Esta não é uma noite de despedida. Trata-se, ao contrário, de u m a noite destinada ao retorno às raízes mais puras de nossa sensibilidade, u m a cerimônia de volta àquilo que é mais significativo e m nós mesmos, porquanto -para mim, pelo menos -representa u m retorno ao m e u tempo de estudante, quando, inquieto' e sobressaltado como todos os calouros que adentram pelo futuro, cruzei os pórticos das Arcadas, vendo, de u m lado, os nomes dos poetas, e, do outro, os dos juristas.Senti, naquele instante, que não sabia direito o que estava procurando, se as ciências jurídicas ou as belas letras, ficando, desde então, tentado a vivê-las, conjuntamente, e m sua possível sintonia. Essa Universidade eu a encontrei bem mais tarde, em minha vida política. Quando se tratou de dar-lhe plena autonomia administrativa, coube-me a alegria, como membro do Conselho Administrativo do Estado, de votar o Decreto-lei que transformava a U S P e m insti uição autárquica e, ao m e s m o tempo, lhe conferia, Magnífico Reitor, todas as atribuições do antigo Secretário de Educação, nos assuntos pertinentes ao ensino superior. C o m o esse Decreto-lei até hoje não foi revogado, Deus queira que venha a ser cumprido, como o foi no passado, asseguradas ao Reitor todas as prerrogativas de Secretário de Estado, tal como a dignidade da U S P o exige.Mas, ao me matricular nesta Faculdade, há mais de cincoenta e dois anos, só estava certo de u m a coisa: de que ia encontrar u m a Casa da tradição, dessa tradição autêntica que jamais se contenta * Reconstituído segundo gravação.