Resumo José Veríssimo e Sílvio Romero foram rivais nas mais diversas instâncias: concepção de crítica literária, posição do intelectual e do artista na sociedade brasileira e o papel da polêmica como atuação pública. Essas e outras divergências se evidenciam no retrato esboçado por cada um sobre o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Esses perfis de Machado de Assis, dessa maneira, encarnam projeções intelectuais opostas, e a disputa entre elas visa a estabelecer o modelo de artista nacional e, principalmente, seu papel em face do momento histórico que se desenha de diferentes formas por ambos. A exposição desta divergência nos permite visualizar o ambiente intelectual do período e as interfaces entre as interpretações da "realidade" brasileira com os referenciais éticos e estéticos formulados no período.
Sílvio Romero, o leitor mais severo da obra de Machado de Assis, tornou-se conhecido no pensamento social brasileiro devido ao seu maior equívoco: decretar a irrelevância da obra de Machado. A investigação desse equívoco nos remete diretamente a uma compreensão dos pressupostos teóricos deste importante historiador da literatura, sua aproximação ao positivismo e naturalismo e às diretrizes políticas, estéticas e doutrinárias desenvolvidas pela "Geração de 1870". Deste modo, a crítica literária de Sílvio Romero sobre a obra de Machado de Assis nos permite tanto lançar luz às redes de sociabilidade artística/intelectual no Brasil do final do século XIX, como ainda descrever os modelos de intelectual e artista considerados por ele adequados ou não diante do processo de formação racial brasileira.
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