RESUMO:O bilingüismo/multilingüismo como fenômeno social ainda é pouco reconhecido no cenário brasileiro, apesar de o tema ter conquistado espaço na academia. Em termos gerais, considera-se o Brasil um país monolíngüe, onde se fala apenas o português brasileiro. Há, no entanto, vários contextos de línguas minoritárias (grupos indígenas, grupos de imigrantes, zonas de fronteira, comunidades de surdos) em que o uso de várias línguas é a regra. Nesses contextos sociolingüisticamente complexos há relações assimétricas e de conflito entre a língua hegemônica e as línguas minoritárias, em geral estigmatizadas. O presente estudo, parte dos resultados de uma pesquisa etnográfica, focaliza o conflito lingüístico presente em uma escola rural localizada numa comunidade bilíngüe/multilíngüe em zona de imigração alemã no sul do país, onde, ainda hoje, as crianças aprendem em casa a língua de herança, empregada em âmbito familiar e social. Com suporte teórico predominantemente vindo do bilingüismo visto de uma perspectiva social e dos Estudos Culturais, o objetivo principal deste artigo é problematizar a situação de contato/ conflito lingüístico existente na região alvo da pesquisa e sua interface com questões de identidades construídas nos discursos hegemônicos. Além disso, discute-se como esses conflitos emergem nas relações interacionais entre os professores e entre alunos e professores, dentro da instituição escolar. Os registros sugerem que o bilingüismo da comunidade penetra na escola e que os conflitos lingüísticos e identitários ganham ainda mais força nas interações sociais entre os sujeitos que ali convivem. Palavras-chave: bilingüismo social; minorias lingüísticas; conflito lingüístico.ABSTRACT: Bilingualism/multilingualism as a social phenomenon is still little recognized in the Brazilian scenario, despite it has gotten space in the academy. Usually, Brazil is seen as a monolingual country, where the Brazilian Portuguese is the only language spoken. There are, however, contexts of minority languages (indigenous groups, groups of immigrant, border regions, deaf communities) in which the use of several languages is the rule. In these sociolinguistically complex contexts there are both asymmetric and conflicting relations between the hegemonic language and minority languages, usually stigmatized. This study develops itself from the results of an ethnographic research, focusing the language conflict that is present in a rural school located in a bilingual/multilingual community in a region of German immigration in the south of the country, where, even nowadays, children learn at home the inherited language, which 1 "Eu falo diferente, mas isso é alemão também".
Neste texto, pretende-se apresentar e discutir o cenário sociolinguisticamente complexo do Vale do Itajaí, SC, antiga zona de imigração alemã, e os desafios que se impõem para a educação considerando a pluralidade linguística e cultural da região. Os recortes dos dados aqui analisados foram gerados em um estudo de cunho etnográfico interpretativista (Erickson, 1984) mais abrangente, realizado em uma escola rural de Ensino Fundamental. Com apoio teórico vindo prioritariamente do campo de estudos do bilinguismo como fenômeno social, o objetivo do trabalho é (a) descrever e analisar o cenário sociolinguístico da pesquisa, caracterizado como complexo em função da coexistência de línguas hegemônicas e variedades locais, em geral estigmatizadas; (b) problematizar o uso das línguas no ambiente escolar e como são tratadas pelos atores sociais que interagem nesse espaço. Os registros da pesquisa sinalizam para o importante papel da língua de herança como símbolo da identidade étnico-linguística do grupo em estudo. Apontam ainda que as tensões e os conflitos linguísticos presentes na sociedade atingem a escola e os sujeitos que convivem nesse contexto. Os resultados também apontam para as implicações do bilinguismo social na formação de professores. Espera-se dar visibilidade ao grupo estudado, a fim de contribuir para o reconhecimento do direito das crianças bilíngues ao ensino formal da língua e da cultura do seu grupo étnico, como apregoa a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos (1996).
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo discutir dados parciais de uma pesquisa mais abrangente que buscou analisar a oferta de línguas adicionais na educação básica em um cenário marcado historicamente pela interculturalidade, a Microrregião de Blumenau, Santa Catarina. Estudos anteriores já apontaram a presença de línguas de imigração nessa região, o que justifica a necessidade de se traçar um perfil das línguas oferecidas no currículo escolar dos sistemas públicos de ensino. Os procedimentos metodológicos incluíram um levantamento de dados nos quinze municípios que compõem a referida região, por meio de um questionário. A partir desse levantamento foi possível conhecer a situação de cada município no tocante às línguas oferecidas nas escolas e as recentes políticas linguísticas locais. A análise dos registros indica o pouco investimento nas línguas de imigração ainda presentes na Microrregião, bem como a necessidade de se discutir o papel da escola diante do plurilinguismo na contemporaneidade.
Resumo: Pretende-se neste artigo discutir dados parciais de uma pesquisa de viés qualitativo-interpretativista a fim de abordar os conflitos linguísticos e identitários gerados por políticas de educação linguística adotadas durante a segunda campanha de nacionalização do ensino no Médio Vale do Itajaí, SC. Como instrumento de investigação, utilizou-se a entrevista narrativa com indivíduos teuto-brasileiros acima de 78 anos. As análises, apoiadas na Educação e na Linguística Aplicada, em diálogo com os Estudos Culturais, apontam para os movimentos de resistência do grupo teuto-brasileiro quanto à imposição de uma única língua e uma única cultura.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.