As poesias de Maria Teresa Horta e Hilda Hilst tocam-se em vários aspectos, entre os quais a subversão, consubstanciada por escolhas que remetem a um corpo feminino sujeito de seus desejos. Nelas, a palavra é instrumento dessa insurreição, que pode ser lida como manifestação de uma luta pelo direito a não permanecer em uma condição objetificada, submetida ao masculino. Este artigo parte desses pressupostos para discutir os poemas “Retrato de uma fidalga de Lisboa”, do livro Eu sou a Minha Poesia, de 2019, e “Fazer Amor Contigo”, que consta de Paixão (2021), ambos de Horta, e “I” e “II”, de Hilst, publicados em Da Poesia, de 2017. Para isso, o recorte teórico é o da crítica feminista, a fim de analisar as relações de subversão entre a figura feminina ocidental por excelência e as imagens criadas pelas poetisas.
A partir das reflexões teóricas de Michel Zéraffa (2010) e Carlos Reis (2014), nos campos da teoria do romance e da narratologia, respectivamente, este artigo realizará uma análise do processo constitutivo de A instalação do medo (2012), do romancista português Rui Zink, a partir do pressuposto de que a obra lança mão da construção de personagens planas, na acepção de E.M.Forster, para constituir não apenas a realidade em que elas se inserem, mas para, a partir dela, estabelecer uma possibilidade de leitura da realidade em que se insere o leitor, caracterizando o fenômeno da metalepse, como a compreende a teoria dos estudos narrativos.
Este artigo apresenta considerações a respeito de O dia dos prodígios (1980), romance de estreia da escritora portuguesa Lídia Jorge, e seu estabelecimento como um dos romances fundadores da prosa contemporânea daquela literatura. Por apresentar aspectos inovadores, os quais apontam para um processo de ruptura com a geração que o antecedeu, O dia dos prodígios foi considerado pelo filósofo Eduardo Lourenço como um romance-chave para compreender a Revolução dos Cravos (1974) e suas consequências, com o distanciamento de seis anos em relação ao levante. A partir dessa constatação, este artigo discutirá os principais aspectos transformadores do romance, no sentido de confirmar seu caráter fundador, o qual, diga-se, se dá em conjunto com outras obras publicadas em seu entorno temporal.
APRESENTAÇÃO:O poder das palavras, a relação entre literatura e questões sócio-históricas, a busca ontológica do autor. Em entrevista concedida em julho de 2012, a escritora aborda estas e outras questões relevantes, como a crise do romance na contemporaneidade, a relação entre o povo português, seu presente e os ecos da Revolução dos Cravos e o percurso percorrido por ela ao compor sua obra romanesca.Com a espontaneidade e a doçura que lhe são características, Lídia Jorge conversou com o pesquisador durante mais de três horas, na Casa das Courelinhas, residência que guarda laços com a história da vinicultura do Algarve. Desse encontro, a Desassossego reproduz aos seus leitores alguns dos (muitos) trechos mais significativos.
O presente artigo discute a presença do corpo na poesia da portuguesa Judith Teixeira, não apenas como manifestação estética, mas, principalmente, como forma de resistência e insurreição. Em um momento conservador da história de Portugal e em meio ao turbilhão provocado pela geração de Orpheu, o meio literário português, predominantemente masculino, aceitou bem poetisas que correspondessem, na sua escrita, ao modelo de mulher criado pela poesia medieval e sustentado até o Romantismo. Por meio de uma poesia impactante e provocativa, Judith Teixeira enfrentou o patriarcado poético trazendo para os seus textos não apenas o corpo feminino, mas um corpo que deseja, é desejado e vive múltiplas formas de prazer.
O poder das palavras, a relação entre literatura e questões sóciohistóricas, a busca ontológica do autor. Em entrevista concedida em julho de 2012, a escritora aborda estas e outras questões relevantes, como a crise do romance na contemporaneidade, a relação entre o povo português, seu presente e os ecos da Revolução dos Cravos e o percurso percorrido por ela ao compor sua obra romanesca.Com a espontaneidade e a doçura que lhe são características, Lídia Jorge conversou com o pesquisador durante mais de três horas, na Casa das Courelinhas, residência que guarda laços com a história da vinicultura do Algarve. Desse encontro, a Desassossego reproduz aos seus leitores alguns dos (muitos) trechos mais significativos.
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