O artigo apresenta o debate a respeito da autonomia e não-autonomia da tecnologia na sociedade, a partir da discussão empreendida na sociologia da ciência e da recente literatura sobre a produção tecnológica, notadamente a que se inicia com o trabalho de Martin Heidegger, Question concerning technology. Considerando esse trabalho de Heidegger uma reflexão seminal sobre o tema da tecnologia, é proposta uma inversão "ontológica" na relação entre ciência e tecnologia, ao colocar esta última como uma realidade anterior à ciência. O texto procura contrastar diferentes acepções a respeito da tecnologia, mediante recortes analíticos os mais diversos, a saber, diferentes perspectivas teórico-metodológicas, concepções filosóficas e enfoques, entre os quais o econômico, o sociológico e o histórico. É dado destaque especial ao confronto entre o enfoque sociológico e o econômico. Ao final, pretende-se reunir elementos para a argumentação a respeito da não-autonomia da tecnologia na sociedade e do que tem sido chamado o conteúdo social da tecnologia.
O trabalho discute a relação entre a comunidade científica, o Estado e a universidade no contexto atual do desenvolvimento científico-tecnológico. Enfatiza a dimensão política das transformações recentes, sobretudo no tocante aos sistemas decisórios, contrapondo momento mais verticalizado com cenário mais democratizado, e as conseqüências das transformações políticas contemporâneas, na sociedade brasileira. Procura analisar as mútuas correlações entre o Estado, as universidades e as comunidades científicas, a partir do entendimento da especificidade de cada um destes atores na condução do desenvolvimento científico-tecnológico nacional. A esse respeito, é analisado todo um conjunto de ações que se coadunam com o novo modo de produção do conhecimento, buscando destacar a natureza controversa e polêmica da inserção do Estado e o caráter conservador da comunidade científica, bem como a resistência da universidade na proposição de novas linhas de atuação no enfrentamento dos desafios trazidos pela ciência e tecnologias contemporâneas.
ResumoO artigo procura fazer uma discussão geral a respeito da trajetória dos estudos sociais da ciência e da tecnologia, focalizando, em rápidas passadas, o debate seminal na sociologia da ciência, e os atuais questionamentos, notadamente aqueles trazidos pelo chamado construtivismo. Procura-se argumentar em favor da necessidade de se ampliar a discussão acerca do conteúdo cognitivo no encerramento das controvérsias científicas, muitas vezes negligenciado em algumas abordagens construtivistas. Isso sem negar a importância de tais abordagens na explicitação do conteúdo social presente na ciência e na tecnologia. Conclui--se, levantando alguns pontos para um aprofundamento das implicações de tais reflexões sobre os estudos sociais da ciência e da tecnologia para o contexto da sociedade brasileira e de demais países da América Latina.Palavras-chave: Sociologia da ciência e da tecnologia. Construtivismo. Conteúdo cognitivo da ciência. Controvérsias científicas.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.