This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License. Reabrir o presente, reabrir a história Os vários tempos do contemporâneo Reopening the Present, Reopening HistoryTh e Diff erent Times of the Contemporary
Na tradição intelectual brasileira, vários autores se questionaram sobre certa dificuldade perene no país em relação ao enfrentamento da sua própria história. Buscando, por vezes, evadir-se dela ou superar essa história a partir da ficção de um outro a ser alcançado, esse tema ganhou particular atenção quando, no modernismo, Oswald de Andrade abordou essa dificuldade e viu no gesto antropofágico uma potente imagem para reinventar nossa relação com a história e com o que nos seria próprio e outro. No artigo, propomos revisitar o gesto antropofágico em sua relação com a história e desdobrá-lo juntamente a uma perspectiva mais recente, aquela de Ailton Krenak, quando este propõe, por intermédio de um entendimento da história enquanto força existencial, refazer o encontro entre a sociedade moderna brasileira e a experiência de comunidades tradicionais.
Neste texto passaremos pelas diversas facetas que a Revista Brazileira (1895-1899) assumiu através da pena de seus escritores: da reconfiguração do universo letrado frente ao novo contexto político republicano, passando pela preocupação desse letrado com a emergência da “questão social” e chegando à ciência evolucionista como desafio de época para o Brasil. Isso tudo compondo ainda dois objetivos principais: apresentar ao público este periódico ainda pouco estudado entre os historiadores e acompanhar aquelas trajetórias intelectuais, repensando o fenômeno da experiência do tempo naquele fim de século como um fenômeno fundamentalmente plural e pouco ou nada uníssono.
_________________________________________________________________________________Se a obra de Oswald de Andrade parece amplamente celebrada no meio cultural e universitário brasileiro, talvez o mesmo não possa ser dito em relação a uma exploração efetiva no presente das potencialidades que subjazem ao pensamento oswaldiano. É este talvez o principal intento de Beatriz Azevedo no livro Antropofagia -palimpsesto selvagemao colocar em cena uma história mantida obs-cena, um tema tabu que atravessa a história das ideias no Brasil e que pode, ainda hoje, ser pensada enquanto um caminho reflexivo para o nosso tempo.Em transcriação permanente, a antropofagia inspirou um conjunto de artistas e intelectuais, em especial após o tratamento conferido ao tema por Oswald Andrade ao longo da primeira metade do século passado: dos modernistas aos poetas concretos, do Teatro Oficina de Zé Celso às linhas de Oiticica e Lina Bo Bardi, do Cinema Novo à Tropicália. Esta resenha do livro de Beatriz Azevedo traz, porém, algumas provocações com um alvo preciso: em que medida o desdobramento da antropofagia oswaldiana enquanto caminho crítico hoje pode interpelar a historiografia? Ou ainda, será que sua potência reflexiva não traria à cena um conjunto de questões ainda não suficientemente desdobradas por historiadores, tais como a tênue fronteira entre passado, presente e futuro, a existência de outras formas de historicidade possíveis e uma forma particular de tematizar o passado que envolve o anacronismo enquanto condição existencial?O livro de Beatriz Azevedo nasce do mestrado em Literatura Comparada defendido na USP em 2012. Ao longo de sua trajetória, porém, Beatriz Azevedo soube transitar por diversos outros espaços além da academia. Poeta, cantora e compositora, a multiartista atuou, dirigiu e foi premiada por diversas peças teatrais. Publicou ainda dois livros de poesia, Idade da Pedra (Iluminuras) e Peripatético (Iluminuras). Sempre esteve sob os seus olhos, porém, o tema da antropofagia, o qual discutiu em países como os Estados Unidos e a França, além de assinar a curadoria do Encontro Internacional de Antropofagia no Sesc Pompeia.
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