O presente artigo teve como objetivo analisar a produção do espaço no território do Médio Juruá a partir da governança das organizações sociais que atuam nas cadeias da sociobiodiversidade na região. A episteme utilizada nesse estudo foi a produção do espaço. O estudo foi realizado a partir de levantamento bibliográfico sobre a região, pesquisa documental e coleta de dados em campo com os atores da região. O território do Médio Juruá é marcado por uma história de opressão dos trabalhadores dos ciclos econômicos da borracha, mas também por um processo de lutas e construções sociais que mudaram a forma das relações sociais e ambientais da região. Esse processo desencadeou a criação de duas unidades de conservação de uso sustentável: RESEX do Médio Juruá e RDS Uacari. As cadeias da sociobiodiversidade representam uma importante ferramenta para a sustentabilidade da região, gerando renda e garantindo melhorias para a qualidade de vida. O processo de empoderamento para a criação de organizações sociais foi precursor na produção do espaço no Médio Juruá e no uso sustentável dos recursos naturais da região.
O objetivo deste estudo foi investigar os padrões de distribuição geográfica e temporal dos desastres ambientais fluviais a partir do comparativo das cotas fluviométricas com os limiares dos eventos climáticos extremos fluviais registrados no Amazonas. A metodologia consistiu em uma abordagem quali-quantitativa com o processamento estatístico de dados históricos de cotas fluviais das sub-regiões do estado do Amazonas, obtidos junto à Agência Nacional de Águas, processamento dos dados sobre desastres ambientais obtidos junto ao Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil e revisão bibliográfica sobre o assunto. De acordo com os registros das estações fluviométricas estudadas, nos últimos anos, houve uma maior frequência de eventos extremos fluviais no Amazonas. Os anos com maior ocorrência de eventos extremos de seca foram 1998, 2005 e 2010 e para os eventos extremos de inundação foram 2009, 2012, 2013, 2014 e 2015. O período analisado para desastres ambientais (2005-2016) fluviais revelou a mesma ocorrência dos eventos extremos climáticos. Logo, há uma forte ligação entre a ocorrência de eventos extremos fluviais com a os desastres ambientais. Entretanto, em alguns locais os eventos não precisam ultrapassar os limiares de extremos para gerar impactos sociais e econômicos às populações locais e serem reconhecidos como desastres. Todas as sub-regiões do Amazonas já sofrem as consequências provenientes da alteração do padrão sazonal dos rios, gerando uma maior ocorrência de eventos extremos hidrológicos e, consequentemente, de desastres ambientais fluviais.
O uso sustentável dos recursos pelas populações por meio do conhecimento tradicional encontra nas Unidades de Conservação - UCs da categoria de uso sustentável, um local de refúgio para as expressões socioculturais. O presente estudo teve como finalidade desvelar o uso do conhecimento tradicional associado as espécies de flora e fauna por comunidades ribeirinhas na Amazônia a partir da identificação das espécies de uso pelos moradores de duas comunidades no território Médio Juruá, analisou-se a similaridade de usos entre as comunidades e construiu-se um fluxograma do processo da consolidação do conhecimento tradicional pelas populações humanas. Para isso foram aplicados formulários semi-estruturados e entrevistas abertas. Como resultado, foram identificadas 95 espécies de uso e 112 usos, distribuídos em 07 grandes categorias, os usos mais recorrentes são da categoria de cosmético e medicinal. Percebeu-se a tendência a formação de grupos entre entrevistados da mesma comunidade, que pode evidenciar que o conhecimento tradicional é repassado de forma mais consistente com a convivência mais próxima, a categoria medicinal é a que possui mais usos 76 no total que representa 67,85% do total, seguida da categoria de cosmético com 11 usos (9,82) e alimentício com 10 usos (8,92%). Conclui-se que a região possui um grande potencial de produtos e usos da sociobiodiversidade e que populações tradicionais são as responsáveis pela proteção dos recursos naturais e territorial pelo manejo sustentável a partir do conhecimento tradicional.
Global climate change, although gradual, is already clearly perceptible for the whole society; however, its impacts affect individuals and regions in diverse ways. Riverine communities in the Brazilian Amazon are highly vulnerable to this change, as seasonal hydroclimatic cycles govern their daily lives, integrate their way of life with the environment, and determine the organization of social and agricultural calendars. This work aimed to understand the impacts caused by climate change on the lives of riverine family farmers on the lower Rio Negro. Initially, through the analysis of changes in hydroclimatic trends and, later, through the description of perception, we tried to present the impacts on the ways of life to then know the climate adaptation strategies. The research was carried out in the state of Amazonas, in the riverine communities Tiririca, Marajá, Santo Antônio, and Terra Preta, located in the Rio Negro Sustainable Development Reserve, with 43 subjects through semi-structured and focus group interviews. Historical trends in the seasonality of the hydrological regime, precipitation, and temperature were analyzed, while qualitative data from environmental perception were analyzed using the technique of content analysis. Physical records of local climate variability and environmental perception are, in most cases, compatible and indicate that hydroclimatic cycles are changing. For the riverine people, the rains have been decreasing and there is unanimity in the perception that the increase in temperature is a reality that has affected their way of life at work, education, health, and food. Although communities have been developing spontaneous adaptive strategies to mitigate the effects of climate change, effective public policies need to reinforce these local responses to climate variability, contributing to the quality of life of populations.
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