Objetiva-se com este trabalho sistematizar reflexões teórico-conceituais para uma abordagem da economia política brasileira no período histórico recente. Particularmente, reunir elementos que favoreçam a compreensão da dinâmica político-institucional do Estado brasileiro, em matéria de desenvolvimento econômico, política industrial e integração regional sul-americana no intervalo temporal 1990-2010. Metodologicamente, adota-se perspectiva de longo prazo e abordagem interdisciplinar, situada nos campos das Relações Internacionais e da Economia Política brasileiras. Através de fontes bibliográficas e documentais, emprega-se um marco de análise político-institucional centrado no Estado nacional, seus processos jurídico-legais e econômicos. Conclui-se que a provisão infraestrutural da América do Sul foi associada aos objetivos do desenvolvimento nacional no Brasil no intervalo temporal estudado, fato que revela divergências, mas também convergências econômicas e políticas estruturais no país, no âmbito das convenções de desenvolvimento neo-liberal (radical e reformista) e neodesenvolvimentista.
Neste trabalho, buscamos perceber o cenário da integração econômica da América do Sul através das formas de territorialização da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA) no contexto de instituição da Política de Desenvolvimento Territorial do Estado da Bahia, no Brasil. Adotando um enfoque espacial, ressaltando as contribuições da categoria território na análise de projetos e processos multiescalares – notadamente megaprojetos (ou megaempreendimentos) dirigidos à promoção do desenvolvimento local e/ou regional –, examinaremos o caso do Território de Identidade Litoral Sul e, nele, o projeto Complexo Porto Sul/FIOL. A conclusão é a de que o diagnóstico territorial de Estado na Bahia, por não tratar suficientemente a questão (da reforma) agrária no seu escopo, deixa escapar, potencializando, conflitividades e desigualdades constituintes deste mesmo território. Neste começo do século XXI, o padrão exportador de especialização produtiva é reafirmado e elevado aí a um novo patamar, como efeito da captura do Estado pela ideologia (novo) desenvolvimentista e a criação, a seu serviço, de novas infraestruturas, acirrando contradições e potencializando nesse contexto os conflitos pelo controle e regulação dos territórios, assim como pelos diversos usos deles feitos pelos povos e grupos sociais que lhes habitam.
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