O “mito da democracia racial” tem dificultado a efetividade de políticas públicas voltadas àpromoção da igualdade racial na nossa sociedade. Reconhecemos, sobretudo, que a escolapode ser um espaço promissor para a valorização da diversidade racial, visando contribuircom a promoção da igualdade racial no Brasil. Nesse sentido, este trabalho traz discussõesatuais acerca das questões raciais à luz da perspectiva da psicologia cultural, em diálogo comalgumas contribuições da psicologia social e das ciências sociais. Assim, buscamos investigarcomo o ambiente escolar tem promovido discussões críticas acerca das questões raciais e emque medida as escolas podem promover a desconstrução do racismo e contribuir com aconstrução de uma sociedade mais justa e igualitária para todos. O objetivo geral da pesquisafoi analisar as concepções e crenças de estudantes e profissionais da educação do EnsinoFundamental II em relação às questões raciais na sociedade brasileira. Foi utilizada ametodologia qualitativa, com a realização de entrevistas individuais semiestruturadas eapresentação de imagens previamente selecionadas. A pesquisa de campo foi realizada comcinco estudantes e cinco professores/as de diferentes escolas de Ensino Fundamental II doDistrito Federal, selecionados via rede social da pesquisadora assistente. Após a transcriçãodas entrevistas, foram construídas categorias analíticas temáticas que orientaram o trabalhointerpretativo. Os resultados indicaram que os profissionais da educação entrevistadospercebem a importância de se discutir temas polêmicos no contexto escolar, incluindo temasrelativos ao racismo no Brasil. Os estudantes entrevistados também expressaram em seusdiscursos a importância de estudar questões raciais na escola, como uma forma de ajudá-losna elaboração de reflexões críticas, no sentido de contribuir com a construção de umasociedade mais igualitária. Todavia, apesar dos profissionais da educação identificarem anecessidade de discutir questões raciais no contexto escolar, podemos verificar que eles têmpouco embasamento teórico acerca da temática. O que pode ser o resultado de uma formaçãoinicial que não contempla tais questões nos cursos de licenciatura. No que tange à formaçãocontinuada, os profissionais entrevistados, quando buscam se especializar, buscam cursos nassuas respectivas áreas de atuação, mas não cursos que abordam as questões raciais e suasrelações com a educação, mesmo que na prática docente sejam desafiados constantemente alidar com tais questões no cotidiano escolar. Para lidar com as questões raciais no âmbito dasua atuação profissional, os professores entrevistados tendem a utilizar recursos ancorados,basicamente, em suas opiniões e experiências pessoais. A falta de conhecimentos científicosmais aprofundados e sistematizados sobre as questões raciais acaba por limitar aspossibilidades de intervenção pedagógica. Portanto, a pesquisa indicou a necessidade deinclusão efetiva das questões raciais na formação docente, inicial e continuada
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