RESUMO Neste artigo, discute-se a formação de professoras2 da Educação Infantil como mediadoras de leitura literária e as repercussões desse processo formativo nas práticas docentes, com base em dois projetos de pesquisa-ação realizados pelas Universidades Federais de Juiz de Fora e de Minas Gerais. Leitura literária e docência são abordadas numa articulação entre ciência, arte e vida, buscando-se compreender a experiência dos sujeitos com essa prática cultural a partir dessa articulação. A educação literária é percebida na sua complexidade e, consequentemente, como um processo exigente do ponto de vista da formação de professoras como mediadoras e promotoras da leitura literária junto a bebês e demais crianças pequenas. A análise dos dados demonstrou as potencialidades das pesquisas colaborativas no sentido de, a partir de uma análise dos contextos educativos, construir e experimentar, numa parceria entre pesquisadoras e professoras da Educação Infantil, procedimentos e práticas educativas comprometidas com princípios e concepções que consideram a literatura como arte e a educação de crianças pequenas como direito à ampliação das experiências estéticas.
<p>http://dx.doi.org/10.5007/2175-795X.2015v33n1p97</p><p>Este artigo apresenta reflexões sobre a formação literária de professores de escolas públicas que atuam na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, na condição de participantes de um projeto de extensão da Universidade Federal de Minas Gerais. Iniciado no ano de 2009, o projeto Tertúlia Literária: quem lê também tem muito a dizer concebe a prática da leitura como uma atividade propícia ao estabelecimento de relações intersubjetivas, e, para que isso ocorra, promove encontros mensais com o objetivo de socialização de leituras realizadas a cada mês por professores e mediadores convidados. Em seis anos ininterruptos de encontros e atividades diversas, mantém-se a finalidade de destacar a literatura como uma das leituras que devem fazer parte da vida e, consequentemente, da trajetória de formação dos professores. A experiência acumulada reúne elementos sobre a leitura literária no contexto do Projeto, que busca romper com modelos de formação que dificultam e até mesmo afastam o almejado encontro dos leitores com os livros de literatura. Este texto se propõe a discutir e problematizar aspectos relativos à leitura literária que o Projeto tem revelado, em contexto de formação na Universidade.</p><p> </p><p><strong>Literary Salon: building paths to literary training of literacy teachers at the university</strong></p><p> <strong>Abstract</strong></p><p>This article reflects on the literary training of a group of public school teachers who work in childhood education and the early primary school years, and who participated in extension project at UFMG. The project “Tertúlia Literária: quem lê também tem muito a dizer” (Literary Talk: the one who reads also has a lot to say), which was has begun in 2009, views the practice of reading as an activity that supports the establishment of intersubjective relationships and contributes to achieving this by encouraging monthly gatherings to create socialization opportunities around readings by teachers and invited guests. After six consecutive years of gatherings and various activities, it was identified that literature remains one of the reading formats that should be part of life and, consequently, of teacher training. Accumulated experience brings together elements about literary reading in the context of the Project, which seeks to break with the training models that make difficult or even diminish the desired connection between readers and literature books. This paper seeks to discuss and question the aspects of literary reading raised by the Project, within the training context of the University.</p><p><strong>Keywords:</strong> Literature. Literary Reading. Education Teacher.</p><p> </p><p><strong>Tertulia literaria: construyendo caminos para la formación literaria del maestro alfabetizador en la universidad</strong></p><p> <strong>Resumen</strong></p><p>Este artículo presenta reflexiones sobre la educación literaria de los maestros de escuelas públicas que actúan en la educación infantil y en la escuela primaria, como condición de participantes en un proyecto de extensión de la Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Iniciado en el año 2009, el proyecto “Tertúlia Literária: quem lê também tem muito a dizer” (Tertulia literaria: quien lee también tiene mucho que decir) concibe la práctica de la lectura como una actividad propicia para el establecimiento de las relaciones interpersonales, y para que esto suceda, mantiene reuniones mensuales con el fin de socializar lecturas realizadas cada mes por los profesores e invitados mediadores. En seis años consecutivos de reuniones y diversas actividades, sigue buscando resaltar la lectura literaria como una de las lecturas que deben formar parte de la vida y por lo tanto de la trayectoria de formación docente. La experiencia del Proyecto busca romper con modelos de formación que dificultan e incluso alejan a los lectores de los libros de literatura. Este texto tiene como objetivo discutir y reflexionar acerca de aspectos de la lectura literaria que el proyecto ha revelado, en el contexto de formación de la Universidad.</p><p><strong>Palabras claves:</strong> Literatura. Lectura literaria. Formación del professorado.</p>
RESUMO: Investigam-se, em livros destinados a crianças de zero a dois anos, diferentes níveis de leitura que a linguagem literária possibilita. Os bebês, sujeitos produtores de cultura, criam, nas interações com os outros e com o meio, distintos mundos em diferentes tempos e espaços. Essa abstração, tão necessária e característica do texto ficcional, nem sempre está garantida em obras para essa faixa etária, o que acarreta diferenças singulares nas publicações para esse público. Assim, algumas questões orientam esse texto: Que características possuem essas obras que fazem com que sejam classificadas como destinadas a crianças de zero a dois anos? Quais desses livros poderiam receber o selo de literários? As perspectivas teóricas de Benjamin (2012), Vigostski (2009), e Golse (2007) nos ajudam a compreender as relações entre leitura e experiências afetivas e cognitivas nessa faixa etária. Bernardo (2004; redimensiona o conceito de literatura como atitude necessária para a apreensão da pluralidade de produções atuais. Hunt (2010) amplia esse conceito e auxilia a configurar as especificidades dos textos literários destinados às crianças. O corpus de análise foi selecionado a partir de acervo particular e procurou abranger a diversidade de produções para essa faixa etária. Os eixos de análises foram: materialidade, temática, gênero, conceito da obra. Os resultados indicam que é possível classificar livros para bebês como literários, ainda que muitas publicações destinadas a esse grupo não apresentem uma estrutura narrativa. PALAVRAS-CHAVE: Literatura infantil. Crianças. Creches. Livro infantil. Avaliação da qualidade. INTRODUÇÃONas últimas décadas, houve um aumento de publicações dirigidas aos bebês (de 0 a dez meses) de editoras que estão se especializando na publicação de livros para essa faixa etária.As produções são diversificadas e abarcam livros de contos de fadas e contemporâneos, de imagens, livros pop-ups sonoros e com adereços, texturas e cheiros, livros com fantoches e com quebra-cabeça, livros de pano e de plástico e muitos outros. As propostas interlocutórias são igualmente múltiplas, o que torna mais complexo e dificulta o enquadramento desses *
A pesquisa Letramento Literário na Educação Infantil objetivou apoiar professores na formação de crianças como leitoras de literatura, empregando a metodologia da pesquisa colaborativa. A prática docente foi tomada como objeto de reflexão, por meio da análise de entrevistas e de observações, registradas em fotografias, vídeos e anotações em diário de campo. Em reuniões técnicas e em encontros de estudos, os registros foram debatidos por professores e pesquisadores com vistas ao aprofundamento teórico e à elaboração de estratégias de intervenção. Pelo seu caráter de construção coletiva e processual, a pesquisa fomentou espaços de reflexão, apoiando a criação, o desenvolvimento e a vivência de situações de aprendizagem nas quais a leitura literária se concretizava como prática social e cultural para as crianças e seus professores. Evidenciou-se, entre os professores participantes, maior domínio de conhecimentos relativos à seleção de livros, organização de espaços e estratégias de mediação de leitura. Além disso, ratificou-se a necessidade de as instituições responsáveis pela formação de professores da Educação Infantil assumir, como importante componente da formação inicial e continuada, a discussão acerca da organização dos espaços do livro e da leitura, bem como o planejamento e o desenvolvimento de estratégias pedagógicas para a formação de leitores.
O debate sobre Educação Infantil e alfabetização, durante décadas, rendeu-se a uma falsa questão: deve-se ou não alfabetizar na pré-escola? Mais recentemente, a produção acadêmica sobre o tema, documentos oficiais e as práticas pedagógicas vinham superando essa visão dicotômica e vislumbrando um trabalho com a linguagem escrita capaz de respeitar as especificidades da primeira infância. A Política Nacional de Alfabetização – PNA (2019) retrocedeu ao definir Educação Infantil como etapa preparatória para o Ensino Fundamental. Neste ensaio, advogamos que somente uma relação solidária, e não de sujeição, entre as duas etapas, garantirá trajetórias escolares exitosas, respeitosas com as crianças e suas infâncias e com seu direito de participar ativamente das culturas do escrito
O Programa de formação continuada “Leitura e Escrita na Educação Infantil (LEEI)” tem como objetivo capacitar professoras da Educação Infantil e do primeiro ano do Ensino Fundamental para o desenvolvimento de práticas educativas alinhadas ao direito das crianças de participarem das culturas do escrito. O material didático relaciona conhecimentos teórico-científicos com manifestações artístico-culturais e com o cotidiano pedagógico, integrando, assim, ciência, arte e vida. Conceitos como cultura, infância, linguagem, interação, docência, leitura, escrita, literatura são abordados na relação entre teoria e prática, forma e conteúdo. O material didático desta formação compreende as crianças como sujeitos sócio e historicamente situados, que se constituem nas relações com a cultura e com a linguagem. O distanciamento físico decorrente da pandemia de Covid-19 exigiu que a formação fosse realizada na modalidade a distância, com carga horária total de 150 horas. Foram planejadas e desenvolvidas atividades assíncronas na plataforma Moodle, bem como encontros síncronos, divididos em oficinas, tertúlias literárias e encontros de estudos. Enquanto as oficinas abordaram a literatura infantil, trabalhando critérios de qualidade e bibliodiversidade, as tertúlias literárias oportunizaram às professoras lerem e conversarem sobre textos literários destinados ao público adulto. Os estudos, por sua vez, se organizaram em torno de debates a partir das leituras e atividades realizadas no decorrer de cada módulo.. A formação constitui-se em experiência estética, intelectual e pragmática, superando a ideia de desenvolvimento profissional pautado na lógica da racionalidade técnica. Nessa primeira edição, foram contempladas 277 professoras, de 39 escolas, de quatro municípios mineiros. As avaliações realizadas pelas cursistas apontaram como muito boa a qualidade dos materiais, das mediações das tutoras e a repercussão do curso em sua ação docente junto às crianças.
Neste artigo, serão analisadas propostas didáticas relacionadas ao trabalho com literatura junto a crianças da Educação Infantil, no contexto da educação remota, vivenciadas durante o afastamento físico imposto pela pandemia de Covid-19. Identificaremos o modo como essas propostas foram desenvolvidas, as possibilidades e os limites da mediação a distância com as crianças entre um e seis anos de idade. A literatura, em sua expressão escrita e, de maneira muito especial, presente nos livros que sustentam as práticas aqui descritas e analisadas é compreendida como arte e, portanto, como elemento estruturante na formação das subjetividades. O trabalho com literatura, desde as primeiras idades, exige conhecimentos sobre composição de acervos bibliográficos, sobre critérios de seleção de obras e sobre mediações adequadas, elementos fundamentais para o processo de formação do pequeno leitor. Por meio das práticas relatadas, destaca-se a qualidade dos livros de literatura infantil, consolidada no projeto gráfico, na escolha e no tratamento da temática, no texto verbal e nas imagens. As estratégias de mediação, de interação e de formação das crianças, desenvolvidas em colaboração com as famílias, também serão evidenciadas por meio das orientações disponibilizadas, de modo on-line, no período de distanciamento físico. Concluiu-se que as propostas pedagógicas analisadas neste artigo reconhecem e respeitam o potencial das crianças ao reforçarem, por meio do planejamento, das mediações e das interações estabelecidas entre crianças e adultos, aspectos literários, estéticos e éticos presentes nas obras.
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