O artigo analisa as recentes disputas sobre a criação da chamada Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Diferentemente de outras abordagens sobre o objeto, o texto busca integrar as dimensões relacional e discursiva para analisá-lo, valendo-se de uma apropriação particular das contribuições de Pierre Bourdieu e da Sociologia da Crítica. A partir de levantamento documental, entrevistas e observações de campo em audiências públicas e em eventos promovidos por fundações familiares e empresariais no Brasil e nos EUA, o artigo apresenta o espaço social da disputa em torno da Base e discute oito estratégias de consensualização estabelecidas pelos agentes que a encaminharam, com foco na concertação discursiva composta por eles e na atuação prático-discursiva das referidas fundações. Na sequência, são examinadas também as críticas proferidas por agentes contrários ao documento, bem como as relações entre crítica e legitimação no processo de criação da BNCC. À luz dos achados empíricos, a conclusão do texto aponta para a conveniência de uma abordagem multidimensional das disputas sociais.
O artigo tem como objetivo estabelecer uma tipologia do chamado empreendedorismo cultural no Brasil contemporâneo. Além de estabelecer quatro tipos-ideais (por necessidade, disposição, opção e vocação), apontamos o contexto mais amplo de surgimento da figura do empreendedor cultural, com atenção às especificidades da situação brasileira, e identificamos algumas ações governamentais de fomento e apoio ao empreendedorismo cultural, relacionando-as com os tipos propostos. A análise de tais relações indicou a existência de mecanismos de concentração de recursos públicos pelos agentes que já concentram capitais econômico, social, cultural e político.
O artigo apresenta uma análise das permanências e atualizações na composição do capital cultural no Brasil. A partir de estudo de caso baseado em observação participante realizada em estabelecimento de ensino superior em que predominam frações médias-altas e altas da estratificação brasileira, o texto mostra como capital de internacionalização e capital de diversidade compõem atualmente a busca pelo cosmopolitismo como elemento distintivo nas disputas simbólicas entre grupos e classes. Além de examinar a atualidade da noção bourdieusiana de boa vontade cultural, analisando a boa vontade internacional e a boa vontade às avessas, o artigo explora contradições, tensões e conflitos que emergem quando o discurso da diversidade, lastreado na diferença e na desigualdade, se transforma em valor simbólico entre frações de elite.
Resumo A partir de pesquisa de campo realizada em eventos esportivos de faculdades do Estado de São Paulo, este artigo busca compreender como neles são construídas e propagadas violências de gênero. Investiga-se as maneiras pelas quais o poder e a dominação simbólicos relativos à desigualdade de gênero são (re)produzidos, bem como a emergência de dinâmicas de resistência à violência por parte de grupos organizados em “coletivos”.
The article focuses on the symbolic matrix that underlies an Integral Education Program idealized by business elites, which is currently disseminated throughout Brazil by the agency of nonprofit organizations linked to the corporate realm, in "partnership" with the State. Such a model of public education was constituted with conceptions, world views and values proper to economically successful agents. From the symbolic authority implied in their "managerial capital", they assume a "pedagogical role" aiming the reform of the dispositions to action of public-school students. The analysis of the pedagogy of the homo economicus, based on the notion of "project of life", brought elements to clarify the agency of "corporate philanthropy" in the expanding model of "integral education". The concentration of economic, political, social, and symbolic capital of economic Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.
INTRODUQAO: Por que faJar de "moda brasileira" agora? 15A "moda brasileira" como objeto de discurso 15 A "moda brasileira" como objeto de reflexäo 17 O trajeto do livro 18 CAPITULO 1 -A mundializaCyäo da moda ocidental: planetarizagäo ou universalizagäo? 21 1.1. A constru^äo da Europa como norte da büssola da moda 22 1.2. A caminho da "autonomiza^äo": a moda moderna 26 1.3. Um cerebro para duas cabegas: confecgäo e alta costura 30 1.4. Criar o antigo para construir o moderno: os costumes regionais 32 1.5. A internacionalizagäo da moda no seculo XX 37 1.6. Opret-ä-porter ganha o mundo 40 CAPITULO 2 -A mundializagäo da moda contemporänea: diversificaijäo e concentragäo 49
O artigo analisa a atuação pública de institutos empresariais privados na esfera da cultura no Brasil contemporâneo. Tal atuação é condicionada pelo poder público nacional por meio de leis de incentivo à cultura via renúncia fiscal. O objetivo principal do texto é perscrutar como fundações e institutos privados se colocam como uma das mediações que permitem a conversão de capital econômico em poder político, ou, ainda, em governança pretensamente pós-política. A metodologia da pesquisa que embasa o artigo consistiu em revisão bibliográfica e em análise de dados qualitativos e quantitativos sobre o uso de recursos públicos oriundos de renúncia fiscal. A análise sociológica de discurso também embasou o estudo. Como conclusão, o artigo aponta para a reabertura do debate sobre a legitimidade de agentes privados que atuam publicamente, o que significa fazer uma indagação sobre o caráter mesmo da democracia.
O artigo procura compreender como a moda produzida no Brasil se posiciona em um mercado global, no qual a idéia da diversidade assume caráter positivo, valorizando consigo a especificidade do nacional brasileiro como um símbolo distintivo. Contudo, esse caráter nacional, traduzido em uma visão de brasilidade, é cercado por processos de conformação simbólica dos quais atores mundiais participam. A brasilidade não será, então, definida nas fronteiras nacionais, mas em um contexto mais amplo, cujas forças em disputa, se são mundiais, também são distribuídas desigualmente. A indústria brasileira da moda, assim, deve trabalhar com um símbolo tornado distintivo – a brasilidade –, mas sobre o qual não tem o monopólio, necessitando empreender uma série de processos de negociação por legitimidade.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.