundamentado em duas bases: de um lado, nos Estudos Interculturais e, de outro, no Funcionalismo Alemão. Os resultados mostram o(a) tradutor(a) de textos acadêmicos em Ciências Humanas em um papel de colaboração ativa e preocupação com seu público internacional acadêmico.
Revista Criação & Crítica o enésimo sexo título: Gênero e Tradução: questões culturais sobre a Transmissão de conhecimento autora: Monique Pfau* Resumo: A interface entre os Estudos de Gênero e Estudos da Tradução aparece como um importante recorte a ser estudado, uma vez que a transmissão dos trabalhos intelectuais encontra-se em constantes discussões intermediadas através da tradução que se depara com questões culturais. Além disso, aparecem questões de relações de poder "centralizando" certos núcleos acadêmicos. Entretanto, isso já está muito visível entre diversas autoras que mostram a necessidade da visibilidade de países que muitas vezes apareceram como "periféricos" na área de produção de conhecimento nos Estudos de Gênero; elas também tratam da urgência da ampliação do diálogo de uma forma mais universal. A tradução cultural aparece como fator crucial para a disseminação desses diversos discursos.
A tradução de Memes of Translation, de Andrew Chesterman, realizada pelo grupo de pesquisa Textos Fundamentais em Tradução da Universidade Federal de Bahia foi orientada pelos preceitos da teoria funcionalista a partir de seu propósito (REIß e VERMEER, 2014) e dos fatores intra e extratextuais de análise (NORD, 2016). Assim, a tradução dos exemplos das trinta estratégias tradutórias elencadas por Chesterman no livro foi adaptada de um corpus alemão-inglês para um corpus português-inglês com a finalidade de aproximação linguística e cultural com um público brasileiro interessado em teorias da tradução. Para isso, foi usado o princípio de lealdade de Nord (2016) para certificar que a adaptação dos exemplos respeitasse o conteúdo informativo, a argumentação de Chesterman e a compreensão do público leitor. Como resultado, os exemplos sofreram adaptações múltiplas, desde uma mudança de classe de palavras até uma de gênero textual, dependendo do caso, mas cumprindo com o propósito da tradução.
O Eurovision Song Contest é um concurso musical realizado desde 1956, quando teve o intuito de fortalecer os vínculos entre as nações europeias após a II Guerra Mundial. Atualmente, cerca de quarenta países enviam canções ao certame, que é realizado em três noites – duas semifinais e uma final. A Irlanda ainda guarda o recorde de sete vitórias, porém, nos últimos anos, os concorrentes irlandeses não conquistaram bons resultados. Em 2018, depois de quatro edições, o país retorna à final com Ryan O'Shaughnessy, que interpretou Together e explorou a temática LGBT em palco. Essa empreitada pode estar ligada a uma estratégia de nation branding, um processo que edita e exibe a identidade nacional em forma de mídia. O intuito é atrair turistas e apresenta o país como um parceiro econômico interessante. O objetivo do presente trabalho é investigar aspectos relacionados à participação da Irlanda no Eurovision 2018, através de uma análise de conteúdo, observando eventos que precederam e sucederam a apresentação no festival e os possíveis interesses no uso da temática LGBT.
Mesmo tendo sido publicada em 1997, há quase vinte anos, é possível perceber como a obra traz discussões que ainda são recorrentes entre os Estudos da Tradução tanto nas salas de aula como em eventos ou em críticas tradutórias. Chesterman aborda tendências de traduzir e de pensar tradução na história e no mundo contemporâneo através daquilo que ele chama de memes e compreende as teorias tradutórias como um processo de evolução.Sua obra inicia-se a partir da conceituação do motivo humano da necessidade de teorizar, lembrando que teorias existem para nos ajudar a contemplar o mundo. Algumas teorias são empíricas, outras metafóricas, algumas são de níveis mais generalizados e outras de níveis mais específicos.Assim, o autor entra na discussão dos seus principais objetivos com a sua obra, eles são tanto meta-teóricos como teóricos. O primeiro pensa nas teorias da tradução de um ponto de vista histórico e sugere uma estrutura de visões díspares que a tradução pode ser associada e o segundo sugerindo uma visão teórica da tradução influenciada por Karl Poppers (1992), pela teoria normativa e teoria de ações dentro de um conceito de normas, estratégias e valores para uma teoria tentativa considerando a eliminação do erro e a evolução do conhecimento objetivo.
Entre os decadentistas franceses, o escritor Huysmans já teve diversas de suas obras amplamente traduzidas para diversas línguas. No entanto, ainda aparece timidamente em traduções para a língua portuguesa. Com o objetivo de divulgar um pouco mais o seu trabalho no Brasil, selecionamos dois de seus contos do livro Croquis parisiens para trabalhar na disciplina de Oficinas da Tradução oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina. Durante o processo tradutório, a professora e os colegas participaram ativamente das diversas traduções que aconteciam em sala com sugestões teóricas e práticas. O resultado foram duas traduções dos contos para o português brasileiro além de uma análise mais aprofundada do autor, de sua obra e de teorias da tradução que conceberam a direção que os textos traduzidos tomaram. Os contos passaram por uma tradução estrangeirizante, de acordo com os preceitos de Schleiermacher (1838/2010) e Venuti (1995), mas também com vistas a uma legibilidade apropriada para leitores brasileiros contemporâneos.
Elizabeth Ramos é professora e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e um dos grandes nomes dos Estudos da Tradução e da Literatura no Brasil. Com uma notável trajetória na Literatura, também herança do seu avô, Graciliano Ramos, Beth, como é carinhosamente chamada, escreveu sua própria história. Percorreu, no campo dos Estudos da Tradução, os caminhos da prática, estudo, ensino e pesquisa. Nesta entrevista, ela nos conta um pouco de sua história, desde o começo, com seus primeiros trabalhos em tradução, suas primeiras tentativas, passando pela sua evolução profissional e seu trabalho com estudos shakespearianos, até chegar na atualidade, apresentando-nos a grande contribuição em tradução que trouxe para a UFBA e para a Bahia. Tanto no campo da tradução interlingual e, ousadamente, no campo da tradução intersemiótica, Beth (re)desperta o interesse da comunidade acadêmica pela literatura, revisitando e revivendo personagens e narrativas clássicas desde os livros até as mais diferentes mídias. Atualmente ela trabalha na Assessoria Internacional da UFBA contribuindo para o processo de internacionalização da Universidade, mas continua fazendo pesquisa, orientando e formando tradutores e tradutoras. Cadernos da Tradução (CT): Você pode contar um pouco da sua trajetória desde o seu ingresso nos Estudos da Tradução? Entrevistas/Interviews 418 Cad. Trad ., Florianópolis, v. 39, nº 3, p. 417-429, set-dez, 2019. Monique PfauElizabeth Ramos (ER): Estou ligada à literatura desde o dia em que eu nasci. A literatura faz parte de mim. Nasci no meio da literatura. Nasci no meio da arte. Meu avô era escritor. Apesar de ter morrido quando eu tinha dois anos de idade, ele me pegou no colo, foi meu padrinho, ainda que fosse ateu. Assim, sua influência sobre mim e meus primos foi sempre muito grande. Nós sempre nos ligamos muito à literatura. Tanto à literatura do Brasil como de fora do Brasil e a literatura de fora do Brasil, claro, chega à gente, em primeiro lugar, através da tradução, não é verdade? Assim a tradução chegou a mim.CT: Então o contato com literatura traduzida despertou algum interesse pela tradução?
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