Com o presente artigo temos por objetivo discutir a história da “[re]ocupação” do espaço rural em Apucarana, no Norte do Paraná, desde a colonização “moderna” iniciada em 1930 pela Companhia de Terras Norte do Paraná – CTNP à implantação das vilas rurais pelo governador do Paraná, Jaime Lerner, no período de 1995 a 2002. Entre as publicações sobre a história da região destaca-se o livro “Colonização e Desenvolvimento do Norte do Paraná” (1975) da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná - CMNP. Com este livro, a Companhia Melhoramentos, a antiga CTNP, divulgou alguns mitos acerca de sua colonização, dentre os quais o de que seu projeto imobiliário, ao priorizar o loteamento e venda das terras na forma da pequena propriedade, realizou uma espécie de “reforma agrária” na região. Porém, constatamos no decorrer deste artigo que o mito da “reforma agrária” não foi discurso apenas da CMNP, uma vez que na época em que foi governador do Paraná por dois mandatos (1995-1998/1998-2002), Jaime Lerner, adotou um discurso semelhante ao implantar o programa das vilas rurais em todo o Estado. Seu programa atendeu 273 dos 399 municípios do Paraná, sendo assentadas em torno de 80 mil pessoas ou 16 mil famílias, a maioria delas constituída de trabalhadores rurais denominados boias-frias. Em Apucarana, o programa implantou três vilas rurais: Nova Ukrânia, localizada no Contorno Sul (BR 376), Terra Prometida, no distrito de Caixa São Pedro (PR 444) e Manoel Piassa Sobrinho na Vila Operária Stabile (Vila Reis). A primeira, com 65 chácaras; a segunda com 38 e a terceira com 35, com tamanho médio de 5 mil m² cada. A Vila Rural Nova Ukrânia foi a primeira em todo o Estado a ser inaugurada pelo governo de Jaime Lerner em 26 de maio de 1995. As outras duas vilas rurais foram inauguradas pelo mesmo em 1998.
O processo de colonização do Extremo Noroeste do Paraná foi empreendido a partir do ano de 1947 pelo Estado e por empresas colonizadoras como a companhia Terras Colonização Paranapanema Ltda., a Imobiliária Nova Londrina Ltda, a Colonizadora Marilena Ltda e a Colonizadora Norte do Paraná Ltda que deram origem às cidades como Nova Londrina, Marilena, Loanda (São Pedro do Paraná), respectivamente. Em janeiro de 1951 o Desembargador da Justiça do Estado do Paraná, João Alves da Rocha Loures, recebeu do governador Moysés Lupion uma área de 4.000 alqueires de terras na Areia Branca do Tucum quando a mesma já estava ocupada por colonos agricultores que possuíam títulos emitidos pelo estado e pelas empresas colonizadoras acima. Ameaçados de perderem suas terras para o Desembargador, os colonos se revoltaram no dia 14 de janeiro de 1964. Utilizando de documentos da Delegacia de Ordem Política e Social – Dops, o presente artigo apresenta uma análise de conjuntura dos acontecimentos que levaram à revolta dos colonos da Areia Branca do Tucum no Extremo Noroeste do Paraná.
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