Introdução: Dermatoses vulvares crônicas são condições inflamatórias frequentes em queixas de dor vulvar, prurido e dispareunia. A psoríase é uma doença dermatológica crônica que se apresenta como placas eritematosas com escamas prateadas e que acomete até 5% da população feminina. A apresentação em região genital pode ocorrer isoladamente em 2–5% dessas pacientes e se apresentar clinicamente de maneira atípica, na forma de psoríase invertida. Contudo, nas pacientes com lesão ativa em vulva, até 65% apresentam sinais de psoríase em outra localização. Diagnósticos diferenciais relevantes incluem candidíase vulvovaginal, dermatite de contato e dermatite liquenoide. Relato de caso: Paciente de 25 anos, sem histórico de atividade sexual, portadora de albinismo, de psoríase pustuliforme e de gastroenteropatia autoimune tratados com corticoide sistêmico em dose imunossupressora, com histórico de múltiplos episódios de pneumonias e diversas internações hospitalares, somando-se investigação para imunodeficiência primária. No atendimento ginecológico, a queixa principal era de lesão avermelhada e pruriginosa em vulva, de evolução crônica, com períodos de exacerbação, associada a evidência de atividade de doença da psoríase em outras topografias do corpo. Durante exame ginecológico, observou-se vulva apresentando extensa placa eritematosa em toda a sua extensão, associada a sateliose, sugestiva de foliculite fúngica ou estafilocócica associada a doença crônica de base. A paciente referia piora do quadro associada ao uso de absorventes no período menstrual. Em face de imunocomprometimento e uso prolongado de corticosteroides, considerou-se terapia antifúngica e antibacteriana. Medidas voltadas para o estabelecimento de barreira cutânea durante o período menstrual também foram aplicadas, com prescrição de pomada com óxido de zinco e otimização da higiene íntima com sabonete bactericida. Conclusão: A psoríase vulvar é uma condição clínica que afeta a qualidade de vida das pacientes, sendo indispensável a realização do diagnóstico para o tratamento adequado. No entanto, a apresentação atípica não é rara quando ocorre acometimento da vulva e, por isso, ela pode ser um desafio diagnóstico para profissionais não especialistas, especialmente quando não há atividade da doença em outros locais do corpo. A infecção secundária por Candida albicans e Staphylococcus aureus é comum e precisa sempre ser avaliada e tratada, mesmo que empiricamente, quando métodos diagnósticos não estão disponíveis, já que essa condição tende a intensificar os sintomas da paciente e piorar sua qualidade de vida.
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